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Reposição hormonal não interfere em resultado de mamograma
Sexta, 13 de setembro de 2002, 11h34

Um novo estudo reduz a preocupação com a possibilidade de a terapia de reposição hormonal (TRH) dificultar a identificação de tumores de mama em mamogramas. A reposição hormonal despertou a atenção de muita gente com as novas evidências de que a TRH não oferece proteção cardiovascular às mulheres idosas como se imaginava. Um grande estudo norte-americano chamado Iniciativa de Saúde das Mulheres, ou Women's Health Initiative (WHI), foi suspenso recentemente por causa de evidências de que a TRH combinada de estrogênio e progestina pudesse aumentar o risco de enfarte, derrame e tumor de mama.

O risco individual das usuárias foi pequeno, mas o tratamento poderia provocar oito casos adicionais de câncer de mama em cada grupo de 10 mil mulheres que utilizassem a terapia por um ano, estimaram pesquisadores da WHI.

Outra preocupação é possibilidade de ocorrer adensamento do tecido mamário, fato que dificulta a identificação de pequenos tumores na mamografia e, por extensão, reduz a esperança de sobrevivência no longo prazo.

No estudo atual, os pesquisadores constataram que a TRH pareceu não atrapalhar o exame. Além disso, as mulheres que faziam a reposição hormonal no momento do diagnóstico sobreviveram tanto quanto ou até mais que as não-usuárias. Os resultados foram publicados na edição de setembro da revista Archives of Surgery.

Diversas pesquisas associaram o uso prolongado da TRH a um pequeno aumento no risco de câncer de mama. Vários trabalhos como esse sugeriram que os riscos da doença podem ser maiores, mas que as usuárias da TRH tenderam a desenvolver tumores menores e com crescimento mais lento que as não-usuárias.

Muitos pesquisadores atribuíram os resultados à realização de mamografias mais frequentes entre as usuárias da reposição hormonal. Os autores da nova pesquisa argumentaram, porém, que a terapia poderia gerar efeitos biológicos favoráveis sobre os tumores de mama.

A equipe de Rodney Pommier, da Universidade Oregon de Ciências e Saúde (OHSU), em Portland, revisou os casos de quase 300 pacientes com câncer de mama tratadas na instituição desde 1994. Metade fazia reposição no momento do diagnóstico e, em média, usaram a terapia por 16 anos.

Os pesquisadores verificaram que, entre usuárias da TRH, 84 receberam diagnóstico de câncer em mamografias, e 60 identificaram o tumor no exame de palpação após o surgimento de nódulos. Entre as mulheres que não faziam a reposição, os cientistas detectaram 63 casos de câncer por meio de mamogramas. Em 85 pacientes, os médicos não perceberam a doença antes que os nódulos fossem palpáveis, embora elas tivessem feito exames com a mesma frequência que as usuárias.

A taxa de sobrevivência também foi mais elevada entre as usuárias da TRH: 92% continuavam vivas seis anos após o diagnóstico. Entre as mulheres que não faziam a reposição, esse índice foi de 80%. Entre as pacientes com o câncer identificado pela mamografia, todas as usuárias da TRH estavam vivas seis anos após o diagnóstico, enquanto o mesmo ocorreu com 87% das não-usuárias.

Os pesquisadores constataram ainda que as usuárias tinham algumas coisas a seu favor: apresentavam tumores em estágio 1 (mais inicial), em geral, e menos casos de metástase para os nódulos linfáticos. Essas mulheres tinham, essencialmente, "tumores com melhor comportamento", disse SuEllen Toth-Fejel, da OHSU. Descobrir por que motivo isso ocorre é o objetivo de novas pesquisas.

"Se a TRH inibe o crescimento do tumor, temos de saber como," disse a especialista. Os autores do estudo reconhecem que, com base nos resultados da WHI e de outras pesquisas, a TRH pode provocar um pequeno aumento na incidência de câncer de mama. Mas a evidência também sugere que, quando surge o câncer de mama, as usuárias da TRH podem ser mais propensas a apresentar "tumores mais favoráveis", comentou Pommier.

Reuters Health

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