Atores e escritores britânicos criticam "racismo sistêmico" em tratamento à parlamentar Diane Abbott
Diane Abbott, parlamentar negra mais antiga do Reino Unido, eleita pela primeira vez em 1987, foi suspensa pelo partido por mais de um ano
Britânicos negros proeminentes criticaram o tratamento dado pelo Partido Trabalhista, de oposição, à primeira parlamentar negra do Reino Unido, depois que uma disputa sobre a possibilidade de ela se candidatar ofuscou a campanha eleitoral.
Diane Abbott, parlamentar negra mais antiga do Reino Unido, eleita pela primeira vez em 1987, foi suspensa pelo partido por mais de um ano depois de dizer que judeus, irlandeses e comunidades nômades não enfrentaram o racismo durante toda a vida.
Abbott, que se desculpou pelas falas, foi reintegrada ao partido nesta semana, mas a mídia informou que ela seria impedida de concorrer em seu distrito no nordeste de Londres na eleição parlamentar britânica de 4 de julho.
O líder trabalhista Keir Starmer disse aos repórteres que Diane Abbott estava livre para disputar vaga no nordeste de Londres, depois que a confusão sobre sua candidatura provocou reação dentro do partido.
"Ela é livre para avançar como candidata trabalhista", disse Starmer. "Ela foi uma pioneira por muitos e muitos anos."
Atores, escritores e radialistas negros assinaram uma carta aberta na sexta-feira afirmando que o tratamento dado a Abbott, com uma investigação que levou mais de um ano, indicava "racismo sistêmico" e uma "determinação de humilhá-la".
"Vindo de uma comunidade onde a discriminação é uma realidade diária, sabemos o que é injustiça quando a vemos", disse a carta.
Starmer, ex-procurador-chefe do país, assumiu a liderança do Partido Trabalhista em abril de 2020, pouco antes de o órgão de controle de igualdade acusar o partido de discriminação contra judeus sob a liderança de seu antecessor, o veterano socialista Jeremy Corbyn.
Starmer prometeu livrar o partido do antissemitismo. Ele também foi acusado de expurgar membros de esquerda para levá-lo de volta ao centro da política britânica e torná-lo mais elegível.
Os signatários da carta, incluindo os atores Lenny Henry e David Harewood, o autor Yemi Adegoke e a radialista Afua Hirsh, disseram que os trabalhistas pareciam ter tomado uma decisão estratégica de que "o voto dos negros e pardos não importa", mas afirmaram que sua lealdade não era incondicional.
Os trabalhistas não responderam imediatamente a um pedido de comentário sobre a carta.
Os trabalhistas estão à frente do Partido Conservador, do primeiro-ministro Rishi Sunak, por cerca de 20 pontos nas pesquisas de opinião. O prazo para as indicações se encerra em 7 de junho, embora se espere que os trabalhistas anunciem seus candidatos antes disso.