Atualizado às 10h15
Um clima de incerteza predominava no Peru pouco antes do amanhecer desta segunda-feira, com a espera da chegada do avião que transporta o ex-assessor presidencial Vladimiro Montesinos, que partiu de Guaiaquil rumo a Lima. Informes da aeronáutica civil peruana davam conta de que o avião não teria autorização de aterrissar em aeroportos peruanos.Mesmo assim, emissoras de rádio da capital peruana afirmam que Montesinos já desembarcou na base aérea de Pisco, a 250 km de Lima. Segundo essas informações, o aparelho aterrissou por volta das 05h30 locais (08h30 no horário brasileiro de verão).
O ex-chefe de espionagem do Peru, que desencadeou a pior crise política do país em uma década, está voltando para casa depois de ter seu pedido de asilo negado pelo Panamá. Montesinos deixou a cidade de Guayaquil, no Equador, pouco depois de o governo peruano anunciar um plano de anistia para integrantes do governo e das Forças Armadas que tenham sido acusados de violar os direitos humanos, como condição para a realização de eleições antecipadas no país.
O plano e o retorno de Montesinos foram recebidos com ultraje pelos líderes da oposição peruana. Montesinos era o elo do presidente Alberto Fujimori com as poderosas Forças Armadas. Ele fugiu para o Panamá um mês atrás, após a divulgação de uma fita de vídeo que o mostrava aparentemente subornando um deputado oposicionista.
Quando estourou o escândalo de corrupção em torno de Montesinos, Fujimori disse que convocaria eleições antecipadas e deixaria o governo em julho próximo. Na tarde do domingo, quando Montesinos deixava o Panamá com destino ao Equador, o governo anunciou a proposta de anistia e deixou claro que as eleições antecipadas só aconteceriam se houvesse a concessão da anistia.
Desde seu exílio, Montesinos vinha pedindo anistia e críticos afirmam que o plano do governo é feito sob medida para o ex-chefe espião, que dirigiu o serviço de inteligência do Peru em meio a acusações de corrupção, torturas e de autorizar a ação de esquadrões da morte. "A presença de Montesinos seria tremendamente desestabilizadora para o processo de democratização", disse Jorge del Castillo, do partido oposicionista APRA.
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