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A verdadeira história de Tim Ballard, o herói de "Som da Liberdade"

Tim Ballard, fundador e ex-CEO da OUR, está sendo acusado de assédio sexual. Mas não é a primeira vez que ele está no centro da polêmica

10 out 2023 - 05h00
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Tim Ballard, inspiração de "O Som da Liberdade": recentemente denunciado por má conduta sexual, ele já havia sido exposto em 2020 por "exagerar" suas histórias de resgate; uma das vítimas que ele diz ter libertado alegou em tribunal ter fugido sozinha
Tim Ballard, inspiração de "O Som da Liberdade": recentemente denunciado por má conduta sexual, ele já havia sido exposto em 2020 por "exagerar" suas histórias de resgate; uma das vítimas que ele diz ter libertado alegou em tribunal ter fugido sozinha
Foto: Gage Skidmore/Wikicommons

Tim Ballard, o ex-agente da CIA que fundou uma organização de combate ao tráfico sexual de pessoas e é a inspiração do personagem central do polêmico filme "Som da Liberdade", foi recentemente acusado  de assédio sexual. As vítimas são mulheres que trabalharam na Operation Underground Railroad (OUR), a ONG fundada por Ballard em 2003, e decidiram não expor suas identidades por medo de retaliações. Mas esta não é a primeira vez que Ballard se envolve em histórias mal explicadas.

No dia 18 de setembro, uma reportagem da Vice revelou que Tim Ballard coagia suas funcionárias a atuarem como sua esposa em viagens ao exterior, destinadas a resgatar vítimas de tráfico sexual, segundo as declarações de sete mulheres entrevistadas. Ele também pedia para que elas dormissem e tomassem banho com ele. O objetivo, segundo Ballard, era "enganar" os traficantes.

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Uma das denunciantes ainda disse que ele teria enviado uma foto com roupa íntima para ela, questionando "até onde ela estava disposta a ir" para salvar as crianças.

No entanto, o número total de mulheres envolvidas pode ser superior a sete, de acordo com o site Vice, pois se refere apenas às funcionárias, excluindo terceirizados e voluntários. Ballard também teria feito avanços sexuais para uma voluntária, usando os mesmos métodos citados anteriormente, segundo uma fonte ouvida pela Vice.

Carta

As acusações começaram a circular em junho, quando uma carta denunciando os casos de assédio sexual na organização foi divulgada na comunidade filantrópica. Um tempo depois, a OUR divulgou que Ballard renunciou ao seu cargo e que "está permanentemente afastado da organização".

Jim Caviezel como Tim Ballard em cena de "O Som da Liberdade"
Jim Caviezel como Tim Ballard em cena de "O Som da Liberdade"
Foto: Divulgação

"Há várias semanas, uma pessoa que trabalha na OUR e acompanhou Tim em uma operação secreta apresentou uma queixa de assédio sexual contra ele no departamento de RH da OUR. Isso resultou em uma extensa investigação interna sobre Tim e suas táticas operacionais individuais e levou mais mulheres a se manifestarem como parte do processo de investigação", diz a carta enviada a doadores para causas antitráfico. 

"Em última análise, foi revelado, por meio de relatos perturbadoramente específicos e paralelos, que Tim tem aliciando e manipulado extensivamente várias mulheres nos últimos anos com a intenção final de coagi-las a participar de atos sexuais com ele, sob a premissa de ir onde for preciso e fazer 'o que for preciso' para salvar uma criança", diz a carta.

Comunicado

Em setembro, Ballard enviou um comunicado à revista People sobre as acusações. Ele negou as alegações e afirmou serem "invenções infundadas". "Tal como acontece com todos os ataques ao meu caráter e integridade ao longo de muitos anos, as últimas alegações sexuais promovidas pelos tabloides são falsas. São invenções infundadas destinadas a destruir a mim e ao movimento que construímos para acabar com o tráfico e a exploração de crianças vulneráveis", comunicou.

De acordo com a declaração da advogada Suzette Rasmussen, publicada no dia 28 de setembro, as mulheres alegaram terem sofrido "assédio sexual, manipulação espiritual, aliciamento e má conduta sexual" na época em que trabalhavam na OUR.

Caso antitráfico e falta de provas

No entanto, não é de hoje que Tim Ballard está envolvido em situações mal explicadas. Segundo uma reportagem da Vice de 2020, as alegações da OUR sobre o trabalho de Tim são "exageradas" ou carecem de provas claras. Antigos voluntários da organização disseram que Ballard poderia estar "criando demanda" para vítimas de tráfico, indo em "missões" no exterior que, segundo fontes, não passavam de visitar bares e clubes sexuais perguntando por garotas menores de idade. 

Tim Ballard: ONG foi fundada em 2013, mas ele ganhou mais atenção depois de ser nomeado por Donald Trump para um comitê no governo em 2017
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Foto: Gage Skidmore

Tim Ballard também disse diversas vezes que a OUR foi crucial em um grande caso antitráfico em Nova York, e que a organização teria sido responsável direta pelo resgate de uma vítima, o que foi desmentido pelo veículo. A Vice revisou transcrições judiciais e outros documentos que confirmam que a vítima escapou sozinha do traficante. 

Segundo ex-funcionários, a organização de Ballard já não vinha fazendo muito no resgate de mulheres e crianças exploradas sexualmente, e que eles veem isso como uma tática de marketing.

"Todo mundo internamente sabe que [a organização] não resgata mais ninguém. Mas o público acha que a OUR está resgatando ativamente crianças. E isso não é verdade", disseram funcionários que trabalhavam com Tim à época.

Tim fundou a OUR em 2013 e dizia que sua ONG teria sido responsável direta pelo resgate de "milhares de vítimas". Em 2017, ele foi convidado pelo então presidente dos EUA Donald Trump para integrar um comitê de combate antitráfico. Mas antes disso, já em 2016, ele recebeu uma série de críticas pela exploração midiática que fazia dos seus casos, sem se preocupar com a preservação de privacidade das vítimas.

Assédio sexual

No Brasil, o crime de assédio sexual é previsto no artigo 216-A do Código Penal. Ele é definido como "constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função". A pena é de um a dois anos de prisão.

Em caso de violência contra a mulher, denuncie

Violência contra a mulher é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de agressão contra mulheres, denuncie. Você pode fazer isso por telefone (ligando 190 ou 180).Também pode procurar uma delegacia, normal ou especializada.

Saiba mais sobre como denunciar aqui.

Fonte: Redação Nós
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