Caso Daniel Alves: imagens mostram que jovem foi assediada antes de ida ao banheiro
Jornal espanhol 'Ara' teve acesso às imagens da boate e informou que vítima foi apalpada por jogador e o repreendeu antes de ir ao banheiro
Imagens registradas pelas câmeras de segurança da boate Sutton, em Barcelona, teriam revelado que, antes mesmo de ir ao banheiro com Daniel Alves, a jovem que acusa o jogador de abuso sexual já havia sido assediada pelo atleta e teria tentado se desvencilhar dele. A informação é do jornal espanhol Ara, que afirmou ter tido acesso aos vídeos de monitoramento do estabelecimento.
A investigação contra o atleta foi motivada por uma denúncia apresentada por uma mulher de 23 anos que alega ter sido agredida sexualmente por Daniel Alves na boate Sutton em Barcelona. O crime teria ocorrido durante uma festa onde ambos estiveram, na noite de 29 para 30 de dezembro do ano passado. O jogador está preso há quatro meses.
O jornal descreveu as imagens, apesar de não publicá-las. Segundo a reportagem, Daniel Alves teria apalpado a moça e, em seguida, colocado uma das mãos dela na parte íntima dele. As duas atitudes teriam sido repreendidas pela jovem.
Depois da situação, eles teriam ido ao banheiro da boate. Ao sair de lá, a vítima foi até a prima para ir embora, mas elas pararam em um corredor do estabelecimento.
"Nesse corredor de saída da discoteca, a vítima começa a chorar. Ela aponta para o joelho, que está machucado. A vítima e sua prima se abraçam, e um segurança se aproxima das duas. A vítima volta a apontar para o próprio joelho", diz a reportagem do Ara.
Nesse momento, Daniel Alves teria passado por esse mesmo corredor e tentado desviar do grupo. A defesa dele alega que ele não parou porque não os viu.
Entenda a acusação contra Daniel Alves
Daniel Alves teve a prisão decretada no dia 20 de janeiro. Ele foi detido ao prestar depoimento sobre o caso de agressão sexual contra uma mulher na madrugada do dia 30 de dezembro. O Ministério Público pediu a prisão preventiva do atleta de 40 anos, sem direito à fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a detenção. O Pumas, do México, rescindiu o contrato com o jogador no mesmo dia alegando "justa causa".
A acusação se refere a um episódio que teria ocorrido na casa noturna Sutton, em Barcelona, na Espanha. O atleta, que defendeu a seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, teria trancado, agredido e estuprado a denunciante em um banheiro da área VIP da casa noturna. A denunciante procurou as amigas e os seguranças da balada depois do ocorrido. Material coletado encontrou vestígios de sêmen, tanto internamente quanto no vestido da denunciante.
A equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia catalã (Mossos d'Esquadra), que colheu depoimento da vítima. Uma câmera usada na farda de um policial gravou acidentalmente a primeira versão da vítima sobre o caso, corroborando o que foi dito por ela no depoimento oficial. A mulher também passou por exame médico em um hospital. Daniel Alves foi embora do local antes da chegada dos policiais.
Segundo a imprensa espanhola, a contradição no depoimento do lateral-direito foi determinante para o Ministério Público do país pedir a prisão e a juíza aceitar. No início de janeiro, o jogador deu entrevista ao programa "Y Ahora Sonsoles", da Antena 3, em que confirmou que esteve na mesma boate que a mulher que o acusa, mas negou ter tocado na denunciante sem a anuência dela e disse que nem a conhecia.
Defesa cita 'jogo erótico' entre brasileiro e suposta vítima
A defesa de Daniel Alves cita no recurso de apelação para pedir a sua liberdade provisória, apresentado à Justiça da Espanha dia 16 de maio, um eventual "jogo erótico" entre o jogador e a suposta vítima na noite do episódio.
No recurso, a defesa, encabeçada pelo advogado Cristóbal Martell, afirma que o relato da acusação apresenta "inconsistências e incoerências". É argumentado que Daniel Alves e a suposta vítima, enquanto estavam na área VIP da casa noturna, estavam em uma "realidade distinta" do cenário de medo descrito pela acusação à Justiça. Com base no material audiovisual coletado, os advogados brasileiro afirmam ser possível ver "claramente dois adultos desenvolvendo um jogo erótico, simulando um prévio coito".
"Se observa na denunciante, uma conduta abertamente sexualizada, própria de um galanteio sexual em fase de cortejo. Em algum momento, se vê a jovem colocando-se de costas ao atleta, contorcendo e roçando os glúteos em movimentos na zona pélvica do denunciado no ritmo da música", disse a defesa de Daniel Alves no recurso apresentado à Justiça.
Daniel Alves admitiu que houve relação sexual com a jovem que o acusa de estupro, mas afirma mais uma vez que o ato foi consentido. O brasileiro também afirma novamente que mudou sua versão sobre o ocorrido por diversas vezes para esconder a infidelidade da mulher, a modelo e empresária Joana Sanz, com quem está em processo de divórcio. A inconsistência no depoimento à Justiça foi citado como um dos motivos para prender o jogador preventivamente.
A defesa sustenta, ainda, que o risco de o brasileiro fugir da Espanha caso seja solto provisoriamente é "inexistente e impensável". O recurso cita que Daniel Alves tem um projeto de vida em Barcelona e que sempre quis que os filhos realizassem seus estudos universitários no país europeu. Dinorah Santana, agente de Daniel Alves e mãe dos filhos do atleta, se mudou recentemente para a Espanha com as crianças.