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Amor idealizado: os efeitos violentos das crenças românticas na vida das mulheres

O que pode parecer gestos inocentes de cuidado, podem ser formas de manipulação e chantagem emocional; entenda

6 dez 2024 - 05h00
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Resumo
As crenças românticas idealizadas podem levar a ciclos de violência física e emocional, mascarando comportamentos possessivos, controladores e abusivos.
A crença de que o ciúme é um sinal de amor intenso pode mascarar comportamentos possessivos e controladores
A crença de que o ciúme é um sinal de amor intenso pode mascarar comportamentos possessivos e controladores
Foto: Imagem de wayhomestudio no Freepik

As crenças românticas, muitas vezes idealizadas pela cultura popular, podem ter efeitos devastadores na vida das mulheres, especialmente quando associadas a comportamentos abusivos. A concepção de que o amor verdadeiro é aquele que demonstra ciúme ou que controla os passos da companheira para se certificar que nada de ruim aconteça com ela pode transformar relacionamentos em ciclos de violência física e emocional, ocultados sob a justificativa de "prova de amor".

O que, a princípio, pode parecer gestos inocentes de cuidado, podem ser formas de manipulação, chantagem emocional e, eventualmente, outros abusos. A seguir, veja os efeitos violentos das crenças românticas na vida das mulheres:

"Ele tem ciúmes porque me ama"

A crença de que o ciúme é um sinal de amor intenso pode mascarar comportamentos possessivos e controladores. Muitas mulheres aceitam o ciúme excessivo como proteção à relação, mas isso frequentemente leva a um ciclo de desconfiança, vigilância e até violência emocional e física.

O parceiro pode justificar suas atitudes abusivas, como perseguições e agressões, como demonstrações de afeto, criando um ambiente tóxico. 

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"Ele quer que eu fique em casa para cuidar bem da família"

A expectativa de que a mulher deve ficar em casa para cuidar da família, enquanto o parceiro controla a dinâmica financeira, reforça papéis tradicionais de gênero. Quando imposta pelo parceiro, essa crença frequentemente resulta em violência patrimonial, isolando a mulher economicamente.

O controle sobre as finanças e o acesso a recursos essenciais a tornam dependente, emocional e financeiramente. Esse isolamento impositivo cria vulnerabilidade, tornando a mulher mais suscetível a abusos físicos e psicológicos.

"Se ele grita ou fica agressivo, é porque se preocupa comigo"

O parceiro usa a agressividade como manipulação emocional, convencendo a mulher de que ele só age dessa forma por se importar com ela
O parceiro usa a agressividade como manipulação emocional, convencendo a mulher de que ele só age dessa forma por se importar com ela
Foto: Imagem de Freepik

A ideia de que gritos e agressões são uma forma de demonstrar preocupação é uma crença comum em relacionamentos abusivos. O parceiro usa a agressividade como manipulação emocional, convencendo a mulher de que ele só age dessa forma por se importar com ela.

Isso pode normalizar a violência, levando a mulher a perder sua autoestima e a justificar os abusos. Com o tempo, o comportamento se intensifica, e o parceiro se sente autorizado a agredir sem consequências.

"Ele gosta de fazer tudo junto comigo"

Achar que um relacionamento ideal envolve constante proximidade e compartilhamento pode resultar no isolamento social da mulher. Quando o companheiro controla todas as atividades e relações sociais da parceira, ela se torna dependente emocionalmente, dificultando a busca por ajuda.

O isolamento enfraquece a mulher, tornando-a mais vulnerável a abusos físicos e emocionais. A falta de rede de apoio e de recursos externos torna ainda mais difícil romper o ciclo de abuso.

"Ele diz que não pode viver sem mim"

Essa declaração, aparentemente romântica, pode esconder um comportamento manipulativo. Quando o parceiro diz que não pode viver sem a mulher, ele coloca uma pressão emocional para que ela se torne a fonte de sua felicidade, resultando em chantagem emocional e culpa.

A mulher se sente responsável pela saúde emocional e bem-estar do parceiro, muitas vezes sacrificando suas próprias necessidades e desejos para "salvar" o relacionamento, criando um ciclo de abuso. A mulher se vê como responsável pela felicidade do parceiro, o que pode resultar em tolerância a abusos físicos e emocionais, acreditando que ele não sobreviveria sem ela.

Quando o parceiro diz que não pode viver sem a mulher, ele coloca uma pressão emocional para que ela se torne a fonte de sua felicidade
Quando o parceiro diz que não pode viver sem a mulher, ele coloca uma pressão emocional para que ela se torne a fonte de sua felicidade
Foto: Imagem de Freepik

"Ele quer saber onde estou porque se importa comigo"

Essa crença romantiza a vigilância e o controle do parceiro sobre a localização e atividades da mulher. Em vez de ser visto como uma invasão da privacidade, o controle é interpretado como um sinal de interesse e cuidado.

O homem começa a monitorar todos os movimentos da mulher, cobrando explicações sobre onde ela está, com quem está e por quanto tempo. Ele usa o "amor" como justificativa para limitar a liberdade da mulher, que pode sentir que precisa pedir permissão para realizar atividades simples e até a questionar sua própria liberdade. Essa constante vigilância pode levar a abusos emocionais e físicos, já que a mulher pode ser punida por se afastar do parceiro ou não seguir as regras dele.

"O amor é incondicional e perdoa tudo"

Pensar que o amor incondicional exige perdão a qualquer custo pode levar a mulher a aceitar comportamentos abusivos. O parceiro, ao explorar essa crença, repete os abusos sabendo que a mulher sempre o perdoará.

Isso perpetua o ciclo de violência, já que a mulher não enxerga o abuso como algo inaceitável, acreditando que o perdão é uma obrigação no relacionamento. Assim, a normalização do abuso impede que a mulher rompa com a dinâmica tóxica.

Como funciona o ciclo da violência doméstica? Como funciona o ciclo da violência doméstica?

Fonte: Redação Nós
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