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'Afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor', diz Lula para jovem negra; veja vídeo

Lula disse que não sabia se mulher negra era 'cantora' ou 'namorada de alguém'. Jovem foi nomeada melhor aprendiz da Volkswagen e irá representar o Brasil na Alemanha; Planalto foi procurado, mas ainda não se manifestou

3 fev 2024 - 08h57
(atualizado em 5/2/2024 às 14h41)
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Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 2, que "afrodescendente gosta de um batuque de um tambor". A declaração foi feita durante uma cerimônia na fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, em São Paulo.

No momento da fala, o presidente discursava sobre novos investimentos em educação e qualificação para a população jovem. Para exemplificar o tema, chamou ao seu lado uma jovem negra que acompanhava a solenidade do palco. Lula disse que, ao avistá-la, não soube se a jovem era "cantora", "namorada de alguém" ou mesmo "percussionista", pois, segundo ele, "afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor". O Estadão buscou contato com a Secretaria de Comunicação Social, com o Palácio do Planalto e com o Ministério da Igualdade Racial para repercutir a declaração, mas não obteve retorno até a publicação do texto. O espaço segue à disposição.

Luiza Eduarda Leôncio, de 20 anos, não é cantora, nem estava na cerimônia por ser "namorada de alguém". Ela é operadora especialista da Volkswagen e foi contemplada com o prêmio Apprentice Award 2023, uma honraria conferida ao melhor aprendiz da empresa.

A jovem estuda Engenharia de Instrumentação, Automação e Robótica na Universidade Federal do ABC (UFABC). Com o prêmio, Luiza foi contemplada com um intercâmbio cultural para a Alemanha e será a representante do Brasil em uma conferência da Volkswagen a ser realizada na cidade de Wolfsburg.

Após um interlúdio em que discursou sobre a nova bolsa para a permanência no ensino médio, Lula voltou a falar sobre a jovem e disse que, ao vê-la, questionou-se se ela queria namorar com ele. "Ela não quer, porque tem coisa melhor no mercado", disse o presidente. "E ela não quer porque eu já tenho a Janja também", acrescentou.

Em julho de 2023, Lula visitou Cabo Verde e, ao lado do presidente do País, expressou "profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão" no Brasil. A declaração levou a um reforço na equipe que elabora os discursos do presidente e mobilizou o Ministério da Igualdade Racial, pasta comandada por Silvio Almeida, uma das maiores autoridades em estudos sobre racismo no País.

Almeida saiu em defesa do presidente. De acordo com o ministro, Lula quis afirmar que o Brasil tem uma dívida com a África. "O que o presidente Lula disse foi: 'o Brasil tem uma dívida com África e ela tem que ser paga'. E por isso, o presidente tem insistido - e já falei com ele sobre isso - é que a agenda de direitos humanos com África envolve o chamado direito ao desenvolvimento", argumentou o ministro à Coluna do Estadão.

Estadão
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