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Caso Vini Jr.: polícia poderá interromper jogos e esvaziar estádios na Espanha para combater racismo

Depois de grande repercussão de episódio envolvendo o brasileiro, Ministério do Interior concede maior autoridade às forças de segurança na atuação contra atos discriminatórios

3 jul 2023 - 10h26
(atualizado às 10h38)
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Após casos envolvendo o brasileiro Vini Jr., polícia poderá interromper jogos e esvaziar estádios na Espanha para combater racismo
Após casos envolvendo o brasileiro Vini Jr., polícia poderá interromper jogos e esvaziar estádios na Espanha para combater racismo
Foto: REUTERS / Isabel Infantes

A repercussão dos insultos racistas a Vinícius Júnior na partida entre Valencia e Real Madrid, no dia 21 de maio, resultaram em uma mudança importante no combate à discriminação na Espanha. O Ministério do Interior do país determinou que as forças de segurança vão poder interromper partidas e até mesmo esvaziar um estádio quando houver casos de racismo e xenofobia. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira pelo jornal El País.

Segundo a publicação, a polícia poderá orientar o árbitro "a não iniciar, a paralisar ou a suspender um jogo", de forma temporária ou definitiva, quando o caso de discriminação for considerado "grave". O esvaziamento do local pode ocorrer se as forças de segurança interpretarem a situação como sendo um "caso urgente de segurança pública ou de risco grave". Até o fim da última temporada, somente a arbitragem tinha o poder de interromper uma partida.

A nova instrução será enviada nos próximos dias à Polícia Nacional, à Guarda Civil e ao governo espanhol. Se paralisações provisórias não findarem o episódio de discriminação, a polícia poderá sugerir a expulsão dos torcedores para que a jogo prossiga ou a suspensão definitiva da partida. As medidas devem ser implementadas de maneira gradual e em comum acordo com os árbitros, mas uma decisão unilateral das forças de segurança está prevista caso "as chamadas para restaurar a ordem tenham sido esgotadas e quando não houver possibilidade imediata de tal restauração."

Vini Jr. foi chamado de "mono" ("macaco", em Espanhol) pela torcida do Valencia, em partida válida pelo Campeonato Espanhol. O brasileiro reclamou com o árbitro Ricardo de Burgos Bengoechea e o jogo foi paralisado por nove minutos. O confronto seguiu com o brasileiro revoltado e desestabilizado pelos rivais em campo.

Na reta final da partida, o brasileiro se desentendeu com o goleiro Giorgi Mamardashvili e acabou expulso por acertar a mão no rosto do atacante Hugo Duro, mesmo tendo levado um mata-leão do jogador adversário, que não foi focado pelo VAR. Ao deixar o gramado, o atacante fez um "dois" com os dedos, em referência à luta do time contra a queda para a Série B.

O incidente teve repercussão mundial após Vini Jr. criticar a LaLiga (organizadora do Campeonato Espanhol) pela falta de ações no combate ao racismo. O episódio gerou revolta no Real Madrid, cujo técnico Carlo Ancelotti dedicou sua entrevista coletiva inteira para falar sobre o caso de racismo ao fim daquela partida. A polêmica aumentou quando o presidente da LaLiga, Javier Tebas, criticou Vinicius por ter reclamado da postura da entidade diante dos casos de racismo.

Vini Jr. é sistematicamente perseguido por jogadores e torcedores adversário há pelo menos duas temporadas. O brasileiro alertou para a imagem que a Espanha passa para o exterior ao permitir que tais ataques aconteçam na maior competição esportiva do país. Após o caso, o Valencia foi multado e teve parte do seu estádio fechado. Três jovens foram detidos por insultarem o atacante e atualmente respondem por crime de ódio.

Estadão
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