Após 29 anos, PF prende condenado por genocídio de indígenas Yanomami
Eliézio Monteiro Neri, capturado em Boa Vista na noite desta quinta-feira, 5, foi um dos condenados pelo 'Massacre do Haximu'
A Polícia Federal prendeu na noite desta quinta-feira, 5, em Boa Vista (RR), o garimpeiro Eliézio Monteiro Neri, que foi condenado por envolvimento no genocídio de indígenas Ianomâmi conhecido como ‘Massacre do Haximu’ e estava foragido.
Segundo a Polícia Federal, Neri foi abordado pela Polícia Militar quando estava em um supermercado. A corporação pediu o apoio da PM para a realização da prisão após receber a informação de que o garimpeiro chegaria na capital de Roraima pela rodoviária.
A chacina ocorreu em 1993, quando garimpeiros que atuavam em região próxima à fronteira com a Venezuela assassinaram 16 Ianomâmis. Entre os mortos havia mulheres, adolescentes, crianças e um bebê.
Segundo o Ministério Público Federal, o massacre chegou ao conhecimento das autoridades em agosto daquele ano, por meio de um bilhete escrito por uma freira que estava em missão na região.
A Procuradoria relata que, no dia 15 de julho daquele ano, sete garimpeiros chamaram seis indígenas para caçar e assassinaram quatro desses. Ainda de acordo com o MPF, em retaliação, os indígenas mataram um dos garimpeiros.
Um mês depois, os garimpeiros invadiram uma área onde estavam integrantes da tribo e então mataram, a tiros e golpes de facão, 12 indígenas – um homem, duas idosas, uma mulher, três adolescentes, quatro crianças e um bebê, registra a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal sobre o caso.
Em outubro daquele ano, a Procuradoria denunciou 24 garimpeiros, sendo que apenas cinco estavam ‘plenamente identificados’ – Pedro Emiliano Garcia, Eliézio Monteiro Neri, Waldinéia Silva Almeira, Juvenal Silva e Wilson Alves dos Santos.
A peça imputou ao grupo crimes de genocídio, associação para genocídio, garimpo ilegal, contrabando, ocultação de cadáver, crime de dano e formação de quadrilha.
Em dezembro de 1996, a Justiça Federal em Roraima condenou cinco pessoas: Pedro, Eliézio e Juvenal (que haviam sido identificados antes da apresentação da denúncia) e João Pereira de Morais e Francisco Alves Rodrigues (que foram ‘identificados plenamente’ durante o processo).
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região chegou a acatar recurso dos réus, levando-os a júri por homicídio. No entanto, em 2000, o Superior Tribunal de Justiça restabeleceu a decisão de primeiro grau e o entendimento sobre o crime de genocídio. Em 2006, o Supremo Tribunal Federal ratificou tal decisão.