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Com terceiro governo Lula, Brasil chegará a 24 ministros negros desde a redemocratização

O presidente diplomado indicou cinco pastas a serem ocupadas por pessoas negras

30 dez 2022 - 13h37
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A imagem mostra as fotos dos ex-ministros negros, da esquerda para a direita, Luislinda Valois, Carlos Decodelli, Gilberto Gil e Elisa Lucinda
A imagem mostra as fotos dos ex-ministros negros, da esquerda para a direita, Luislinda Valois, Carlos Decodelli, Gilberto Gil e Elisa Lucinda
Foto: Imagem: Divulgação / Alma Preta

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva terminou de anunciar os 37 ministros de Estado para o mandato que se inicia no ano de 2023. Neste próximo governo, Lula terá cinco ministros negros. Com isso, Lula se torna o Chefe de Estado brasileiro com mais nomeações de negros desde a redemocratização. Se contar os dois governos que Lula assumiu e o que ainda irá assumir, o líder já teve 10 ministérios ocupados por pessoas negras. 

Na atual gestão, Lula terá a cantora e ativista Margareth Menezes como ministra da Cultura; Anielle Franco, ativista e fundadora do Instituto Marielle Franco, como ministra da Igualdade Racial; Silvio Almeida, professor, jurista e ícone da luta antirracista, no ministério dos Direitos Humanos; Marina Silva, que ocupará novamente o cargo de ministra do Meio Ambiente e Luciana Santos como ministra da Ciência e Tecnologia e Inovações, pernambucana, e engenheira por formação, foi deputada estadual e federal, prefeita de Olinda por dois mandatos e secretária de Ciência e Tecnologia. 

Desde o final da Ditatura Militar até 2023 o país terá ao menos 24 ministros negros. A Alma Preta Jornalismo selecionou os representantes ministeriais negros desde o período de redemocratização, a partir de 1990, com o governo Collor. A seleção foi feita de forma própria, ao observar as características fenotípicas de cada liderança. Todos os nomes foram checados um a um em sites oficiais, como os dos próprios ministérios, da presidência da República e da Câmara dos Deputados. Por falta de dados não foi possível checar o nome de oito pessoas.

Sabe-se que os ministérios são cargos que podem ser ocupados por várias pessoas durante algum mandato. Incluímos nas nossas listas, também essas pessoas, que circularam momentaneamente pela determinada pasta. 

Veja abaixo a lista de ministros negros brasileiros, com excessão dos anunciados este ano:

Governo Collor (1990 - 1992)

Não contou com participação de ministros negros

Governo Itamar Franco (1992 - 1995)

Não contou com participação de ministros negros

O rei do futebol, falecido nesta quinta (29), também fez carreira polítca e foi ministro do Esporte do governo FHC Foto | CBF

Governos Fernando Henrique Cardoso (1995 - 2033)

Pelé - O Rei do Futebol foi Ministro do Esporte do governo FHC em seu primeiro mandato. Em pouco mais de três anos à frente do ministério, Pelé levou como bandeira de sua gestão a modernização do futebol e a garantia dos direitos trabalhistas dos atletas profissionais, criando a Lei Pelé. Ele foi exonerado em 1998 e, na ocasião, o Ministério foi extinto pelo presidente.

Economista baiano e ministro do Transporte, Sérgio Oliveira Passos é referência na área Foto | Wilson Dias/ABr

Governos Lula (2003 - 2011)

Benedita da Silva - Foi também ministra da Secretaria Especial de Trabalho e Assistência Social no primeiro governo do presidente Lula. Em quarto mandato como deputada federal, foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de vereadora do Rio de Janeiro, deputada na Assembleia Constituinte de 1988, senadora e governadora do Estado do Rio de Janeiro. 

Gilberto Gil - Entre 2003 e 2008 e reconhecido artista ocupou o cargo de ministro da Cultura. Gil foi responsável pela implementação de políticas públicas para a promoção da diversidade artística, cultural e étnica, como os Pontos de Cultura, que valorizou a regionalidade. Gil foi muito criticado durante sua atuação, mas hoje é considerado o melhor ministro da Pasta na história. 

Orlando Silva - Foi ministro do Esporte e eleito deputado federal em 2014. Na Câmara dos Deputados chegou a ser presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara no governo Bolsonaro. Orlando é um ativista das causas negras e apoiador de diversos projetos que marcam a luta pela negritude no Congresso Nacional.

Marina Silva - Ela foi ministra do Meio Ambiente de 2003 a 2008, durante todo o primeiro mandato e parte do segundo governo de Lula.  Deputada federal eleita pela Rede em São Paulo em 2022, Marina também foi senadora, deputada estadual no Acre, seu estado natal, e vereadora em Rio Branco. Disputou por três vezes a Presidência da República

Paulo Sérgio Oliveira Passos - Em abril de 2004 foi escolhido para assumir o cargo de ministro do Transporte. Baiano de Muriti, formado em Economia pela Universidade Federal da Bahia, Passos é servidor público desde 1973, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) foi secretário adjunto da Secretaria de Orçamento Federal por seis anos.

Primeira reitora negra do Brasil, Nilma Gomes foi ministra da Igualdade Racial e Direitos Humanos Foto | Letícia Souza

Governo Dilma Rousseff (2012 - 2016)

Paulo Sérgio Oliveira Passos - Continuou atuando como ministro do Transporte

Orlando Silva - manteve-se no ministério do Esporte

José Henrique Paim - Escolhido como ministro da Educação, é natural de Porto Alegre formado em economia. Desde 2006, ocupava o cargo de secretário-executivo do MEC. Exerceu funções, dentre outras, como presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), no período de 2004 a 2006, e subsecretário da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CNDES/PR).

Luiza Barros - Foi ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial  entre 2011 e 2014. A gaúcha era radicada em Salvador desde 1979, onde atuou em movimentos como o Movimento Negro Unificado (MNU), em programas das Nações Unidas (ONU) contra o racismo, foi Secretária de Estado, implantou o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR). 

Nilma Lino Gomes - Assumiu o ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. É uma pedagoga, empenhada em causas raciais e professora emérita da UFMG. Foi a primeira mulher negra do Brasil a comandar uma universidade pública federal, ao ser nomeada reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.

Pioneira magristrada negra e referância internacional, Luislinda só ficou no ministério de Temer por um ano Foto | Marcos Correa /PR

Governo Michel Temer (2016 - 2018)

Luislinda Valóis - Grande nome do movimento negro brasileiro, Luislinda só ficou no cargo de ministra dos Direitos Humanos por um ano. Em 1984, foi a primeira negra a exercer o cargo de magistrado. Luislinda já foi homenageada e premiada em diversas esferas públicas e entidades no país e no exterior pelos projetos de inclusão e acesso à Justiça que desenvolveu.

Wagner de Campos Rosário - Auditor e ex-militar, Rosário assumiu a pasta da Controladoria-Geral da União interinamente em maio de 2017, depois da saída de Torquato Jardim e da recusa de Osmar Serraglio. Foi mantido no governo Jair Bolsonaro.

Marcos Antônio Pereira - O bispo e advogado foi ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. especialista em Direito e Processo Penal pela Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 

Carlos Nicodelli ficou conhecido como o ministro que freaudou o curriculo para entrar no governo Foto | Marcello Casal/Agência Brasil

Governo Jair Bolsonaro (2019 - 2023)

Wagner de Campos Rosário - Continuou no governo Bolsonaro

Carlos Decotelli - Assumiria o Ministério da Educação, mas caiu antes da posse. O economista ficou apenas cinco dias no cargo após ter descoberto a fraude de em seu currículo, onde mentiu sobre onde teria cursado doutorado e pós-doutorado e ainda trabalhado como professor.

Leia mais: Participação de mais de 120 países aumenta preocupação para posse de Lula

Alma Preta
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