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40 expressões racistas para excluir do vocabulário

Cartilha feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta expressões racistas que podem ser substituídas por outros termos; confira

11 nov 2023 - 05h00
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Zumbi dos Palmares, líder do quilombo de Palmares, é símbolo da resistência negra
Zumbi dos Palmares, líder do quilombo de Palmares, é símbolo da resistência negra
Foto: iStock/MangoStar_Studio

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é um marco importante para refletir sobre a luta contra o racismo e a desigualdade racial no Brasil. Nesta data, é homenageada a memória de Zumbi dos Palmares, líder do quilombo de Palmares, símbolo da resistência negra e da luta por direitos da comunidade negra. A seguir, confira expressões racistas que ferem pessoas negras para tirar do seu vocabulário ou substituir por outros temos.

5 expressões racistas que talvez você use sem perceber 5 expressões racistas que talvez você use sem perceber

40 expressões racistas para evitar

1 - A coisa tá preta

"A coisa tá preta" é uma expressão que sintetiza uma série de frases racistas associando negativamente as pessoas negras a situações difíceis. Ela é usada para descrever problemas complexos ou situações ruins. É importante substituí-la por frases como "a situação está difícil" para evitar o uso de linguagem racista.

2 - Barriga suja

A expressão "barriga suja" é usada para se referir às mulheres que têm filhos de pele negra, muitas vezes quando são brancas. Essa expressão sugere que a barriga que gera filhos de cor escura é considerada impura ou problemática. Uma ideia misógina e racista, pois desvaloriza tanto as mulheres quanto às crianças negras. Portanto, essa expressão deve ser eliminada do vocabulário por causa de seu teor prejudicial.

3 - Boçal

A palavra "boçal" é usada para descrever alguém mal-educado ou grosseiro. Durante o período da escravidão, esse termo era usado para se referir a pessoas escravizadas que não falavam português. Dessa forma, o seu uso tem raízes preconceituosas e deve ser substituído por "ignorante" ou "grosseiro."

4 - Cabelo ruim

A expressão "cabelo ruim" é racista, pois menospreza as características dos cabelos das pessoas negras, associando-as a algo negativo. O uso de termos como "cabelo duro" ou "cabelo bombril"  também é uma forma evidente de racismo e deve ser evitada. Portanto, é mais adequado se referir a "cabelos crespos" ou "cabelos cacheados" com base em suas características.

5 - Chuta que é macumba

A expressão "chuta que é macumba" surgiu no século XIX em meio a perseguições a religiões afro-brasileiras. Ela incitava as pessoas a destruirem elementos associados a essas religiões, como oferendas rituais nas encruzilhadas. Essa expressão é carregada de preconceito religioso e racial, associando as religiões africanas a algo negativo. Ela pode ser substituída por "sai daqui" ou "para longe de mim".

6 - Cor de pele

A expressão "cor de pele" costuma se referir a tons de bege, indicando uma preferência por representar a pele branca como padrão. Isso é uma forma de racismo. Na realidade, não existe uma cor única para representar a diversidade da pele humana, que possui uma ampla variedade de tons. É importante chamar os tons de bege pelo nome correto, evitando associações inadequadas à pele das pessoas.

7 - Criado-mudo

A expressão "criado-mudo" é usada para descrever um tipo de móvel com gavetas frequentemente colocadas ao lado das camas. Estudos apontam que a expressão pode estar relacionada a pessoas negras escravizadas que desempenhavam funções domésticas. Elas eram encarregadas de segurar objetos para seus proprietários, agindo como um suporte silencioso e discreto, evitando perturbar o ambiente. Nesse contexto, a expressão teria conexão com essas pessoas escravizadas. No entanto, o entendimento de que o termo seja racista não é unânime. Aqueles que discordam afirmam que a palavra possui origem na língua inglesa. De todo modo, o termo pode ser substituído por "mesa de cabeceira".

8 - Crioulo

As palavras "crioula" e "crioulo" eram utilizadas de maneira pejorativa para descrever pessoas negras, especialmente durante o período escravagista. Esses termos eram usados para se referir aos descendentes de pessoas escravizadas. Carregado de preconceito, os termos devem ser evitados.

9 - Da cor do pecado

A expressão "Da cor do pecado" é amplamente usada no Brasil e muitas vezes é considerada um elogio à cor da pele. No entanto, essa expressão é problemática por várias razões. Primeiro, ela associa a cor da pele a algo negativo, já que faz referência ao pecado, que na cultura majoritariamente cristã do Brasil é considerado algo a ser evitado. Além disso, o pecado mencionado especificamente é a luxúria, relacionando as mulheres negras a uma hipersexualização injusta. A expressão também remonta a um período de abuso sexual por parte de homens brancos em relação a mulheres escravizadas, perpetuando estereótipos prejudiciais.

10 - Denegrir

De origem latina, a palavra "denegrir" significa "enegrecer", mas seu uso atual está associado a manchar ou sujar algo. Essa associação cria a ideia de que tornar algo negro é negativo e precisa ser evitado, reforçando o preconceito de ligar pessoas negras a coisas ruins. Além disso, quando algo é "denegrido", a expressão implica que precisa ser limpo ou corrigido, o que perpetua o viés racista. Portanto, é aconselhável abandonar o uso dessa palavra e optar por alternativas como "difamar" ou "caluniar".

11 - Dia de branco

A expressão "dia de branco" possui várias hipóteses de origem, como o uso de roupas claras para o calor ou referências a marinheiros, médicos e professores. No entanto, a explicação mais provável remete ao período escravocrata. Nesse contexto, pessoas negras e indígenas eram injustamente consideradas preguiçosas. A expressão designava um dia de trabalho árduo, enquanto o "dia de negro" seria o período de descanso e luxo. Em ambas as interpretações, a expressão é carregada de preconceitos, associando pessoas negras à preguiça e ao sofrimento.

12 - Disputar a negra

A expressão "disputar a negra" refere-se a uma partida final ou rodada de desempate em jogos. No entanto, sua origem é racista e misógina, remontando ao período escravagista em que homens brancos disputavam mulheres escravizadas como prêmio. Os feitores também competiam pelo direito de punir as mulheres atraentes para abusos sexuais. O uso dessa expressão deve ser evitado e, em seu lugar, pode-se usar termos mais apropriados, como "partida de desempate".

13 - Esclarecer

O termo "esclarecer" significa tornar algo claro, mas carrega uma conotação racista, sugerindo que a compreensão só ocorre na luz da "branquitude". Em vez disso, é mais apropriado usar palavras como "explicar" ou "elucidar".

14 - Escravo

As palavras "escrava" e "escravo" têm origem latina e seu uso pode sugerir que a pessoa nasceu sem liberdade, ignorando o fato de que pessoas africanas foram trazidas ao Brasil e forçadas a trabalharem. "Escravizado(a)" é a alternativa mais apropriada para descrever essa condição.

15 - Estampa étnica

A expressão "estampa étnica" é comumente usada para descrever padrões de tecidos não europeus, como africanos ou indígenas. No entanto, essa expressão cria uma diferenciação preconceituosa ao usar etnia para tudo que não seja europeu ou branco. É mais apropriado usar termos como "estampa africana" ou "estampa indígena" para indicar claramente a origem dos padrões.

16 - Feito nas coxas

A expressão "feito nas coxas" é usada para indicar algo feito de maneira apressada e descuidada. Embora sua origem não seja clara, algumas teorias a associam ao trabalho escravizado, o que perpetua uma ideia racista. Mas essa origem racista não é totalmente aceita e alguns estudiosos a contestam. Apesar disso, é aconselhável substituir essa expressão por termos como "feito de maneira apressada" ou "feito sem cuidado".

17 - Galinha de macumba

A expressão "galinha de macumba" é ofensiva. Ela compara pessoas negras a animais e associa práticas religiosas afro-brasileiras a coisas ruins. 

18 - Humor negro

A expressão "humor negro" associa elementos mórbidos ou ilícitos à pessoa negra, o que é preconceituoso. Pode ser substituída por "humor ácido" para evitar esse estereótipo.

19 - Inhaca

A expressão "inhaca" se origina de Moçambique e faz referência a uma ilha na baía de Maputo, além de ser usada para designar líderes moçambicanos. No Brasil, no entanto, essa palavra tem sido associada a odores corporais ruins, o que é um uso preconceituoso e racista. Substituir "inhaca" por termos como "mau cheiro" ou "odor ruim" é uma alternativa mais respeitosa e inclusiva.

20 - Inveja branca

A inveja é um pecado reconhecido no cristianismo, representando a cobiça pelos atributos de outra pessoa. No entanto, a expressão "inveja branca" tenta suavizar esse pecado, insinuando que é aceitável ou elogiável. O termo estimula uma ideia racista ao associar uma coisa ruim à pessoa negra. Substituir "inveja branca" por "inveja boa" é uma alternativa mais adequada.

21 - Lista negra

A expressão "lista negra" é usada para agrupar coisas ruins ou proibidas. Ala associa injustamente a pessoa negra a coisas socialmente inaceitáveis. Substituir por "lista suja" ou "lista proibida" é mais apropriado.

22 - Macumbeiro

As origens da palavra "macumba" não têm consenso. Ela pode ter raízes em diferentes línguas africanas, como na língua quimbundo, oriunda de Angola, ou do quicongo ou quimbundo makuba. O termo é frequentemente usado de forma pejorativa e deve ser substituído por expressões mais respeitosas, como "religião de matriz africana" ou "candomblé", quando apropriado.

23 - Magia negra

A expressão "magia negra" associa de forma pejorativa rituais e práticas religiosas a coisas ruins, reforçando preconceitos, além de associar, também, a palavra "negra" a coisas que devem ser evitadas. Pode ser substituída por "rituais proibidos" ou "práticas religiosas não aceitas" para evitar conotações discriminatórias.

24 - Meia-tigela / de meia-tigela

As expressões "meia-tigela" e "de meia-tigela" denotam algo de qualidade inferior, e suas origens estão ligadas a memórias da escravidão, em que a refeição dos escravizados era reduzia à meia-tijela se o trabalho deles fosse considerado "ineficiente". Para evitar possíveis conotações negativas, elas podem ser substituídas por palavras como "insatisfatório", "inadequado" ou "ruim".

25 - Mercado negro

A expressão "mercado negro" é comumente usada para se referir a atividades comerciais ilícitas, usando a palavra "negro" para ressaltar a ilegalidade. A expressão, que associa coisas ruins às pessoas negras, pode ser substituída pela expressão "mercado ilegal".

26 - Mulata

A expressão "mulata" é polêmica e associada a estereótipos raciais e sexuais. A sua origem ainda é muito debatida, alguns estudiosos afirmam que o termo é usado para se referir a uma pessoa mestiça filha de branca e negro, outros afirmam que é sinônimo de jumento, e ainda há aqueles que dizem que o termo tem origem na língua árabe, e que significa mestiço de árabe com não árabe. No entanto, uso atual dela carrega conotações negativas. Uma alternativa é usar as expressões "negra" e "negro".

27 - Mulata tipo exportação

A expressão é uma tentativa de elogio à beleza de uma mulher negra. A sua origem pode estar relacionada ao evento Brasil Export, de 1972, no Rio de Janeiro, no qual uma reportagem chamava uma mulher de "mulata tipo exportação". A expressão trata a mulher como um produto e reforça e sexualização de mulheres negras.

28 - Não sou tuas negas

A expressão "não sou tuas negas" é usada para demonstrar descontentamento com uma situação. A sua origem não é certa, mas estudiosos apontam que a expressão tem conotação racista e misógina, relacionada ao período escravagista. Ela desvaloriza as mulheres negras, tratando-as como objetos ou propriedades. É importante substituir essa expressão por outras que promovam respeito, como "me respeite".

29 - Nasceu com um pé na cozinha

A expressão "nasceu com um pé na cozinha" insinua que alguém tem ancestrais negros, mas é carregada de preconceito, sugerindo que o espaço de uma pessoa negra na casa se limitava à cozinha. Também remete à exploração de mulheres escravizadas na cozinha, sujeitas a assédio e violência. É aconselhável evitar essa expressão devido às suas conotações racistas e sexistas. 

30 - Nega maluca

A expressão "nega maluca" é usada para descrever um bolo de chocolate, mas seu uso é problemático, pois associa indevidamente a mulher negra a uma sobremesa e sugere falta de discernimento e inteligência. É mais apropriado simplesmente chamar o bolo pelo seu nome correto, "bolo de chocolate". 

31 - Negra com traços finos

A expressão "negra/negro com traços finos" é usada como um elogio para pessoas negras, mas ela carrega uma conotação racista, já que associa a negritude a traços considerados feios. Isso limita a ideia de beleza negra. O uso dessa expressão deve ser abandonado, sem necessidade de substituí-la por sinônimos.

32 - Negra de beleza exótica

A expressão "negra/negro de beleza exótica" é usada como um elogio à aparência de pessoas negras, mas ela traz uma conotação problemática, pois "exótico" sugere algo não comum, que foge dos padrões eurocêntricos. A beleza negra não é exótica, e é mais apropriado elogiar a beleza negra sem usar esse termo.

33 - Negro de alma branca

A expressão "negra/negro de alma branca" reflete a ideia de que uma pessoa negra deve se tornar mais parecida com pessoas brancas para ser valorizada, o que é preconceituoso. Essa expressão deve ser eliminada, pois não tem substituição adequada.

34 - Ovelha negra

A expressão "ovelha negra" é usada para descrever alguém que se comporta de maneira não convencional. No entanto, sua origem tem conotações racistas ao associar pessoas negras a coisas ruins. Portanto, essa expressão deve ser evitada.

35 - Preto de alma branca

A expressão "preto de alma branca" é usada para se referir a uma pessoa negra de bom caráter. No entanto, essa expressão é preconceituosa, pois sugere que a bondade e dignidade são características naturais apenas de pessoas brancas, e as pessoas negras precisam imitar as brancas para possuí-las. Portanto, essa expressão deve ser abandonada.

36 - Quando não está preso está armado

A expressão "quando não está preso está amarrado" associa cabelos crespos à criminalidade, promovendo estereótipos negativos e reforçando a ideia de que cabelos lisos são mais aceitáveis. Outra expressão para retirar do vocabulário.

37 - Samba do crioulo doido

A expressão "samba do crioulo doido" é usada para descrever confusão ou desorganização. Ela associa negativamente a ideia de bagunça à pessoa negra. Deve ser substituída por palavras como "confusão", "desordem" ou "bagunça".

38 - Serviço de preto

A expressão "serviço de preto" tem conotações racistas. Ela significa trabalho de má qualidade, implicando que apenas pessoas brancas sabem fazer um trabalho bem feito, além de associar trabalho braçal a pessoas negras. Essa expressão é racista e deve ser evitada, pois subestima a capacidade das pessoas negras.

39 - Teta de nega

O termo "teta de nega" é ofensivo, pois compara um doce de chocolate ao seio de mulher negra, reforçando estereótipos raciais e sexuais. A expressão "Nhá Benta", como o doce também é conhecido, é uma alternativa mais respeitosa, fazendo referência aos dotes culinários da personagem Dona Benta, de Monteiro Lobato.

40 - Volta pro mar, oferenda

A expressão "volta pro mar, oferenda" é ofensiva, associando coisas indesejáveis a oferendas religiosas, desrespeitando as religiões de matriz africana. 

Entenda a diferença entre racismo e injúria racial:
Fonte: Redação Nós
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