As mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais por no mínimo cinco anos conseguem conceber um bebê com a mesma facilidade que as não-usuárias de contraceptivos, informa um novo estudo.A equipe de Alexandra Farrow, da Universidade Brunel, na Grã-Bretanha, verificou que as ex-usuárias foram menos propensas a apresentar demora em conceber um feto que as demais mulheres. Esse fato sugere que essa forma de contracepção possa até estimular a fertilidade feminina.
Independentemente da probabilidade de a pílula aumentar a fertilidade, no mínimo, as usuárias podem ficar tranquilas com relação à capacidade de engravidar, informou a equipe. "As mulheres que usaram contraceptivos orais de forma prolongada podem ficar confiantes pois não terão desvantagem em termos do tempo necessário para conceber", segundo os autores do estudo.
Esses resultados contradizem os de pesquisas anteriores, que mostravam que as usuárias de contraceptivos orais poderiam demorar mais para conceber, em comparação com as mulheres que não tomavam pílulas. Segundo a equipe de Farrow, os trabalhos anteriores acerca dos efeitos da pílula sobre a fertilidade não avaliaram o efeito do uso prolongado (três anos ou mais) do medicamento.
No estudo atual, publicado em edição recente da revista Human Reproduction, os autores avaliaram 8.497 casais que planejaram a gestação. Os pesquisadores entrevistaram as mães quando elas completaram 18 semanas de gravidez.
A pesquisa incluiu perguntas sobre o tempo necessário para o casal conceber e sobre o uso de pílula anticoncepcional. Todos os participantes viviam no sudoeste da Inglaterra.
A equipe constatou que 88 por cento dos casais conceberam em 12 meses a partir do início das tentativas e que a maioria conseguiu engravidar nos primeiros seis meses. Segundo os pesquisadores, essa taxa de concepção condiz com a observada na população em geral: 90 por cento dos casais sem problema de fertilidade conseguem uma gravidez em 12 meses após o início das tentativas.
Os autores do estudo também verificaram que as mulheres que usaram pílula por mais de cinco anos antes de tentar engravidar pareceram mais propensas a conceber em um ano, em comparação com quem nunca usou o medicamento ou o tomou por um tempo menor.
Embora o estudo não tenha avaliado o motivo pelo qual o consumo de contraceptivo oral possa estimular a fertilidade feminina, a equipe acredita que o uso prolongado possa aumentar o estoque de ferro.
O uso da pílula também pode interromper a progressão da endometriose, distúrbio no qual o tecido que reveste o útero cresce em outras áreas da cavidade abdominal, podendo causar problemas de fertilidade.