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OEA critica eleição e reduz missão no Peru

Sábado, 27 de maio de 2000, 02h26min
Desfeita a dúvida sobre a realização do segundo turno da eleição presidencial peruana neste domingo, a Missão de Observação Eleitoral da Organização de Estados Americanos (OEA) criticou nesta sexta-feira duramente a manutenção do calendário eleitoral e anunciou a redução de suas tarefas de observação. O tom condenatório da nota oficial foi uma reação à decisão da véspera do Jurado Nacional de Eleições (JNE), máxima instância eleitoral do país, que recusou por 3 votos a 2 o pedido de adiamento da votação impetrado pelo movimento oposicionista Peru Possível.

"Esta missão reduzirá seus trabalhos à preparação, in loco, do relatório final do processo eleitoral em curso, com a finalidade de remetê-lo ao secretário-geral da OEA (o colombiano César Gaviria)", assinalou a entidade em seu boletim nº 12. "A decisão obedece ao convencimento da OEA de que as características e circunstâncias do processo eleitoral, com um único contendor, não sustentam um procedimento de sufrágio que represente a autêntica vontade popular", acrescentou. "Na opinião desta missão, o exercício do segundo turno, convocado para este 28 de maio, não conseguiu superar as insuficiências, irregularidades, inconsistências e iniqüidades que a missão assinalou ao longo da observação."

Na madrugada da quarta-feira, a missão da OEA tinha reconhecido que a simulação de eleição realizada pelo Escritório Nacional de Processos Eleitorais (Onpe) tinha sido bem-sucedida, mas observou que necessitaria ainda de dez dias para concluir a auditoria no software escolhido para a apuração da votação. O chefe da equipe de observadores, o guatemalteco Eduardo Stein, deixou Lima ao meio-dia de sexta-feira (14 horas em Brasília), depois de ter-se reunido com 14 embaixadores de países da OEA, na sede da missão, em San Isidro. Entre eles estava o embaixador do Brasil, José Viegas Filho. Ao deixar o encontro, Viegas Filho declarou a jornalistas que a tradição da diplomacia brasileira é a de não se deixar levar por conjunturas eleitorais, destacando que as relações com o governo do candidato-presidente, Alberto Fujimori, continuam sendo as melhores possíveis.

Horas depois da divulgação da sentença do JNE, o candidato da oposição, Alejandro Toledo, reiterou, durante um comício na Praça San Martín, que não participará da votação de amanhã. Ele conclamou seus partidários a não comparecer às urnas ou a anular o voto.

"Lamento profundamente a decisão do presidente Fujimori de não dar aos peruanos a oportunidade de uma eleição limpa e justa", disse. "Vamos até o fim em nossa posição de não aceitar nenhuma data que não seja a de 18 de junho para que se desarme a armadilha da fraude. Nem um passo atrás. Nem 4 nem 11 de junho. Nada antes do dia 18 e, ainda assim, se tivermos a garantia de que participamos de um processo justo."

Horas antes do comício, manifestantes anti-Fujimori e a polícia entraram em confronto tanto na Praça San Martín quanto na Praça Mayor, na frente do palácio do governo. Os ativistas, que participavam de uma malsucedida greve geral nacional convocada pela Central Geral de Trabalhadores, atiraram paus, pedras, coquetéis Molotov e pequenas bombas de fabricação caseira contra o edifício do JNE e o palácio. Foram reprimidos pelos agentes de segurança com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água. Na sexta-feira, a situação parecia ter-se acalmado.

Os deputados brasileiros da Comissão de Relações Exteriores da Câmara Federal Milton Temer (PT-RJ) e Vicente Caropreso (PSDB-SC) chegaram nesta sexta-feira a Lima para acompanhar a eleição.

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O Estado de S.Paulo

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