Ana Paula Minerato pode ser presa? Entenda penas para crimes que envolvem discriminação racial
Em áudio vazado, Ana Paula Minerato se referiu à cantora Ananda, do grupo Melanina Carioca, como "mina do cabelo duro" e "neguinha"
Ex-participante de A Fazenda, Ana Paula Minerato é acusada de racismo após áudio com falas preconceituosas vazado
A ex-participante de “A Fazenda” Ana Paula Minerato está sendo acusada de racismo após um áudio vazado com falas racistas ser atribuído a ela. Durante uma conversa com o ex-namorado, o rapper KT, ela teria se referido à cantora Ananda, do grupo Melanina Carioca, com expressões preconceituosas, como "mina do cabelo duro" e "neguinha".
Essas falas podem configurar o crime de injúria racial, que é uma ofensa à honra de uma pessoa com base em sua cor, etnia, origem ou raça, segundo o Conselho Nacional de Justiça.
No ano passado, a Lei nº 14.532/2023 foi sancionada e equiparou a injúria racial ao crime de racismo. Dessa forma, se processada e condenada, Ana Paula Minerato pode enfrentar uma pena de dois a cinco anos de reclusão, além de multa, conforme o artigo 2º-A da Lei 7.716/89.
Importante ressaltar que o Ministério Público pode investigar e denunciar o caso independentemente de a vítima formalizar a denúncia, uma vez que injúria racial, assim como racismo, é uma ação penal pública incondicionada.
Apesar de serem frequentemente confundidos, racismo e injúria racial têm diferenças claras:
- Racismo: um crime coletivo que atinge grupos ao restringir direitos com base em raça, cor, etnia ou origem. É imprescritível e inafiançável, com pena de dois a cinco anos de reclusão, além de multa.
- Injúria racial: consiste em ofender a dignidade ou o decoro de alguém em razão de sua raça, cor, etnia ou procedência nacional, conforme a Lei nº 7.716/89. Ela é dirigida a uma pessoa específica e tem a mesma pena que o crime de racismo. A pena pode ser aumentada em até um terço caso o crime seja cometido por duas ou mais pessoas, ou se o agressor alegar que a ofensa era uma simples brincadeira. O aumento da pena também ocorrer se o crime for praticado por meio de redes sociais ou em locais públicos.
Entenda o caso
Na última segunda-feira, 25, um suposto áudio entre Ana Paula Minerato e o rapper KT Gomez começou a circular nas redes sociais. Na gravação, ela questiona o fato do agora ex-namorado ter ficado com a cantora Ananda, do grupo Melanina Carioca. "Você gosta de mina do cabelo duro? Eu não sabia que você gostava de mina do cabelo duro", teria dito ela.
Após a repercussão do áudio, Ana Paula Minerato foi demitida da Band, onde apresentava um programa de rádio, e desligada da Gaviões da Fiel, escola de samba da qual exercia o cargo de musa.
A cantora Ananda se pronunciou através das redes sociais e disse que vai tomar as medidas cabíveis. "Agora você vai ver o que arrumou. Não foi mulher para falar? Então se prepara", afirmou.
O grupo Melanina Carioca também se manifestou. "Viemos a público manifestar nosso mais profundo repúdio a um ato de racismo sofrido por nossa integrante Ananda, que foi alvo de falas absolutamente inaceitáveis proferidas pela ex-panicat Ana Paula Minerato", iniciou a nota.
"Deixamos claro que o Melanina Carioca e todos os seus integrantes são contra qualquer ato de racismo e repudiam com veemência atitudes como as que foram divulgadas. O racismo não tem espaço em nossa música, em nosso movimento ou em nossa sociedade."
O Terra NÓS não localizou a assessoria de Ana Paula Minerato. O espaço segue aberto para manifestações.