Atriz da Globo relembra criação por pai gay: "Me abriu ao mundo tal qual ele é"
Nascida na França, ela foi criada no Brasil pelo bailarino e diretor Ricardo Bandeira
Valentina Bandeira, de 30 anos, nasceu na França mas se mudou para o Brasil ainda na infância. Filha do bailarino e diretor Ricardo Bandeira, ela afirma que ser criada por um pai homossexual 'foi libertador'.
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"Sou filha de pai gay, e ele me criou numa época que não tinha muitos pais gays assumidos de amiguinhos do colégio. Eu era a única. Ele me criou numa doutrina de libertação justamente para eu poder receber essa informação com mais leveza quando entendesse o cenário todo. Ele não me falou que era gay para uma criança de 3 anos, demorou para me falar com clareza, mas ele me educou para que essa informação chegasse bem quando chegasse até mim", disse Valentina Bandeira, em entrevista à Marie Claire.
O modo que foi educada, segundo diz, a ensinou a respeitar as diferenças, a se descobrir com mais tranquilidade e poder ter experiências juvenis sem sofrer algum tipo de pressão ou preconceito.
"Tive uma educação muito libertária mesmo. Me perguntam se é traumatizante ter pai gay, mas é a coisa que mais me orgulho na minha educação. Me abriu ao mundo tal qual ele é: diverso e tolerante às diferenças".
Com relação a sua sexualidade, ela brinca que se considera uma 'hétero compulsória', ou seja, sem chances de mudança. "Para a decepção da minha família. Gosto de 'mulher' que usa camisa de time, sabe?", brinca ela. "Meu pai não tá nem aí, eu acho, para quem eu tô pegando. Não é problema dele".
Durante a entrevista, a atriz também fez um balanço sobre como enxerga as mulheres nos dias atuais. Para ela, ao grupo avançou em relação a posições menos privilegiadas e direitos, mas ainda há luta.
"A gente tem uma herança religiosa e moralista terrível, que faz com que a gente se oprima e seja oprimida. Mas estamos caminhando. Tenho 30 anos, e vejo a galera de 20 com muito mais questionamentos que a minha galera aos 20 anos. A coisa está andando muito rápido por causa do poder da internet, da globalização, porque os assuntos são meio universais. Mas ainda temos grandes barreiras difíceis de serem quebradas. tem um tradicionalismo e um conservadorismo assustadoramente forte".