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Agudás: a história dos escravizados que conquistaram a liberdade no Brasil, mas não ficaram no país

Eles retornaram ao continente africano com uma forte conexão com o Brasil; entenda essa história

14 nov 2024 - 04h59
(atualizado às 11h16)
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Resumo
Os agudás foram africanos libertos que retornaram à África com forte conexão com o Brasil, influenciando tradições na região da África Ocidental.
O legado cultural dos agudás persiste até hoje na África Ocidental, onde influenciaram festas religiosas e tradições
O legado cultural dos agudás persiste até hoje na África Ocidental, onde influenciaram festas religiosas e tradições
Foto: Imagem de Freepik

Os agudás são um grupo histórico e cultural de africanos que retornaram ao continente africano após conquistarem a liberdade no Brasil, onde haviam sido escravizados a partir do final do século XVIII e ao longo do século XIX. O termo "agudá" é usado para se referir aos africanos libertos que voltaram para a África, mas que carregavam consigo uma forte conexão com o Brasil, seja pela língua, pelas práticas religiosas ou pela memória da experiência vivida por aqui.

Ao retornarem à África, esses ex-escravizados formaram comunidades na região da África Ocidental, especialmente na antiga Costa dos Escravos, hoje parte de países como o Benim, Nigéria e Togo.

O movimento de retorno começou com a intensificação do comércio entre o Brasil e a África, não apenas pelo tráfico de escravizados, mas também pelo movimento de mercadorias e pessoas. Muitos libertos aproveitaram essas conexões para retornar ao continente africano, onde reconquistaram suas vidas, mas com uma nova identidade marcada pela experiência brasileira.

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A chegada à África os colocou entre dois mundos: não eram mais vistos como nativos africanos e estavam distantes de suas origens perdidas na escravidão. Esses ex-escravizados, também conhecidos como “brasileiros”, mantiveram suas práticas culturais, religiosas e linguísticas.

A partir da década de 1830, o número de retornos aumentou, impulsionados por eventos como a repressão de negros libertos no Brasil, incluindo a Revolta dos Malês em 1835. A partir de 1850, com o fim do tráfico de escravizados, esses movimentos de volta se tornaram mais organizados, com contratos para viagens de navio.

Nos portos de Ajudá (Benim) e na Costa da Mina (atual Gana), os agudás se destacaram como mercadores e intermediários, participando de um comércio legítimo de produtos como ouro, marfim e tecidos, substituindo o tráfico de escravizados.

O legado cultural dos agudás persiste até hoje na África Ocidental, onde influenciaram festas religiosas e tradições. Em Porto Novo, no Benim, o desfile de agudás durante as festividades do Senhor do Bonfim continua como uma expressão de sua identidade, fundindo heranças africanas e brasileiras.

Fonte: Redação Nós
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