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Aos nove anos, modelo com Síndrome de Down se torna rosto da campanha primavera-verão da Burberry

Roni Littman nasceu com Síndrome de Down e seus pais ouviram que talvez ela nunca fosse andar. Hoje ela não apenas anda, como dança, esquia e desfila nas maiores passarelas do mundo

30 mar 2022 - 17h46
(atualizado em 5/4/2022 às 11h45)
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Os pais de Roni Littman notaram desde cedo que ela tinha talento para as câmeras e ficam felizes com o espaço que ela tem conquistado na moda, abrindo portas para outras modelos com Síndrome de Down.
Os pais de Roni Littman notaram desde cedo que ela tinha talento para as câmeras e ficam felizes com o espaço que ela tem conquistado na moda, abrindo portas para outras modelos com Síndrome de Down.
Foto: Instagram / @ronilittman_zebedee / Estadão

Roni Littman tem apenas nove anos e já estampa capas de revistas e desfila em algumas das maiores passarelas do mundo. A garotinha é filha de Shelley, 46, e Jon Littman, 49, e seus pais só descobriram que ela tinha Síndrome de Down no momento em que ela veio ao mundo. Depois de ouvir que Roni poderia nunca ser capaz de andar ou falar, os pais comemoram que hoje ela desfila, canta, dança e se tornou o novo rosto da campanha primavera-verão da Burberry.

Ela começou a carreira de modelo em 2017, aos quatro, quando seus pais já haviam notado que Roni tinha muita facilidade em posar em frente às câmeras. "Ela sempre amou as câmeras e entretia as pessoas com isso, então em 2017, enviamos algumas fotos para a Zebedee Inclusive Talent Agency", contou Shelley ao portal norte-americano Dailymail. Desde então, as fotos da criança chamaram a atenção de grandes marcas como a River Island e Asda George.

Mesmo que os pais de Roni soubessem e acreditassem em todo o potencial da filha, não esperavam que as marcas investissem nela tão rapidamente, por causa da sua condição.

Quando Shelley deu à luz já tinha 37 anos: mulheres nessa faixa-etária têm mais chances de terem filhos com condições genéticas como a Síndrome de Down, que pode comprometer a cognição e o ritmo de desenvolvimento. Isso quem explica é a pediatra Betania Pereira.

De acordo com a especialista em genética da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), essas chances aumentam de acordo com a idade. "Acima dos trinta e cinco anos as chances aumentam, numa gestação onde a mãe tem entre 23 e 28 anos, por exemplo, as chances de comprometimento na divisão celular do feto é de uma para 800. Já numa gestação em que a mãe já tem mais de 35 anos as chances são de uma entre 150. Aos 38, uma entre cem. No caso de Shelley podemos colocá-la nessa faixa-etária", afirma.

A mãe da garota comemora que a Síndrome de Down não impede Roni de alcançar seus próprios sonhos. "Ficamos absolutamente exultantes quando Roni conseguiu o emprego de modelo da Burberry. Estou tão orgulhosa dela — ela superou todas as expectativas", disse Shelley.

"Quando ela nasceu, nos disseram que ela pode não ser capaz de andar ou falar. Mas ela desafiou as probabilidades e continua a quebrar limites. Roni conquistou tanto, em tão pouco tempo. Estou muito impressionada com o fato de marcas sofisticadas como a Burberry estarem sendo inclusivas! Essas ações são encorajadoras para outras pessoas com deficiência. Não há razão para que crianças com deficiência não tenham essas coisas também."

A Síndrome de Down é desenvolvida quando, durante a multiplicação das células, ocorre uma Trissomia do cromossomo 21, ou seja, durante a multiplicação das células, algumas têm três cromossomos 21. A pediatra Betania Pereira explica que quanto mais células com três cromossomos, maior suporte a pessoa com a Síndrome precisará para se desenvolver. "Principalmente durante a infância. A criança que é bem estimulada, faz fisioterapia, natação, fono, tem uma resposta melhor e é importante que esses estímulos aconteçam desde muito cedo", diz a pediatra.

No caso de Roni, ela parece ter nascido pronta para as passarelas. Graças a atenção que os pais deram ao seu desenvolvimento, ela nunca teve dificuldades relacionadas a seu desenvolvimento motor. Com pouco mais de um ano já andava e com cinco já sabia esquiar. "Ela começou a andar aos 17 meses e se tornou uma pessoa muito determinada, então não estou surpresa que ela esteja se destacando. Às vezes, pode ser difícil para ela, porque ela leva mais tempo para aprender as coisas, mas nunca desiste. Ela aprendeu a esquiar aos cinco anos e deu tudo de si", conta Shelley.

Estadão
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