Brasileira morta na Argentina ao cair do 6º andar tinha lesões pelo corpo, diz advogado
Parentes acreditam que jovem foi vítima de feminicídio após discussão envolvendo empresário e médica
Familiares da modelo Emmily Rodrigues, de 26 anos, que morreu em Buenos Aires no dia 30 de março após cair do 6º andar de um prédio, acreditam que a jovem pode ter sido vítima de feminicídio. O advogado da família, Ignacio Trimarco afirmou que o principal suspeito é o empresário Francisco Saenz Valiente, proprietário do imóvel onde aconteceu o caso.
Em entrevista ao jornal O Globo, o advogado declarou que a família não acredita na hipótese de Emmily ter cometido suicídio. A polícia está realizando a autópsia do corpo e colhendo informações do celular do suspeito, além de imagens de câmeras de segurança, segundo ele. "Já foi constatado que a vítima tinha lesões por todo o corpo, no dorso, nas mãos, e a polícia tenta saber se são marcas de luta", diz Trimarco.
O suspeito segue detido, e em depoimento ao juiz afirmou, no último sábado, 1º, que a jovem teve um "surto", o que a família acredita ser uma mentira. A agência de notícias Telám informou que o empresário apresentou a mesma versão aos policiais que atenderam a ocorrência.
"Sáenz Valiente disse que a jovem de 26 anos, que ele não identificou, se alterou e se aproximou de uma janela voltada para a rua, mas como não conseguiu abri-la, foi para outra área e pulou de outra janela que tem vista para o vão do prédio", alegaram policiais ao jornal argentino La Nación.
O corpo de Emmily foi encontrado sem roupa na área térrea do prédio. Amigas da vítima disseram que ela não usava drogas e nunca teve sinais de depressão. Ela cuidava da saúde e era feliz com um namorado argentino, com quem mantinha um relacionamento há dois anos.
Médica testemunhou briga
A médica Juliana Mourão estava na casa de Valiente quando Emmily caiu do prédio. Ela afirmou à polícia que é amiga do empresário e da brasileira. No dia, ela relatou que o homem e a jovem tiveram uma briga e a brasileira teria agredido o suspeito, por motivos que não foram revelados, segundo O Globo.
Emmily teria publicado nas redes sociais um texto dedicado a Juliana, elogiando a amiga e chamando de "minha doutora". Juliana e Valiente estavam com lesões pelo corpo.
As amigas da vítima acreditam que Emmily tenha reagido a uma tentativa de abuso. Natural de Salvador, Bahia, a jovem foi trabalhar em uma agência de turismo para brasileiros em La Boca, quando chegou a Buenos Aires. Ela costumava sair com as amigas para jantar nos fins de semana. Ela teria ido ao restaurante Gardiner e depois encontrado, por acaso, com Juliana e Francisco em outro estabelecimento. Lá, teria sido convidada para esticar a noite na casa do empresário, que é conhecido por promover festas.
Vida de luxo
A consultora de vendas Joicy Claudia, amiga de Emmily há anos, contou ao O Globo que ela era muito controlada no uso de bebidas alcoólicas, e que sempre mantinha a postura. "Sempre que saíamos, a Emmily nunca bebia demais, ela nem gostava de cerveja. Ela tomava duas taças de champanhe e mantinha a postura. Ela sempre foi muito classuda. Ela era bem vaidosa e cuidava muito da própria saúde. Ela nunca cometeria suicídio. Isso é um caso de feminicídio", afirmou.
"Se o empresário ainda está preso, é porque a polícia argentina desconfia dele. Mas não sei por que Juliana está solta se ela também tinha arranhões pelo corpo", questionou.
A Telám informou que Juliana tinha diversas marcas e ferimentos nas mãos e arranhões. Valiente estava com marcas de mordidas no corpo segundo o canal A24, com base em fontes próximas ao caso.
Vizinhos ligaram para os serviços de emergência ao perceberem que uma pessoa havia caído do 6º andar, depois de ouvirem discussões e gritos de socorro. Alguns vizinhos alegaram ter visto a mão de uma mulher e um homem a segurando.
O Ministério das Relações Exteriores informou que tem conhecimento do caso e que está em contato com as autoridades locais para apurar as circunstâncias da morte de Emmily.