Caso Robinho: amigo do atleta citado em investigação de estupro trabalha no Instituto Neymar
Fabio Galan não foi julgado por não ter sido encontrado pela Justiça italiana; ele também atua como professor de educação física em SP
Um dos amigos de Robinho, citado no processo italiano que condenou o ex-jogador a nove anos de prisão por estupro coletivo, integra a equipe do Instituto Neymar Jr. Fabio Galan é um dos envolvidos na investigação que levou o atleta à prisão. A informação é do colunista Diego Garcia, do Uol.
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Galan não foi julgado ainda por não ter sido encontrado pela Justiça italiana. Professor de educação física pela Prefeitura de São Vicente, litoral de São Paulo, desde 2013, ele passou a atuar no instituto de Neymar em 2015, quase dois anos depois do crime ocorrer, em 21 de janeiro de 2013.
Conforme a denúncia do Ministério Público italiano, "Galan, Falco, Rudney e Clayton, depois de presenciarem o ocorrido, abusaram da mesma forma da vítima, obrigando-a a praticar relações sexuais orais e vaginais". A vítima também disse que o amigo de Robinho tentou beijá-la.
Conforme o depoimento, a denunciante foi levada à um camarim da boate em que estavam e disse que foi penetrada pelos homens 'um de cada vez'. Ela ainda disse se lembrar 'de ter acontecido uma relação oral com Galan e Rudney'.
Em contato com o Terra, na noite desta quarta-feira, a assessoria de imprensa do Instituto Neymar Jr. informou que atualizou todas as certidões de Galan e confirmou que não existe nenhum processo criminal em trâmite no Brasil envolvendo o seu nome. Ao UOL, a instituição informou confirmou que Galan trabalha desde 2015 no local.
"Preservamos os direitos e privacidade de todos. Como não fomos comunicados de qualquer procedimento, respeitamos o devido processo legal e a presunção de inocência, direito fundamental de todo cidadão. Ficamos à disposição", disse o instituto, segundo a publicação.
Na nota ao Terra, o Instituto Neymar Jr. ainda refutou as críticas sobre "não ter apreço pelas mulheres", destacando que a presidente da entidade é uma mulher, a mãe de Neymar, Nadine Gonçalves, e que mais de 1,6 mil meninas são beneficiadas pelo projeto. Além disso, a nota destaca as mulheres que compõem o setor de Recursos Humanos do instituto e de assistência social do grupo, e em números absolutos representam 87 das pessoas contratadas -- ante 67 homens.
"Em mais de uma década de atividade NUNCA, absolutamente, NUNCA, tivemos um caso de abuso contra as crianças, sobretudo as MENINAS, que nos enchem de orgulho", diz a nota.
Fabio Galan não foi encontrado pela reportagem. O espaço permanece aberto à manifestações.
Além de Robinho e Galan, outros quatro homens são mencionados durante as investigações: Clayton Santos, Rudney Gomes, Ricardo Falco e Alex “Bita” Silva.
Roninho foi condenado ao lado de Falco na Itália, mas só o ex-atleta cumpre a pena na penitenciária do Tremembé, em São Paulo. O julgamento de Falco já tem data marcada no Brasil. Clyton, Rudney, Alex e Galan deixaram o país antes de serem localizados pela investigação.
Apareceu em conversas com Robinho
A reportagem de Diego Garcia e Lucas Musetti também resgatou conversas entre Galan e o ex-jogador exibidas no podcast Os Grampos de Robinho. Eles teriam combinado versões para dar sobre o crime, dão risada e xingam a vítima. Nas conversas, o professor de educação física negou que tenha tido relações sexuais com a mulher pois, segundo ele, teve disfunção erétil.
A primeira vez que falaram sobre o estupro foi em janeiro de 2014, logo após o ex-jogador saber que estava sendo investigado. Conforme o site, os áudios estão no processo que condenou Robinho.
Veja trechos:
"Tô rindo de nervoso, cara. P*ta que pariu. A preocupação é contigo, neguinho", disse Galan. Robinho então responde: "O Alex falou: ‘neguinho, alguém gozou dentro, a mina tá grávida. Eu falei Alex, eu e Galan nem rangamos a mina, não tinha como, de p*u mole, eu broxei. Só que a mina falou que Clayton, Rodney e Alex pegaram à força", afirma.
Na sequência, o atleta afirma que acredita que quem ejaculou foi "Claytinho". Ambos riem 10 segundo sem parar, e depois falam sobre "combinar a mesma versão" do crime.
"A gente tem que combinar de falar a mesma versão todo mundo, cara. Não adianta mentir, não se envolver. 'Realmente, saiu eu, fulano e ciclano e ela foi por livre e espontânea vontade. Em nenhum momento ela chorou, nada disso, ela que chamou a gente'. Tem que meter assim. Mas mentir, falar que nem conhece? Acha que não tem câmera no negócio?", questiona Galan.
Robinho diz que pediram as imagens da boate e diz que está com "medo" de ir depor.
Em outro momento, o amigo do ex-jogador pergunta se ele "comeu essa piranha". "Não sei nem quem é, nem lembro dessa p*rra, se eu ver, nem lembro", argumenta o ex-Santos.
"Eu lembro dela. Lembro de outras vezes. Mas, no dia, foi o que tu falou mesmo, eu broxei, tu broxou. O Elton mais fumava que metia", acrescenta Galan.
Posicionamento do Instituto Neymar Jr
Em contato com a reportagem, o Instituto Projeto Neymar Jr afirmou, em nota oficial, "é uma associação civil privada sem fins lucrativos, constituída há mais de 10 Anos. Atendemos mais de 10 (Dez mil) famílias de forma direta e indireta, crianças, jovens e adolescentes.
Diante das informações publicadas pelo grupo de comunicação UOL e por seus colaboradores Sr. Arnaldo Tirone, Sra Milly Lacombe, Sr Walter Casagrande Jr e o Sr Diego Garcia, que atribuíram responsabilidades e fizeram juízo de valor sobre a postura do Instituto Projeto Neymar Jr e “condenaram” publicamente um dos seus colaboradores no contexto de que “não é necessário julgamento da Justiça para nenhuma pessoa, a pessoa é culpada e pronto...“, venho a público prestar os seguintes esclarecimentos:
Inicialmente fomos surpreendidos com a associação do Instituto Projeto Neymar Jr, inclusive atribuindo responsabilidades, em notícia veiculada na mídia afirmando que o sr. Fábio Cassis Galan figura como um dos suspeitos de participação nos eventos e fatos do processo envolvendo o atleta Robinho;
O Instituto Projetos Neymar Jr, por seu Departamento de Recursos Humanos, atualizou todas as certidões do seu colaborador e confirmou que não existe nenhum processo criminal em trâmite no Brasil envolvendo o seu nome, como se extrai das inclusas certidões. Informações, aliás públicas;
O Instituto Projeto Neymar Jr., numa demostração que a afirmação do Grupo UOL de que o INJr “não tem apreço pelas mulheres”, é presidido desde a sua constituição por uma MULHER, Sra. Nadine Gonçalves, que há mais de uma década dedica o seu tempo e esforço para cuidar sobretudo das atuais 1.062 MENINAS que são beneficiadas pelo projeto;
O Departamento de Recursos Humanos do Instituto Projeto Neymar Jr. é formado exclusivamente por MULHERES;
Do quadro de colaboradores, 87 são MULHERES, 67 são homens, todos com emprego formal, registro em carteira de trabalho e todos os benefícios legais;
Em mais de uma década de atividade NUNCA, absolutamente, NUNCA, tivemos um caso de abuso contra as crianças, sobretudo as MENINAS, que nos enchem de orgulho;
As profissionais de Assistência Social e Psicologia do nosso Instituto são MULHERES, todas dedicando seu trabalho na preservação dos interesses e direitos dos vulneráveis, sobretudo as nossas MENINAS beneficiadas pelo nosso projeto;
Todas as MULHERES que dedicam o seu tempo às mais de 2000 crianças do nosso Projeto, JAMAIS tolerariam que o Instituto Projeto Neymar Jr. fosse conivente, ou inerte, frente a qualquer violência contra as MENINAS do nosso projeto;
As nossas portas estão abertas para o veículo de comunicação UOL conhecer de perto o nosso Projeto. Por outro lado, em não havendo provas das ilações veiculadas, sobretudo pelas certidões apresentadas, solicitamos que o veículo se retrate no prazo de 24 horas acerca das injustas acusações perpetradas por seus colaboradores contra o Instituto Projeto Neymar Jr, sob pena de serem adotas as medidas legais cabíveis.
Eu, Altamiro Lopes Bezerra, piauiense, economista, especialista em finanças, Mestre em Direito Esportivo Internacional, que teve a mãe deixada pelo marido comigo em seu ventre, casado com a Dra Vanessa Garrido de Almeida Campos, minha ESPOSA, COMPANHEIRA, Mestre em Direito Esportivo Internacional e Administradora de Empresas lamento que um veículo de Comunicação como o Grupo UOL e seus colaboradores não prezem pela liberdade e presunção de inocência. São direitos e garantias constitucionais invioláveis. É inadmissível a condenação pela imprensa. O Grupo UOL e seus colaboradores não deveriam condenar as pessoas “no grito”. Caso tenham provas dos fatos noticiados, do processamento de qualquer um dos nossos colaboradores, da condenação de um deles, nossos canais de comunicação estão inteiramente à disposição. Uma vez comprovados não hesitaremos em adotar todas as medidas legais e reputacionais adequadas.
Por fim, fica aqui o meu registro pessoal de tristeza, pela forma como a imprensa tenta difamar a imagem de uma Entidade que se dedica com afinco à defesa dos interesses do vulnerável.
Altamiro Bezerra
Diretor Financeiro"