Conheça 8 atletas trans que mudaram a história do esporte
Recentes mudanças de critérios por parte de federações podem excluir atletas trans das disputas
A decisão da Federação Internacional de Natação (Fina) de barrar a participação de mulheres transexuais que tenham completado a transição após os 12 anos, ou seja, tenham vivenciado a puberdade masculina, em competições internacionais reaqueceu a discussão a respeito da inclusão ou da discriminação de pessoas trans no esporte.
Além da Fina, a União Ciclística Internacional (UCI) também fez mudanças em suas diretrizes, limitando ainda mais a participação de atletas transexuais, e o órgão global da liga de rugby, a International Rugby League (IRL), foi ainda mais rígida: decretou a proibição de mulheres transgênero em partidas internacionais até que uma nova regra seja definida.
Na contramão, a Federação de Futebol da Alemanha (DFB) anunciou nesta quinta-feira (23) que pessoas trans, inter e não binárias poderão decidir por si mesmas qual categoria vão defender - masculina ou feminina.
Muitas outras federações de diversas modalidades devem ainda redefinir suas regras, afetando dezenas de atletas. Essas mudanças ocorrem depois de o Comitê Olímpico Internacional (COI) ter decidido que cada federação é responsável por estabelecer os critérios que envolvem a participação de atletas transgêneros e intersexuais, sob a alegação de que há um impacto diferente para cada esporte.
O Papo de Mina resgatou oito atletas trans pioneiras em suas modalidades, que quebraram barreiras e mudaram - e seguem mudando, em alguns casos - a história do esporte.
Confira a lista:
Sheilla Souza
Jogadora de futebol do Brasil, Sheilla foi a primeira mulher trans a jogar no feminino profissional. Atualmente está sem clube e trabalha em um salão de beleza. Em entrevista recente ao podcast do Papo do Mina, a goleira afirmou: “levanto a bandeira como se estivesse levantando uma caçamba cheia de cimento, mas tenho resistência de segurar com uma mão só a bandeira.”
Jayna Ledford
Bailarina desde os 6 anos de idade, Jayna chegou a estudar em uma academia da elite do balé, a Kirov Academy of Ballet. Entretanto, ao se declarar transsexual um ano antes de terminar o curso, perdeu a bolsa que tinha, direcionada a homens. Jayna já conquistou um Colin Higgins Youth Courage Awards por sua bravura e tem como sonho ingressar numa companhia profissional de balé.
Hannah Mouncey
Jogadora de handebol da Austrália, disputou o Mundial da modalidade pela equipe masculina em 2013 com o nome de Callum Mouncey. Em 2019, três anos após a transição, tentou participar da competição na categoria feminina, mas foi vetada pelas companheiras de time e ficou fora da convocação.
Rebecca Quinn
Jogadora de futebol do Canadá, ela foi a primeira atleta trans a conquistar uma medalha olímpica, bronze na edição Rio-2016. Mas foi apenas em 2020 que Rebecca, que hoje atua como meio-campo no OL Reign da National Women's Soccer League e defende a Seleção Canadense de Futebol Feminino, declarou que é uma pessoa trans.
Tifanny Abreu
Jogadora de voleibol do Brasil, ela foi a primeira mulher trans a disputar uma partida oficial da Superliga. Ela atua como oposto e ponteira no Osasco Voleibol Clube, e já esteve envolvida em polêmicas com o técnico Bernardinho e com a jogadora Tandara, que questionaram sua participação na categoria feminina.
Lia Thomas
Nadadora dos EUA, ela se tornou, em março deste ano, a primeira mulher trans a conquistar um título da National Collegiate Athletic Association (NCAA), liga universitária nos EUA. Sua vitória, porém, foi marcada por protesto das adversárias, que se recusaram a ficar próximas a ela no momento da foto no pódio.
Com a recente decisão da Fina, Lia Thomas não poderá mais disputar competições internacionais, incluindo a Olimpíada.
Charlie Martin
Piloto profissional do Reino Unido, ela já participou de diversas competições, como: Ginetta GT5 Challenge, British GT Championship, Michelin Le Mans Cup e outras. Hoje com 40 anos, Charlie iniciou sua transição em 2012, e foi a primeira pessoa trans assumida a disputar as 24 Horas de Nürburgring, em 2020.
Laurel Hubbard
Halterofilista da Nova Zelândia, Laurel quebrou um tabu ao ser a primeira mulher assumida transgênero a participar dos Jogos Olímpicos, na edição de Tóquio 2020. No entanto, Laurel não conseguiu participar da disputa por medalhas e, poucos dias após deixar a competição, anunciou sua aposentadoria.