25 de julho também é dia de "reforçar a autoestima e celebrar as contribuições das mulheres negras"
Segundo Kellen Vieira, do Afrolatinas, a data também dá visibilidade para as desigualdades enfrentadas pelas mulheres negras e indígenas
O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, é mais do que apenas uma data comemorativa, ela também é importante no fortalecimento de organizações voltadas às mulheres negras e indígenas.
Segundo Kellen Vieira, diretora no Instituto Afrolatinas - rede que realiza o Festival Latinidades -, a data visa dar visibilidade a pautas e assuntos necessários. "Ela se faz fundamental porque reconhece e valoriza as contribuições significativas das mulheres negras e indígenas nesse contexto diaspórico que vivemos", disse ao Terra NÓS.
"As organizações nesse contexto surgem com agendas mais duradouras e de ação social direta, por isso fortalecer organizações voltadas para essas mulheres é vital para promover a equidade, proporcionar visibilidade e apoio, além de criar redes de solidariedade e resistência que ajudem a combater as desigualdades históricas e estruturais."
As mulheres negras são a base da sociedade e estão presentes em papéis majoritariamente de cuidado do lar. "Seja sendo donas de casa, diaristas, babás, enfermeiras, professoras e merendeiras, ocupando diversos espaços cruciais para nossa sociedade", contou Kellen.
E apesar de serem a maioria da população brasileira, sendo mais de 60 milhões, equivalente a 28,5% do total, elas fazem parte do grupo menos beneficiado por avanços sociais no país. De acordo com os dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), apenas 10,7% do total da renda recebida pela oferta de trabalho no país é destinado às mulheres negras.
Essas desigualdades e desvantagens também são observadas no Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. "A data traz à tona essas questões, promovendo um diálogo mais profundo e respeitoso sobre as experiências dessas mulheres, ao mesmo tempo que celebra a contribuição dessa parcela da sociedade", afirmou a diretora.
"Ao destacar histórias e lutas das mulheres negras, o dia contribui para uma conscientização social mais ampla e impulsiona políticas públicas e ações afirmativas que buscam corrigir essas disparidades."
Tereza de Benguela
Além disso, o dia 25 de julho também é marcado como o Dia Nacional de Tereza de Benguela. Assim como ela, mulheres como Rita Marley, Sister Nancy, Alaíde Costa e Sandra Sá, homenageadas do Festival Latinidades, devem ser sempre lembradas.
"Tereza de Benguela, celebrada no dia 25 de julho, uma mulher que por anos foi esquecida da história branca, é um símbolo poderoso de resistência e liderança. Figuras como ela, bem como Rita Marley, Sister Nancy, Alaíde Costa e Sandra Sá, são essenciais para a nossa memória coletiva", disse Kellen ao Terra NÓS.
"Elas representam a força, a resiliência e a importância das mulheres negras na construção de nossas sociedades. Homenagear essas líderes e ícones culturais é uma forma de inspirar as gerações futuras, reforçar a identidade e a autoestima das mulheres negras e assegurar que suas contribuições não sejam esquecidas, mas sim celebradas e valorizadas em vida."