O uso prolongado da pílula anticoncepcional pode aumentar a fertilidade de uma mulher, e não reduzi-la como era pensado até então, segundo uma pesquisa publicada hoje, sexta-feira, pela revista especializada britânica Human Reproduction. Os investigadores das Universidades de Brunel e Bristol examinaram os casos de mais de 8 mil gestações planejadas e avaliaram que 74% das mulheres engravidaram em menos de seis meses desde que pararam de tomar pílulas; 14% demorou entre seis e 12 meses, e apenas 12% teve que esperar mais de um ano.
O estudo descobriu que entre as mulheres que tinham consumido a pílula por mais de cinco anos, a porcentagem das que ficaram grávidas em menos de seis meses subiu para 75,4%. Por outro lado, entre as mulheres que nunca tinham utilizado anticoncepcionais, o número caiu para 70,5%. E entre as mulheres que engravidaram em menos de um ano após deixar de tomar a pílula, 89,9% a consumiram durante cinco anos ou mais, comparado com 85,4% das que nunca usaram o medicamento.
Os resultados foram os mesmos tanto entre as mulheres que ficavam grávidas pela primeira vez como entre as que já tinham outros filhos. De acordo com a diretora da pesquisa, Alexandra Farrow, da Universidade de Brunel, "as mulheres que consumiram a pílula por um longo período não serão prejudicadas por isso. Parece que se a pílula for consumida durante uma longa temporada, ela dá ao corpo algum tipo de reserva que este utiliza quando não está sob influência do anticoncepcional".
Estudos prévios, que tinham denunciado que as mulheres que tinham utilizado a pílula demoravam mais para engravidar, não levaram em conta o tempo que as mulheres consumiram esse remédio, explicou Farrow. No entanto, a médica avalia que é necessária uma pesquisa mais ampla para confirmar as conclusões do estudo divulgado hoje.