Caso Marielle: após delação ser homologada, defesa de Ronnie Lessa abandona o caso
Em nota, os advogados de Lessa disseram que, "por ideologia jurídica, nosso escritório não atua para delatores"
Os advogados de Ronnie Lessa, Bruno Castro e Fernando Santana, anunciaram nesta quarta-feira (20) que estão deixando a defesa do réu. Os criminalistas decidiram abandonar o caso após a delação premiada ser homologada pelo STF. Lessa foi acusado de matar Marielle Franco e está preso desde 2019.
A homologação da delação de Lessa foi anunciada nesta terça-feira (19) pelo Ministério da Justiça. O ministro Ricardo Lewandowski afirmou que não teve acesso ao conteúdo e que o caso tramita em segredo de Justiça. O ministro afirmou que resultados sobre o que foi apurado devem ser divulgados "muito em breve". Por fim, o processo está nas mãos de Alexandre de Moraes.
Em nota, os advogados disseram que, "por ideologia jurídica, nosso escritório não atua para delatores". Eles faziam a defesa do réu em 12 processos. Entretanto, em janeiro deste ano, a dupla já havia ameaçado abandonar a defesa caso ele demonstrasse interesse em fazer algum tipo de acordo com a polícia.
"Desde o primeiro contato deixamos claro que ele não poderia contar com o escritório caso tivesse interesse em fechar um acordo de delação premiada. Talvez, não por outro motivo que nós não fomos chamados por ele para participar do processo de delação firmado. Nesse cenário, apresentaremos renúncia ao mandato em todos os doze processos que atuamos para ele, ou seja, a partir de hoje não somos mais advogados de Ronnie Lessa", diz nota.
Em 2019, quando foi preso, Ronnie Lessa já havia sido informado sobre as condições ao contratar o escritório. Na época, os advogados não estavam ciente da possível delação. Em nota, Castro e Santana afirmaram, "em contato com membros da família do cliente, fomos informados que eles também não têm ciência da assinatura de qualquer acordo de colaboração premiada".
Morte de Marielle completou seis anos
Marielle e seu motorista foram assassinados na noite de 14 de março de 2018, quando o carro onde estavam foi fuzilado, no bairro do Estácio, na região central da cidade. Os dois acusados dos homicídios, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, foram presos em março de 2019, um ano depois do crime. Lessa é suspeito de ter efetuado os disparos e Queiroz, de conduzir o carro usado no assassinato.
No dia 13 de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma mensagem à Câmara dos Deputados pedindo urgência para votar o projeto que cria o Dia Nacional Marielle Franco de Enfrentamento a Violência Política de Gênero e Raça, que será celebrado em 14 de março. O projeto proposto pelo Palácio do Planalto tem o objetivo de "conscientizar a sociedade a respeito das violências sofridas pelas mulheres no ambiente político, em especial, mulheres negras".
O Instituto Marielle Franco organizou uma agenda cheia de eventos que foi realizada ao longo do dia, no Rio de Janeiro com a presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da vereadora. Pela manhã foi inaugurada escultura "Marielle Gigante", no Museu de Arte do Rio (MAR). Também pela manhã foi realizada uma missa na Igreja Nossa Senhora do Parto, próxima a estátua.
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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini