O interesse de uma mãe pela educação e as atividades de seus filhos é crucial para impedir que os adolescentes tenham relações sexuais precoces, segundo uma pesquisa da Universidade de Minnesota divulgada hoje, quarta-feira. O estudo, intitulado "Relatório Nacional sobre Saúde Adolescente", também diz que o simples fato de advertir aos jovens sobre os perigos do sexo precoce ou recomendar que não mantenham relações íntimas não impedirá que sejam sexualmente ativos.
Pesquisadores sociais da Universidade de Minnesota, que entrevistaram mais de 3.000 mães e seus filhos adolescentes, realizaram o estudo publicado na revista Journal of Adolescent Health.
Quando os rapazes percebem que suas mães se opõem às relações sexuais, é menos provável que entrem em atividade nesse campo de maneira precoce, segundo os resultados da pesquisa.
No entanto, quando as mães dizem a seus filhos que não querem que sejam sexualmente ativos e manifestam sua total desaprovação, 30 por cento das meninas e 45 por cento dos meninos discordam dos pais.
"Os pais falam até que ficam corados e os filhos não escutam", disse hoje o médico Robert Blum, professor do Centro para o Desenvolvimento da Saúde de Adolescentes da Universidade de Minnesota.
"Os rapazes prestam mais atenção aos valores e crenças dos pais sobre o sexo. As palavras não bastam para que entendam a mensagem", acrescentou.
Isto é mais claro nos rapazes para os quais o sentido de comunicação e afeto de sua mãe é de importância crucial.
Blum acrescentou que os pais devem também falar sobre outras coisas que são vitais na educação sexual dos rapazes.
Segundo Blum, além de que a estreita relação dos filhos -homens e mulheres- com sua mãe atrasa as primeiras incursões sexuais completas, o nível de educação dos pais também tem muita importância.
O estudo, considerado um dos mais completos sobre o comportamento e a saúde dos adolescentes dos EUA, foi financiado com fundos federais e analisou durante um ano as relações afetivas entre mães e filhos, em rapazes que não tinham tido ainda sua primeira experiência sexual.
No ano seguinte, 11 por cento dos rapazes e 16 por cento das meninas, de 14 a 15 anos, aceitaram que tinham tido relações sexuais.
"É necessário que intervenhamos mais e saibamos das vidas de nossos filhos", disse Blum.
Por outro lado, o estudo disse que o fato de que as mães sejam profundamente religiosas não incide nas atividades sexuais de seus filhos ou quando começam a tê-las.
Os pesquisadores também exploraram o impacto que tem a discussão sobre a planificação familiar com os rapazes sobre suas relações sexuais.
Quando as mães recomendaram uma forma específica de controle da natalidade, os filhos ficaram confusos em relação à preferência da mãe sobre relações sexuais precoces.
Blum disse que a pesquisa é "um pouco confusa" quando se refere a se a conversa sobre controle da natalidade incentiva os rapazes a ter relações sexuais ou não.
"De qualquer forma, falar sobre o tema não tem maior impacto na iniciação sexual dos rapazes", disse Blum.
"No entanto, a pesquisa demonstra que quando os pais falam sobre planificação familiar com seus filhos e estes já se iniciaram sexualmente, é muito mais provável que decidam usar anticoncepcionais", disse Blum.
Blum também destacou que a pesquisa, como outras anteriores, sugere que as mães têm menos influência na iniciação sexual de seus filhos que na de suas filhas.
Para os rapazes, há outras influências que são muitas vezes mais importantes que as da mãe, como a do pai, os irmãos, ou os amigos.