Cacique é baleado na cabeça no Pará; MPF associa caso à instalação de empresa de dendê
O líder indígena foi alvejado no rosto e está internado em estado grave
O cacique Lúcio Gusmão Tembé, de 55 anos, da aldeia Turé-Mariquita, foi baleado na cabeça na noite de domingo, 14, em Tomé-Açu, no Pará. Segundo o Ministério Público Federal (MPF) do Estado, testemunhas disseram que dois pistoleiros atiraram contra o líder indígena.
A vítima foi alvejada no rosto e precisou ser encaminhada às pressas para atendimento em UTI na região metropolitana de Belém. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Tembé passou por uma cirurgia nesta segunda-feira, 15, e está em estado grave.
O ocorrido fez com que houvesse uma reunião de emergência entre o Ministério Público Federal do Pará
com a Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), além de outros órgãos estaduais. Ainda no domingo, o MPF solicitou providências urgentes às policias Civil e Federal para "esclarecer a tentativa de homicídio de uma liderança indígena".
O ataque ao cacique foi visto pelo órgão como mais um episódio de violência que os indígena Tembé de Tomé-Açu estão sofrendo por causa de conflito com empresas produtoras de dendê da região.
"Desde a instalação da empresa Biopalma ao redor da Terra Indígena Turé Mariquita, em Tomé-Açu, vários episódios de violência contra os indígenas já ocorreram, relatam os ofícios expedidos pelo MPF neste domingo", diz nota publicada pelo órgão federal.
Em comunicado, o grupo BBF, responsável pela empresa, afirmou que "refuta qualquer ilação a respeito da sua ligação com o ataque ao cacique Lúcio Tembé e espera que as autoridades esclareçam o mais rapidamente possível os fatos. A companhia se solidariza com as vítimas e estima rápida recuperação da saúde do cacique.
A empresa esclarece que atua em 5 estados da região Norte e mantém diálogo contínuo com as comunidades indígenas e quilombolas que coabitam regiões onde a empresa desempenha suas atividades produtivas, prezando sempre pela boa convivência e respeito ao meio ambiente e às culturas.
O Grupo BBF trata seus casos exclusivamente dentro da esfera legal, refutando, desta forma, qualquer tipo de violência. A Companhia reforça que no caso envolvendo o cacique Lúcio Tembé sequer houve qualquer fato ou evidência que conectem o envolvimento da empresa com o fato ocorrido. Por fim a empresa repudia a forma leviana de alguns veículos em tentarem conectar seu nome e da antiga empresa Biopalma no caso".