Agressor de procuradora foi ouvido e liberado pela Polícia Civil
Demétrius Oliveira Macedo será investigado em liberdade. Ouvidor das Polícias pediu prisão preventiva ao delegado-geral da Polícia Civil
O procurador Demétrius Oliveira Macedo, de 34 anos, que espancou a procuradora-geral de Registro (SP) Gabriela Samadello Monteiro de Barros, de 39, foi ouvido e liberado pela Polícia Civil, apesar de vídeos que mostram as agressões à colega. Ele já foi afastado de suas funções na Prefeitura da cidade.
Segundo apurado junto à Polícia Civil, Demétrius Macedo não ficou detido pois o delegado responsável pelo caso, Fernando Carvalho Gregório, do 1º Distrito Policial de Registro, entendeu que não houve flagrante. Em seu depoimento, o procurador assumiu as agressões e disse que sofria assédio moral por parte de Gabriela Monteiro de Barros, sua chefe na prefeitura.
O Ouvidor das Polícias de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, discorda da decisão de soltura do procurador. Em nota, ele diz que requisitou, junto ao delegado-geral de polícia, Osvaldo Nico Gonçalves, a prisão temporária do autor das agressões à procuradora-geral.
Elizeu Lopes entende que, diante das notícias e imagens amplamente divulgadas, a prisão temporária de Demétrius seria necessaria a fim de salvaguardar o direito da vítima.
Processo disciplinar contra o agressor
Demétrius Macedo, foi filmado dando socos, chutes e xingando a vítima, sua chefe no departamento. Gabriela Monteiro de Barros relatou à polícia que, recentemente, solicitou à Secretaria de Administração a abertura de processo disciplinar contra o colega de trabalho, devido ao comportamento ríspido que ele estava tendo com outros funcionários da equipe.
Na data da agressão, havia saído no Diário Oficial a informação de que havia sido formada uma comissão para apurar os fatos, motivo pelo qual ela acredita que foi agredida. Para a procuradora-geral, ele não se conformou pelo fato de ela, sendo mulher, ter tomado providências sobre as atitudes dele.
Nesta terça, 21, ele foi afastado do cargo por 30 dias e teve o salário cortado, conforme consta no Diário Oficial do Município. Um processo administrativo aberto contra ele deve resultar em sua exoneração.
Conforme informado pela prefeitura, essa suspensão faz parte dos trâmites legais necessários, dentro do processo administrativo já instaurado. O Terra tentou contato com o procurador por meio do celular dele, mas não obteve nenhuma resposta até a última atualização desta reportagem.
Prefeitura de Registro
Em nota enviada ao Terra, a Prefeitura de Registro afirma repudiar o ocorrido e destaca que tomou todas as providências necessárias, incluindo a determinação de imediato que o agressor seja suspenso. Confira o posicionamento na íntegra.
"A Prefeitura de Registro manifesta o mais absoluto e profundo repudio aos brutais atos de violência realizados pelo Procurador Municipal contra a servidora municipal mulher que exerce a função de Procuradora Geral do Município, fatos ocorridos na última segunda-feira (20/6).
Que a vítima e sua família recebam toda nossa solidariedade, apoio e cada palavra de conforto e acolhimento.
A administração municipal está tomando as providências necessárias e já determinou de imediato que o agressor seja suspenso, nos termos do art. 179, c/c inc. III do art. 180, ambos da Lei Complementar nº 034/2008 – Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Registro, com prejuízo de seus vencimentos, a partir de 21 de junho.
Reafirmamos nosso compromisso com a prevenção e enfrentamento a todas as formas de violência, principalmente aquelas que vitimizam mulheres.
Os servidores da Procuradoria Geral Municipal e da Secretaria de Negócios Jurídicos receberão todo apoio necessário, inclusive acompanhamento psicológico.
Por fim, aos demais servidores desta municipalidade recebam nosso amparo e saibam que a prática de violência é veementemente repudiada e será severamente punida pela Administração Municipal".