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Artistas competem no primeiro concurso de drag king do Brasil

Primeira competição do gênero terá 15 drag kings de todo o país competindo pelo título

7 fev 2023 - 13h43
(atualizado às 15h41)
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Hinacio King se prepara para participar de concurso de drag king, em São Paulo
Hinacio King se prepara para participar de concurso de drag king, em São Paulo
Foto: REUTERS/Carla Carniel

Em um estúdio de tatuagem no centro de São Paulo, Hinacio King tem uma barriga tanquinho desenhada em seu abdômen e seus seios apertados para se transformar em seu alter ego.

King participa da competição King of Kings do Brasil, a primeira do gênero em que 15 drag kings de todo o país competem pelo título.

"Eu quero só dar uma chocada. Eu quero incomodar boy branco hétero cis, esse é o meu objetivo", disse King, de 33 anos, que fora do transformismo drag king atende por Sarah Franchine, uma terapeuta ocupacional que trabalha com crianças.

Drag kings são em sua maioria artistas do sexo feminino ou transgênero interpretando personagens masculinos, mas o concurso é aberto a qualquer pessoa.

"É histórico, porque não temos um concurso ou evento dedicado a drag kings no Brasil", afirmou Lorde Lazzarus, de 43 anos, que organizou o evento.

"Para mim, drag veio como uma expressão de gênero no começo porque sou uma pessoa transgênero, mas não sabia disso quando era criança. Eu me coloquei como Drag King e essa foi uma forma que encontrei de me expressar como artista e também como um passo na minha descoberta de que eu era uma pessoa transgênero", contou Lazzarus.

A primeira competição havia sido planejada para 2020, mas foi cancelada devido à pandemia de Covid-19. Foi realizada virtualmente em 2021. Apesar do pouco financiamento e de alguns contratempos técnicos, o concurso deste ano ocorreu em um pequeno teatro de São Paulo na noite de domingo e foi um sucesso.

Participantes viajaram de todo o país, e o evento incluiu um elfo dançarino do ventre com orelhas pontudas e também concorrente em trajes elaborados de papa que logo estava quase sem roupas e se contorcendo no chão.

Muitos dos atos levaram mensagens sobre questões sociais que afetam a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) por meio de apresentações artísticas.

King, que ostenta uma barba brilhante azul e rosa para representar as cores da bandeira transgênero, fez uma apresentação de uma música que falava sobre o assassinato de mulheres transgênero no Brasil, recebendo uma das mais altas salvas de palmas da noite.

"Fazendo uma performance onde eu me descontruo, eu chego de um lugar bem macho e vou desconstruindo dentro da performance até chegar numa bichona", disse King.

Lazzarus pediu que os brasileiros abracem mais a arte das pessoas LGBT.

"Gostaria de dizer a todo o povo do Brasil para abraçar a arte do povo LGBT, abraçar a cultura LGBT e ter mais carinho pelas expressões artísticas LGBT", afirmou Lazzarus, que pretende ampliar a competição e conseguir mais patrocinadores no ano que vem.

"Nós (drag kings) temos muito pouco espaço e ainda somos o país que mais mata pessoas trans no mundo."

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