Agressor ria e humilhava namorada que se jogou do 5º andar para fugir de violência
Vítima relatou que estava grávida e que foi agredida ao pedir para ir ao hospital devido a um sangramento
Igor Costa Campos, de 39 anos, preso por lesão corporal contra a namorada grávida, que se jogou do quinto andar de um prédio em Salvador, ria e humilhava a vítima enquanto batia nela. A informação foi dada pela vítima à polícia e confirmada por ela em uma entrevista ao programa Encontro, da TV Globo, nesta quinta-feira, 13.
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Hilda Francine, de 27 anos, relatou durante a entrevista que Campos começou as agressões depois que ela teve um sangramento, no domingo, 9, enquanto estava grávida, e pediu que ele a levasse para o hospital, temendo perder o bebê. O homem passou a socar, chutar, dar pontapés, “voadoras” e mordidas na mulher, a derrubou no chão e arrastou pelos cabelos.
“Mangava de mim o tempo todo, ria de mim, me humilhando, me xingando, me chamando só de coisas ruins”, relatou. Ela conta que pediu para ir embora, mas ele não permitiu. “Ele dizia: ‘Você já está morta. Entenda que você já está morta’.”
O Tribunal de Justiça da Bahia confirmou ao Terra que converteu a prisão de Campos em flagrante para prisão preventiva. A defesa dele nega as acusações de agressão.
“Como lá é um quarto e sala, no momento em que ele foi para a sala, eu tranquei a porta do quarto e peguei o celular para tentar ligar. Foi a hora que eu vi que ele estava tentando abrir a porta porque ele tinha a chave, e eu vi que minha única opção era aquela janela. Eu não vi se era quinto andar, se era alto, se era nada, eu só queria me salvar”, contou a vítima.
Segundo ela, Campos teria usado drogas antes do episódio. “Eu vivia em cárcere privado, ele olhava minhas conversas, eu nunca saía sem ele de casa. Ele mudou meu chip de Maceió para cá (Salvador)”, relatou.
“Em nenhum momento ele disse que queria terminar comigo, só dizia que iria me matar. Que quanto mais eu sofresse… Ele estava me batendo no sábado para domingo, eu não estava nem conseguindo falar mais. Ele batia a testa dele contra a minha, ele pegava o meu cabelo, fazia um nó e me jogava de um lado para o outro. Eu tentava arrumar minha mala, e ele jogava minhas coisas, estava muito descontrolado. Me deu um banho de cerveja, sentou em cima da minha barriga, me dava socos no estômago. Eu só clamava por Deus”.
A defesa de Campos afirma que ele não agrediu Hilda e que “tentou conter” a mulher, quando ela se trancou no quarto e se jogou da janela.
Inquérito
A reportagem do Terra teve acesso à decisão da Justiça. Segundo o documento, Campos teria agido motivado por ciúmes e alegou que a vítima teria ficado com conhecidos dele. Segundo ela, nada disso aconteceu.
Grávida, Hilda viajou para Maceió, sua cidade natal, e fez uma ligação de vídeo para Campos Na chamada, ele apareceu ao lado de dois homens e duas mulheres, o que teria deixado Hilda nervosa por acreditar que estava sendo traída. Por isso, ela retornou a Salvador e teve alguns sangramentos enquanto viajava de ônibus. Os dois discutiram, mas não houve agressões.
A vítima e Campos saíram no domingo, 9, e ao retornarem, Hilda foi dormir, enquanto Igor ficou acordado, questionando se ela havia ficado com algum conhecido dele, e partiu para as agressões. O homem estava sob efeito de cocaína, maconha e álcool, segundo a vítima informou às autoridades.
Hilda pediu uma medida protetiva contra o agressor e alegou que ele possui uma arma de fogo, que já usou para ameaçá-la.
O que diz a defesa
O advogado de Campos, Carlos Magnavita, disse ao Terra que aguarda os desdobramentos do caso. Segundo a defesa, ele alegou que “tentou evitar a todo tempo que ela se jogasse da janela”.
“Eles tiveram um desentendimento antes da senhora Francine se trancar no quarto, e ele tentou se defender, evitar o agravamento da situação, só que não conseguiu impedir que ela se trancasse e se jogasse da janela”, segundo o advogado.
Sobre a conversão da prisão de Campos, o advogado diz: “O posicionamento da magistrada foi no sentido de que estão presentes os requisitos, por isso ela converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva, em que pese a defesa pode ter sustentado que os requisitos não estão demonstrados e não há indícios de autoria e materialidade delitiva. Agora é trabalhar, aguardar os desdobramentos e ver como é que as coisas vão ocorrer”.
A defesa diz ainda que está tentando entender melhor a situação e coletar elementos para o esclarecimento. “A gravidez não restou comprovada, nem que estava grávida e nem que perdeu. Até então, não tem nenhum indicativo disso, é uma situação que precisa ser esclarecida também”, completou o advogado.
Em caso de violência contra a mulher, denuncie!
Violência contra a mulher é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de agressão contra mulheres, denuncie. Você pode fazer isso por telefone (ligando 190 ou 180). Também pode procurar uma delegacia, normal ou especializada.