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Acabam de ser divulgados em Montreal, no Canadá, estudos sobre o uso de Viagra por mulheres. Das 202 mulheres que utilizaram o medicamento durante três meses, numa pesquisa feita pela americana Laura Berman, a pedido da Pfizer (a fabricante do Viagra), 57,4% relataram uma melhora nas sensações de prazer na região genital. Ou seja, afirmaram ter se excitado mais. Além disso, 41,5% disseram ter experimentado uma maior satisfação na cama, após o uso do medicamento.

Como assim? Explico: o Viagra é um vasodilatador, quer dizer, um medicamento que favorece a circulação de sangue no pênis. E isso também se aplica à região vaginal, o que pode provocar, em algumas mulheres, uma sensação de prazer. Foi exatamente o que o estudo comprovou. Parte das mulheres tambem relatou ter tido uma maior lubrificação vaginal.

Entretanto, no mesmo estudo, 43,9% das mulheres que tomaram placebo (um espécie de comprimidinho de farinha, ou seja, sem o medicamento), também relataram as mesmas sensações de melhora na estimulação e 27,6% disseram ter uma maior satisfação sexual. Quer dizer, para esse grupo o efeito foi psicológico: elas acreditaram que teriam uma melhora. E tiveram!

A sexualidade feminina está muito mais relacionada a fatores emocionais e comportamentais. Medos, bloqueios, encucações, estresse, cansaço, preconceitos, vergonha ou inibição de tocar o próprio corpo e mais um monte de fatores podem atrapalhar o desejo, a excitação e o orgasmo feminino. O que a pílula pode fazer, em alguns casos, é dar uma ajudinha.

De qualquer forma, esse é um grande evento para a sexualidade feminina (e para a masculina também, né?). É um começo: o comprimidinho pode dar um pontapé inicial para o prazer - embora a parte psicológica continue sendo muuuuuito importante.

Mas... não adianta sair correndo para comprar um estoque de Viagras. Esses são estudos iniciais!!! A gente ainda precisa esperar um pouco para fazer uso do medicamento com a certeza de que estará tudo OK. Ainda mais porque o estudo foi feito em mulheres que fizeram histerectomia (retirada dos genitais internos) e em outras que já passaram da menopausa. Sabe o que isso significa? Nenhuma delas estava sujeita a engravidar!!! Traduzindo: o medicamento foi testado nesse grupo não por acaso, mas porque não pode ser consumido de jeito nenhum por mulheres grávidas (e, às vezes, a gente nem sabe que engravidou, não é?). Então, é preciso muita cautela nessa hora.

E, afinal, o que muda de imediato na nossa vida? Na prática, agora, nesse minuto, não muda nada. Porém, significa que a ciência está fazendo avanços positivos no que se refere à sexualidade feminina, até hoje muito pouco estudada. O fato de se interessarem por esse assunto já é um grande passo. Significa que, finalmente, novos tempos virão. E que, com certeza, trarão soluções cada vez melhores para que a gente tenha uma vida sexual com muuuuuuuuuito prazer!

Laura Müller

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