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Cerimonialista de SP é rejeitada por noiva por ser negra: ‘Preferimos um time de pessoas brancas’

Ao Terra, Soraia Martins lamentou o caso e disse ainda estar digerindo a situação

25 nov 2024 - 20h19
(atualizado às 21h09)
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Cerimonialista de SP é rejeitada por noiva por ser negra: ‘Preferimos um time de pessoas brancas’
Cerimonialista de SP é rejeitada por noiva por ser negra: ‘Preferimos um time de pessoas brancas’
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Uma noiva de Piracicaba, no interior de São Paulo, foi denunciada por racismo após rejeitar uma cerimonialista negra devido à cor da pele dela. O crime foi cometido em uma conversa por mensagem em um aplicativo. A mulher escreveu que não contratou a profissional por preferir “um time de pessoas brancas”. 

Ao Terra, a cerimonialista Soraia Martins relata que as mensagens foram enviadas para uma colega, a celebrante Aline Ferreira, com quem a noiva tinha um contrato. Durante a conversa, a mulher pediu indicações de outros profissionais que faltavam ser contratados para o casamento e, entre os contatos enviados, estava o de Soraia.

Dias depois, Aline perguntou se a noiva tinha entrado em contato com os profissionais indicados. Neste momento, ela relatou que tinha conversado com as indicações, menos Soraia. 

“Só não chamei a Soraia, porque estamos preferindo um time de pessoas brancas. Não me leve a mal”, escreveu a noiva. 

A celebrante imediatamente repudiou a atitude e esclareceu que não trabalha com “racistas, homofóbicos e intolerantes”. A noiva tentou contornar a situação, afirmando que a avó era muito exigente e que não queria que as coisas fossem “misturadas”. Confira a mensagem completa:

Cerimonialista de SP é rejeitada por noiva por ser negra: ‘Preferimos um time de pessoas brancas’
Cerimonialista de SP é rejeitada por noiva por ser negra: ‘Preferimos um time de pessoas brancas’
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

"Tem muito mais racista do que eu imaginava"

Soraia conta que o caso aconteceu em setembro, mas que só tomou conhecimento algumas semanas depois, em outubro. “Eu encontrei a Aline por acaso numa lanchonete aqui de Piracicaba. [...] E aí, eu citei uma situação pra ela de uma amiga nossa, que está grávida, e estava recebendo uns olhares tortos porque tinha colocado tranças. E aí ela falou: ‘Ah, isso é de menos, você não sabe o que aconteceu’. Daí, ela contou o caso”, diz a profissional. 

“Na hora, eu ouvi assim, mas eu acho que não digeri com todo o impacto que teve. Fiquei processando aquela informação, demorou alguns dias [para entender]”, relata. 

Ela explica ainda que, durante este mesmo período, ocorreu um evento no segmento, porém, nem ela nem outros colegas negros tinham sido convidados. A sequência dos acontecimentos causou incômodo e a fez tentar denunciar o caso. Devido ao mês da Consciência Negra, um jornal local a convidou para falar sobre a representatividade negra, e Soraia aproveitou a oportunidade para comentar sobre o que aconteceu. 

“Na entrevista, o repórter perguntou se eu lembrava de algum fato [de racismo] recente. E logo me veio esse caso. Eu não imaginava que ia tomar tanta proporção”, relata. 

A cerimonialista Soraia Martins
A cerimonialista Soraia Martins
Foto: Reprodução/Redes sociais

Após o caso ter sido denunciado, Soraia diz ter visto comentários de ódio nas redes sociais e lamenta a situação. 

“Eu tô procurando não ficar lendo muito. Eu vi que tem muito mais racista do que eu imaginava. E as pessoas, assim, naturalizando a fala da noiva e até defendendo, falando que ela tem livre arbítrio para escolher quem ela quer. Lógico que ela tem, mas não é quem ela deve ou não escolher, mas, sim, ela não escolher por uma questão racista”, diz a profissional. 

De acordo com a profissional, o racismo na área de eventos acontece de forma velada. “Muitos acabam deixando de escolher a gente quando vê que é um negro que tá ali na foto, que está ali na página”, explica. 

Aline Ferreira, que foi quem estava conversando com a noiva, abriu um boletim de ocorrência contra a mulher. A noiva também abriu um processo por quebra de contrato, exigindo que ela pague uma multa pelo acordo desfeito, e danos morais. 

O que esperamos é que a pessoa seja punida pelo ato racista e que ela perca esse processo. Esperamos que e lei que existe seja executada”, torce Soraia. 

Como o nome da noiva não foi divulgado, o Terra não conseguiu localizar a defesa dela até a última atualização desta reportagem.

Fonte: Redação Terra
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