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Baianidade e virtuosismo musical

Xenia França estreia novo show e reforça seu nome entre os grandes nomes da música contemporânea

19 abr 2023 - 15h31
(atualizado às 18h39)
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Ao bater um papo com Xenia França imediatamente se nota, além do sotaque baiano delicioso levemente suavizado pelos longos anos em São Paulo, um charme irresistível, somados a uma inteligência eloquente e consciência ancestral que ela naturalmente transborda. A artista soteropolitana radicada na capital paulistana compartilhou conosco um pouco sobre a sua relação com a Bahia, seus próximos projetos e a estreia de seu novo show, substrato do disco Em Nome da Estrela, lançado em 2022 pela Noize.

Foto: Gleeson Paulino/Arquivo / Elástica

No dia 31 de março, Xenia se apresentou para o público do Sesc Pinheiros com casa lotada e mostrou todo seu potencial artístico com um octeto de cordas e banda completa, trazendo a experiência sensorial do disco pro ao vivo da melhor forma possível. Confira abaixo o bate-papo na íntegra:

Xenia, você é baiana mas mora há muitos anos em São Paulo. Imagino que a Bahia te alimenta de muitas formas, não poderia ser diferente. Como o retorno às suas raízes costuma te impactar emocionalmente? A Bahia e ser baiana é algo que te move a nível inspiracional? Costuma sentir dor ao olhar para o berço que nunca se encontra igual ao lugar das memórias?

Eu costumo brincar que se eu não tivesse nascido baiana eu ficaria muito chateada com Deus [risos]. Eu sou a Bahia e aonde eu for tenho meu próprio jeito de expressa-la tanto na minha vida pessoal quanto como artista. Apesar de ter escolhido a maior cidade da América Latina pra viver tenho verdadeira devoção pela magia e fundamentos da minha terra e tenho consciência de que sou o que sou justamente porque "a Bahia me deu régua e compasso."

A Bahia é um portal energético e tecnológico que me influencia desde que me entendo por gente e eu expresso essa banalidade que habita em mim sem caricaturas. O cheiro, o mar, a música, o tempo, o recôncavo, as memórias, a comida, a dança, os mitos, o candomblé e as pessoas estão em mim. Não sinto nem um pesar, muito pelo contrário, as minhas raízes são base pra muitos desdobramentos dimensionais que estão no mesmo lugar e ao mesmo tempo em movimento. A Bahia é única. A Bahia é e sempre será.

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Foto: Gleeson Paulino/Arquivo / Elástica

Você tem trabalhado em um projeto de audiovisual para 2023 onde diversos diretores irão assinar curtas-metragens como pontes para as canções de seu novo disco, Em Nome da Estrela. Poderia dar alguns detalhes do projeto?

O que posso dizer sobre esse projeto que está bem no comecinho ainda é que ele nasceu do meu desejo de expandir a visão com a linguagem audiovisual, que é sempre uma magia para um álbum, pela capacidade de comunicar de um jeito diferente e trazer uma nova dimensão da coisa. Eu tenho estudado muito e há bastante tempo pra esse momento, e tenho me conectado com muita gente interessante e que gosto pra esse visual. Acredito que o nascimento desse projeto será um ponto importante da minha jornada artística até aqui.

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Foto: Gleeson Paulino/Arquivo / Elástica

Passado o lançamento de um disco, sempre chega a hora de traduzir a obra para o palco. Geralmente acontece toda uma reconstrução, adaptações precisam ser consideradas, rearranjos… O palco muitas vezes exige uma outra roupagem para um disco. Para alguns artistas esse pode ser um momento de dor, para outros, uma libertação. Como funciona essa metamorfose para a sua artista?

É muito maravilhoso poder brincar com as muitas possibilidades de um álbum. E o palco talvez seja para mim o mais importante, porque é uma dimensão onde estou em carne e osso, lidando com todos os meus demônios. Poder criar uma linguagem de show que não só dialogue com o que foi produzido no álbum, mas ao mesmo tempo crie uma conexão com quem está ali assistindo, é muito lindo. É realmente um momento especial do meu fazer artístico. Uma das coisas que eu mais adoro é ensaiar porque surgem no caminho muitas ideias nova de arranjos, e tem muito espaço pro virtuosismo no meu trampo, então é um momento que tanto os músicos quanto eu ficamos mais livres para livre expressão. Também tem os outros elementos, a projeção, a luz, o PA, figurino, o acting. O ao vivo é mágico e quem está presente só vive cada espetáculo uma vez, mesmo que sejam vários dias seguidos, cada experiência é única e é aí que está a mágica.

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Foto: Gleeson Paulino/Arquivo / Elástica

Dia 31 você se apresentou em seu show no Sesc Pinheiros. Conta pra a gente como é sua relação com o caos da cidade de São Paulo e como costuma ser a recepção do público paulistano.

São Paulo talvez seja a cidade que mais me conheça como artista. E também é a cidade que me ajudou a construir essa onda contemporânea do meu trabalho. Essa coisa de misturar múltiplas culturas e linguagens que se condensam e criam um negocio diferente, talvez seja a essência de quem eu sou como artista. Sinto que SP me entende. Gosto de gastar minhas fichas aqui por muitos motivos, incluindo a viabilidade de realizar as coisas. No show do dia 31/03 (que gosto de chamar de Nave), me apresentei com o octeto de cordas e a minha banda completa com a intenção de trazer ao público o ponto máximo da experiência sensorial do disco pro ao vivo. Foi muito especial e o público estava entregue. A troca foi e sempre é muito especial. Eu celebro essa minha conexão com a cidade e seu caos amoroso.

Elástica
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