Como está o casal lésbico 60+ da Rocinha que encantou o mundo em série da Netflix
Eunice Lacerda e Jurema Gomes, juntas há mais de 45 anos, protagonizaram a série documental “Meu Amor: Seis Histórias de Amor Verdadeiro”
Eunice Lacerda e Jurema Gomes viram sua história de amor retratada em uma série documental da Netflix chamada 'Meu Amor'. Elas moram na Rocinha, uma das maiores favelas do Rio de Janeiro.
Juntas desde a década de 1970, quando homossexualidade ainda era classificada como uma doença pela OMS (Organização Mundial da Saúde), Eunice Lacerda, 62, e Jurema Gomes, 69, mostram a força do amor entre duas mulheres pretas e celebram a felicidade entre filhos e netos que criaram juntas.
Moradoras da Rocinha, uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, a história de amor entre elas já foi contada para o mundo. Em 2021, estrelaram a série documental “Meu Amor”, disponível na Netflix, cuja ideia era retratar relações duradouras em diferentes países e culturas.
Em entrevista ao Terra NÓS, Eunice, apelidada de Nicinha, conta que a exposição após a série não mudou a rotina da família e que, em casa, elas já eram assumidas há muito tempo. “[Desde o início da relação] a gente sempre andava de mãos dadas, ia para a balada e qualquer lugar juntas”, relembra.
“As pessoas nunca fizeram piada, nem nada. Acho que por causa da idade, do tempo que morávamos juntas [na Rocinha], sempre fomos muito respeitadas”, comenta Nicinha.
Lidando com as adversidades de maneira positiva, Nicinha conta que sempre foram parceira uma da outra em 45 anos de casamento, seja para realizar o sonho de construir casa própria, levar à uma consulta médica ou ir ao terreiro de Umbanda.
Sobre manter um relacionamento por mais de quatro décadas, o segredo, segundo Nicinha, é “muito amor, calor humano e discussões, que qualquer casal tem”. “A gente bate-boca e depois fica tudo bem. Se não tiver uma briguinha, não tem amor”, diz, aos risos.
Em 2023, o casal também participou do projeto Cidade 60+, no Rio, que organizou uma exposição sobre temas relacionados ao envelhecimento com saúde, qualidade de vida e dignidade.
Nicinha se diz feliz ao saber que sua história pode ter inspirado tantos outros casais LGBTQIA+ com mais de 60 anos. “Não precisa mais pensar para viver seu grande amor. Quando a gente ama, a gente luta até o fim. E é isso!”, finaliza.