Um casal precisa acertar muitos ponteiros para levar adiante sua relação, inclusive os ponteiros do relógio. Explico. Imagine juntar numa mesma cama uma pessoa notívaga e outra matutina. Você chega de uma balada, enlouquecida, cheia de tesão, pensando em tudo, menos numa noite de sono. E seu companheiro, ao contrário, louquinho para largar o corpo na cama e cair em um sono profundo.
Os dois até tentam esquentar a noite, mas quando você está lá na maior empolgação, acordadíssima, nota que o corpo que está embaixo do seu permanece inerte, roncando baixinho, já embalado em uma noite quentinha de sono. Desespero total!
Depois de se revirar na cama durante alguns minutos, você sabe que não vai adiantar permanecer naquele lugar insólito para suas intenções. Sua noite precisará ser preenchida por outras atividades, a não ser, é claro, que você use a imaginação e alguns brinquedinhos. Até que o Deus dos Sonhos, Morpheus, leve-a para seu colo e você consiga cair no sono.
Daí chega a vez da segunda metade desse problema viver seu inferno. De manhã, ele acorda, aceso, empolgado, louco para colocar para fora o tesão armazenado na noite anterior e tenta te acordar, primeiro delicadamente, depois suas ações vão ficando mais enfáticas. Mas nada, nadinha, faz com que você consiga abrir os olhos e recuperar toda aquela energia da noite anterior. O pobrezinho fica lá tentando em vão. E acaba, como você, tendo que resolver o problema de modo alternativo.
Complicado, não é? Será que da próxima vez que você sair em busca de alguém, precisará descobrir, além de tantas outras coisas, se o relógio do seu pretendido combina com o seu? Engraçado isso. Será que esses problemas já existiam ou eles seriam um fenômeno moderno, desses tempos onde o tempo parece tão diferente?