“Achava que estava sendo abusada porque eu merecia”, diz Léo Àquilla
Ativista política revela momentos difíceis da sua trajetória e afirma ter sofrido diversos abusos sexuais
Jornalista, influenciadora e ativista política das causas LGBTQIA+, Léo Àquilla abordou assuntos delicados da sua trajetória de vida, preconceitos que sofreu na infância e deu detalhes pessoais da sua juventude no podcast “Pra Tu Se Ver”. Ela contou que já sofreu abuso sexual e achava que merecia a violência por ser uma mulher trans.
“Não é que eu achava que eu ia dar se eu quisesse, era que eu seria obrigada, tanto é que sofri vários abusos sexuais e achava normal, achava que estava sendo abusada porque eu merecia, porque tinha nascido daquele jeito. Deus não me amava, então tinha que aguentar calada. Eu fui abusada sexualmente por vários anos”, disse ao podcast.
Àquilla conta que era uma criança afeminada e por esse motivo sofria muito bullying das crianças e preconceito dos adultos. “Era a minha natureza gritando pelos poros, porque a gente nasce assim, então não tinha como disfarçar aquilo. Quer dizer, fora toda violência que eu tinha que presenciar, ainda tinha que aguentar os abusos da própria família, do pessoal da rua, do bairro, é difícil. Fui uma criança muito sofrida, não gosto de vitimismo porque sempre fui morte, mas é minha história nua e crua. Não adianta querer romantizar uma infância que eu não tive".
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A artista relembrou a infância no Capão Redondo, bairro da Zona Sul de São Paulo, e, de acordo com Léo Áquilla, o ambiente era muito violento. "Estava inserida naquele contexto e para mim era normal [contar corpos de mortos nas calçadas] porque não conhecia outra realidade, até que um dia um desses corpos era o do meu irmão. Nesse mesmo bairro eu fui apedrejada e tive que sair para não ser a próxima vítima (...) Saí do bairro muito revoltada e a última frase que eu falei foi 'guardem este nome porque vocês ainda vão ouvir falar de mim'", afirmou.
Léo Àquilla
Atualmente aos 53 anos, Léo Àquilla é uma ativista política das causas LGBTQIA+ e foi a primeira mulher trans a assumir a Coordenação Municipal de Diversidade em São Paulo, onde atua como coordenadora. “Quero que me vejam como mãe das gays, das lésbicas, das pessoas trans. Como pessoa que trabalha para amenizar a dor daqueles que passam ou ainda vão passar pelo o que já passei. Eu tive força para resistir, mas muitos não têm”, disse Léo em entrevista ao Terra NÓS.
A artista ficou conhecida nacionalmente por sua passagem em programas como “A Fazenda”, “A Tarde é Sua” e por suas perfomancers como Drag Queen. Àquilla é mãe de dois filhos e tem uma neta.
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