Como envelhecer e manter sua mente ativa
Livro 'Mente Afiada', do neurocirurgião Sanjay Gupta, explica o funcionamento do cérebro e dá dicas para mantê-lo afiado ao longo dos anos
Um prédio histórico pode entrar em decadência pela ação do tempo. Ou então passar constantemente por um processo de manutenção e revitalização que lhe permitirá lidar melhor com o envelhecimento inevitável. É com essa imagem que o neurocirurgião Sanjay Gupta abre seu novo livro, Mente Afiada, que está sendo lançado no Brasil (Editora Sextante). O médico já ganhou prêmios como o Peabody e o Emmy por sua atuação na TV: ele é correspondente médico do canal de notícias norte-americano CNN.
O objetivo do livro é mostrar que é possível manter, em qualquer idade, um cérebro ativo: basta apenas reforçar constantemente seus alicerces. Como? Ele sugere, ao longo da obra, alguns caminhos possíveis, desfazendo mitos sobre o envelhecimento.
Nunca é tarde
A certa altura, o cérebro já não dá conta de aprender coisas novas? Bobagem, diz Gupta. "A combinação da memória com a possibilidade de gerar novos neurônios significa que continuamos a mudar as informações, a capacidade e a potência de aprendizagem do cérebro."
Movimente-se!
Gupta afirma que o exercício é "a única atividade comportamental cientificamente comprovada que provoca efeitos biológicos benéficos para o cérebro". Isso quer dizer na prática que realizar exercícios ajuda a preservar as funções do cérebro. E, além disso, pode ajudar a evitar pressão alta ou diabete, que aumentam a probabilidade de problemas como a demência.
Contra o estresse
A prática de exercícios físicos também ajuda, diz o autor, a lidar com o estresse. E isso é importante por uma questão química. Quando identifica situações de estresse, o corpo libera o hormônio cortisol - e pesquisas têm mostrado que o nível elevado de cortisol afeta negativamente a memória e a aprendizagem.
Palavras cruzadas
A ideia de que fazer palavras cruzadas ou atividades semelhantes mantém o cérebro jovem é, infelizmente, um dos mitos sobre o envelhecimento. "Elas só exercitam uma parte do cérebro, em geral a capacidade de encontrar palavras", diz Gupta. Tudo bem, por manter a mente trabalhando, palavras cruzadas podem reduzir o declínio da capacidade de pensar. Mas não é uma receita que sirva para todas as pessoas.
Ter um propósito
Manter a mente ativa é fundamental. Isso não significa jamais se aposentar ou seguir trabalhando para ocupar a cabeça. Mas é preciso "mexer o cérebro e exercitá-lo de forma a mantê-lo saudável". Para Gupta, é preciso encontrar um propósito. Qual? Ele sugere um exercício: tente se lembrar da última vez que se sentiu tomado por uma sensação de energia intensa, bastante estimulado. A resposta pode lhe oferecer pistas.
A importância do sono
Muita coisa acontece - e precisa acontecer - durante o sono. O corpo se reabastece de várias maneiras que afetam todo o funcionamento do cérebro, do coração, do sistema imunológico e todo o metabolismo. O sono muda com a idade, mas isso não significa que ele deva ter pior qualidade.
Como impedir que isso aconteça?
Gupta traz algumas sugestões. Tente dormir e despertar sempre no mesmo horário; acorde de preferência nos primeiros sinais de luz do sol; tome cuidado com o que bebe e come (café depois de certo horário, nem pensar); tome cuidado ao tomar remédios para dormir; elimine aparelhos eletrônicos do quarto; crie uma rotina que faça com que seu corpo se lembre diariamente de que é hora de dormir e vá se preparando para isso.
Saber relaxar
Sempre que possível, todos queremos relaxar. Mas é preciso aprender como fazer isso. E a principal lição é encontrar tempo e espaço para que isso aconteça. Mesmo durante um dia cheio de trabalho, passar alguns poucos minutos que sejam fora do computador, sem checar e-mails ou mensagens, já pode ajudar. E, se a mente começar a viajar, não apenas deixe: embarque com ela.
Mantenha-se conectado... em especial fora das redes
Uma pesquisa de 2016 mostrou que o isolamento aumenta em 29% o risco de doença cardíaca e em 32% o de AVC. A solidão acelera o declínio cognitivo em adultos mais velhos. Aqui, a sugestão é dupla: procure fazer parte de grupos, conecte-se a outras pessoas, e proponha-se, com elas, a realizar atividades desafiadoras.
O poder do toque
Estar com outras pessoas e compartilhar com elas um sorriso pode ser libertador, lembra Gupta. Assim como o toque: mãos dadas, abraços, um simples tapinha nas costas. Parece pouco. Mas o autor garante que não é. Tocar o outro, ele explica, é um modo de se conectar que evoca o desejo ancestral do ser humano de se proteger. E de se sentir parte de um grupo.