Braille: como aprender a ler e a escrever o alfabeto
Sistema Braille consiste em conjunto de símbolos táteis que representam letras do alfabeto, números, pontuação e até mesmo símbolos musicais
Braille é um sistema de comunicação de leitura e escrita para pessoas cegas ou com baixa visão. O sistema foi criado em 1825 por Louis Braille e, desde então, a comunicação em Braille tem evoluído e alcança cada vez mais pessoas.
Quem inventou o Sistema Braille?
O Sistema Braille foi inventado por Louis Braille, um educador e músico francês, no século XIX. Louis perdeu a visão aos cinco anos de idade, devido a um acidente com uma ferramenta pontiaguda que perfurou um de seus olhos. O ferimento causou uma infecção generalizada, e deixou o inventor cego dos dois olhos. Aos 15 anos, Louis Braille já havia iniciado o desenvolvimento do sistema que posteriormente seria um meio de comunicação tátil para pessoas cegas ou com baixa visão.
Alfabeto e números
O sistema Braille consiste em um conjunto de símbolos táteis que representam letras do alfabeto, números, pontuação e até mesmo símbolos musicais. Cada caractere Braille é composto por uma matriz de seis pontos em relevo, organizados em duas colunas e três linhas. Dependendo dos pontos que são elevados ou abaixados dentro dessa matriz de seis pontos, diferentes caracteres são formados.
De acordo com Regina Fátima Caldeira de Oliveira, pessoa cega e coordenadora de editorial e revisão da Fundação Dorina Nowil para Cegos, instituição que há mais de 75 anos se dedica à inclusão de pessoas cegas e com baixa visão no Brasil, a alfabetização através do Braille é imprescindível para o desenvolvimento de uma criança cega e para a autonomia de um adulto. Esse aprendizado pode ser feito na fundação no setor de habilitação e reabilitação que contempla pessoas cegas ou com baixa visão.
Como ler Braille?
A comunicação tátil é realizada através do toque, sendo dispensável o uso da audição ou visão. Para ler Braille, portanto, a pessoa utiliza os dedos para tocar os pontos em relevo e interpretar os caracteres.
Leitura Unimanual
Na leitura unimanual, o leitor utiliza apenas um dedo (geralmente o indicador) de uma das mãos para percorrer o texto Braille. O dedo desliza sobre os pontos em relevo, interpretando os caracteres à medida que os encontra.
Leitura Bimanual
Na leitura bimanual, o leitor utiliza dois dedos (geralmente o indicador de cada mão) para percorrer o texto Braille. Isso permite que o leitor cubra mais caracteres ao mesmo tempo, acelerando o processo de leitura. A leitura bimanual pode ser útil para leitores mais experientes ou para situações em que a leitura precisa ser mais rápida.
Como escrever Braille?
O processo para a escrita do Braille é mais complexo do que o da leitura, especialmente se a escrita for feita à mão. Isso porque é preciso usar um buril, ferramenta que consiste em um punho com uma ponta afiada, que é usada para criar pontos em relevo no papel, formando caracteres Braille.
“Uma criança que nasce cega ou perde a visão nos primeiros anos de vida desde que seja devidamente estimulada por uma equipe multiprofissional, quando ela atingir a idade de alfabetização, será alfabetizada da mesma maneira que uma criança que enxerga. Ressaltando que a alfabetização será feita com recursos necessários para o aprendizado do Braille”, descreve Regina.
Braille no Brasil
“O país é pioneiro em muitas ações relacionadas ao Braille. A primeira versão foi apresentada em 1825 e já em 1850 o sistema Braille chegava ao Brasil. Isso aconteceu graças à ação do Imperador Dom Pedro II, que foi influenciado positivamente pelo professor cego José Alvares de Azevedo, que trouxe a informação do sistema Braille para o Brasil ao viajar para a França. O imperador construiu a primeira escola para cegos na América Latina, que se chamava Imperial Instituto dos Meninos Cegos, que atualmente é o Instuto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro”, explica Regina Fátima Caldeira de Oliveira.
A fundação Dorina Nowill foi a primeira instituição a produzir livros para pessoas cegas no país em 1946. A produção aconteceu através da iniciativa da professora Dorina De Gouvêa Nowill, fundadora da instituição, e um grupo de amigas. Atualmente, o governo federal patrocina a produção e distribuição dos livros em Braille para pessoas cegas em todo o Brasil.
No site do governo, há referenciais para a grafia Braille na língua portuguesa e normas técnicas.