Conheça a história das guerreiras de Daomé, samba-enredo de escola de SP
O reino africano, atual Benim, já teve trajetória apresentada no filme "Mulher Rei"
Em 2022, o Reino de Daomé, atual Benim, na África Ocidental, ganhou o mundo no longa "Mulher Rei", protagonizado pela atriz Viola Davis e, esse ano, ganha mais destaque para o público brasileiro no desfile da Escola de Samba Independente, do grupo especial paulista, que acontece nesta sexta-feira, 9.
O samba-enredo “Agojie, A Lâmina da Liberdade”, de composição de Maradona, André Diniz, Evandro Bocão e Chitão, canta "Esse encanto ronca em meu tambor, na essência de guerreiras, anciãs e feiticeira, guardiã de nossa gente".
E são as guerreiras de Daomé, conhecidas como Agojie, que serão celebradas na Sapucaí. O exército do reino africano, que esteve em atividade entre os séculos 17 e 19, teve seus primeiro registros em 1729, mas pesquisas apontam que foi formado no início da criação de Daomé, quando o rei Huegbadja, que governou por volta de 1645 a 1685, formou um corpo de mulheres caçadoras de elefantes.
Segundo o livro "Amazons of Black Sparta: The Women Warriors of Dahomey", (Amazonas da Esparta Negra: as Guerreiras de Daomé, em uma tradução livre), de Stanley Alpern, as guerreiras chegaram ao auge no século 19 durante o reinado de Ghezo, quando as caçadoras foram formalmente incorporadas ao exército de Daomé.
Até onde se sabe, as mulheres passaram a guerrear porque muitos homens haviam morrido nas guerras ou foram escravizados. O autor explicou para a revista "Smithsonian", em 2011, que as guerreiras eram esposas do rei, que não dormiam ou geravam filhos por não serem consideradas bonitas o suficiente, mas tinham o importante papel de proteção do soberano.
Recrutadas aos oito anos de idade, tinham uma vida celibatária, pois serviam ao rei e passavam por intensos treinamentos físicos. O exército das guerreiras Agojie era dividido em cinco frentes: artilharia, caçadoras de elefantes, mosqueteiras, lutadoras com navalhas e arqueiras.
Com o declínio do império na segunda metade do século 19, elas foram eliminadas pelo exército francês, que as considerava animalescas e vulgares. Os colonizadores também foram responsáveis por invisibilizar a história das mulheres e impedi-las, inclusive, de exercer papel importante nos países colonizados, atrasando em alguns séculos os direitos das mulheres no continente africano.