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Após envio de mensagem, 17 argentinas forçadas a se prostituir no México são resgatadas

Vítimas foram atraídas por meio de ofertas de emprego falsas divulgadas nas redes sociais, que prometiam trabalhos em hotéis de luxo

22 mai 2024 - 10h42
(atualizado às 11h12)
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Vítimas foram resgatadas no último fim de semana
Vítimas foram resgatadas no último fim de semana
Foto: Reprodução

"Promotores, me ajudem. Quero denunciar que fugi de um inferno ou, como dizem aqui, um bar chamado La Consentida, onde me prostituíam contra minha vontade. Não conheço esta cidade porque sou da Argentina, mas sei que as ruas são Constituyentes e Carretera Federal. Peço que ocultem meu telefone porque temo por minha vida. Há três meninas de 12 ou 13 anos. Elas estão sendo prostituídas, é horrível. Somos 15 meninas a quem tiraram os passaportes, mas consegui escapar. Por favor, nos ajudem."

Foi com essa mensagem que uma jovem argentina, no dia 14 de maio, entrou em contato pelo WhatsApp com a Procuradoria Geral do estado mexicano de Quintana Roo. Três dias depois, ela e outras 16 mulheres foram resgatadas de uma rede de tráfico que as exploravam sexualmente nas praias mexicanas banhadas pelas águas do Caribe. As informações são do jornal La Nacion.

O governo da Argentina já tomou medidas e, por meio da unidade especial de combate ao tráfico de pessoas, vinculada ao Ministério da Segurança, estabeleceu contato com as autoridades judiciais mexicanas para auxiliar na investigação e, principalmente, apoiar as vítimas, que têm a situação monitorada pelo consulado argentino em Cancún.

Segundo as autoridades locais informaram no fim de semana, a Procuradoria Geral do estado de Quintana Roo e a Guarda Nacional do México libertaram 17 mulheres que eram vítimas de tráfico de pessoas "na modalidade de exploração sexual e de trabalho em Playa del Carmen". A Justiça especificou que, durante a execução de um mandado de busca, foram resgatadas 15 mulheres argentinas e duas mexicanas.

A operação foi conduzida pela Procuradoria Especializada no Combate ao Crime de Tráfico de Pessoas, que liderou a equipe até uma propriedade localizada na avenida Constituyentes, entre a estrada federal Cancún-Tulum e a rua 50 Poniente, onde estavam as 17 mulheres. A Procuradoria Geral de Quintana Roo também comunicou que durante essa ação, três homens mexicanos foram presos: Luis Alfredo Rangel Lobato, Emmanuel Gueva Cordero e Ángel Alberto Ake Fuentes, que serão investigados por tráfico de pessoas e exploração sexual no município de Cancún.

Recrutadas com promessas falsas

Após ser informada sobre a situação, o Comitê Executivo para o Combate ao Tráfico e Exploração de Pessoas e para a Proteção e Assistência às Vítimas, liderado por Verônica Toller, fez contato com as autoridades mexicanas. As autoridades do Ministério da Segurança argentino conseguiram reconstruir o cenário em que a promotoria mexicana estava investigando uma rede que recrutava jovens em situações de vulnerabilidade para explorá-las sexual e laboralmente.

Com relação às argentinas, foi identificado que elas foram atraídas por meio de ofertas de emprego falsas divulgadas no Facebook e WhatsApp, que prometiam trabalhos em hotéis de luxo em Cancún, Tulum e Playa del Carmen.

Ao chegarem no aeroporto de Cancún, as jovens eram levadas em veículos privados diretamente para Playa del Carmen, onde eram forçadas a trabalhar em um bar e no prostíbulo chamado La Consentida. Seus passaportes eram confiscados e elas tinham que pagar uma taxa de manutenção. Fontes relataram que três bares em Playa del Carmen e Cancún, pertencentes ao mesmo proprietário, estavam operando com o mesmo esquema.

As autoridades argentinas descobriram que as vítimas tinham idades entre 20 e 32 anos, com algumas possuindo ensino médio e outras com nível superior. Todas compartilhavam uma condição de vulnerabilidade econômica. Em relação às suas origens, foi relatado que três eram de Buenos Aires, três de Chaco, três de Tucumán, uma de Salta, uma de Mendoza, e as demais tiveram seus locais de residência no país não divulgados antes de viajarem para o México.

Para garantir o apoio necessário às jovens, a promotoria contatou o cônsul argentino em Cancún, Lautaro Filchtinsky, e a Direção de Assistência às Vítimas da Procuradoria Geral de Quintana Roo. As mulheres receberam cuidados médicos e foram alojadas em diversas casas de Playa del Carmen, sob a proteção da procuradoria.

O Comitê de Combate ao Tráfico da Argentina, ao tomar conhecimento do caso, entrou em contato no domingo com o procurador-geral do Estado de Quintana Roo, Raciel López, para avaliar a situação das jovens argentinas e oferecer a assistência e ajuda necessárias.

Adicionalmente, nesta segunda-feira, ocorreu um novo contato com López e o líder da Procuradoria Especializada em Tráfico de Pessoas, Miguel Ángel Godínez. Foi comunicado que o Ministério Público conduziu entrevistas com as vítimas nas instalações da Procuradoria Geral do Estado, onde receberam apoio de um consultor jurídico particular. Aguarda-se posicionamento do Instituto Nacional de Migração do México e do Consulado argentino em Quintana Roo para determinar se será necessária a repatriação assistida das vítimas.

"As jovens estão bem, hoje à tarde o procurador Raciel López estará conversando com elas para assegurar a proteção do Estado mexicano, já que as meninas permaneceriam lá como testemunhas e temem por suas vidas", afirmaram as autoridades argentinas.

"A Procuradoria informou ao Instituto Nacional de Migração sobre a operação e sobre a situação legal das 15 jovens argentinas para que lhes concedam proteção como vítimas e sob a proteção da procuradoria. O problema é que elas entraram como turistas de férias e passaram a ser trabalhadoras, tornando-se ilegais. Mas, por serem vítimas de tráfico e agora testemunhas, terão o apoio e respaldo do Estado do México."

Atualmente, as autoridades de imigração estão colaborando para emitir vistos humanitários para as vítimas. Para isso, estão trabalhando em estreita parceria com o Consulado argentino. As investigações focam no recrutador argentino que aliciou as jovens. Segundo as fontes consultadas, novas ordens de prisão deverão ser emitidas nos próximos dias.

"Nosso compromisso contra o tráfico é frontal, assim como contra as máfias de narcotraficantes. De fato, em muitos casos, os mesmos narcotraficantes operam redes de tráfico e tráfico de pessoas. Resgatamos e assistimos, entre 1º de janeiro e 30 de abril deste ano, 474 vítimas, e realizamos 961 procedimentos com nossas forças de segurança: entre batidas policiais, escutas e outros. São operações contra tráfico sexual, tráfico laboral, prostituição infantil, em 20 províncias argentinas", disse a ministra da Segurança, Patricia Bullrich.

Fonte: Redação Terra
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