Como são os casamentos em religiões de matriz africana
Com ritos próprios, as cerimônias são celebradas por autoridades religiosas, como yalorixás, babalorixás, mães e pais de santo
No Brasil, os casamentos em religiões de matriz africana são reconhecidos legalmente, realizados com ritos e elementos próprios de acordo com a crença. Os noivos normalmente usam vestes brancas e são purificados para a cerimônia, acompanhados por danças e músicas ritualísticas.
Os casamentos em religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé, são celebrados por autoridades religiosas e têm, sim, reconhecimento legal. Podem ser equiparados ao casamento civil, como em qualquer outra religião.
Segundo a Constituição Federal de 1988, “o casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei”, não especificando qual a crença. No entanto, nem todos os terreiros – onde tradicionalmente as cerimônias são celebradas – estão aptos a realizar casamentos.
Com ritos próprios e diversos, as cerimônias de casamentos em religiões de matriz africana são conduzidas por yalorixás e babalorixás, do Candomblé, e mães e pais de santo na Umbanda.
Casamento na Umbanda
No casamento umbandista, a figura dos orixás é bastante presente, além do caboclo, que é uma entidade espiritual. Na celebração, a mãe ou o pai de santo incorpora o guia-chefe da casa e faz a ponte entre a condição humana e o divino. É comum serem usadas velas, ervas, folhagens e flores para o ritual.
Durante a cerimônia, há cânticos próprios da religião, de acordo com a linha do ritual, evocando a energia das entidades, outros guias e orixás. Há saudações e orações em iorubá, uma das línguas africanas.
Importante dizer que na preparação do casamento, há a defumação do lugar e os noivos usam os seus colares, as guias, que representam a entidade ou guia espiritual de cada religioso.
Quais as vestimentas no casamento na Umbanda?
Todos os envolvidos na cerimônia podem usar branco e devem estar descalços, geralmente com roupas mais leves e informais. Também é possível trajarem as cores de seus pais de cabeça (o orixá da cabeça ou orí). Não é habitual o uso de véu e grinalda, nem terno e gravata.
Há troca de alianças, que são ungidas com azeite e entregue aos noivos para que um coloque a jóia no dedo do outro.
Assim como em casamentos católicos ou evangélicos, a celebração pode contar com a participação dos padrinhos. A ideia é testemunhar o ritual e levar boas energias aos noivos. Não há problema em convidar pessoas de outras religiões.
Casamento no Candomblé
No casamento candomblecista, as vestes também são livres, mas normalmente todos vestem branco. No lugar da marcha nupcial, entram as batidas do atabaque.
O casamento é um compromisso entre as divindades dos noivos, para além de uma união terrena. Antes da união, os noivos passam por um período de preparação espiritual, buscando equilibrar seu axé e realizar a purificação para a cerimônia.
Durante a cerimônia, são abençoados por um sacerdote ou sacerdotisa. Após receber a aprovação dos orixás, os noivos são ungidos com elementos naturais, como folhas e frutas. As oferendas de alimentos simbolizam a partilha e a comunhão com as divindades.
O casamento no Candomblé também é acompanhado por danças e músicas ritualísticas, que têm o poder de conectar os participantes ao divino.