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Conheça a história de mulheres gordas e trans com carreiras de destaque

No mês da mulher, Renata, Dória e Bruna contam como enfrentaram o preconceito de gênero e a gordofobia

15 mar 2023 - 10h21
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“Ser travesti é um ato político”.
“Ser travesti é um ato político”.
Foto: Divulgação

O Dia Internacional da Mulher trás a oportunidade da sociedade discutir os direitos das mulheres e alertar sobre os graves problemas de gênero existentes no mundo. Entre as homenageadas deste dia está um grupo ainda mais marginalizado, o das mulheres trans.

A expectativa de vida deste grupo no Brasil, de acordo com o Conselho Nacional da Saúde, não passa dos 35 anos. Enquanto as demais mulheres vivem, em média, até os 74 anos de idade.

Algumas delas, além de todo o preconceito e violência vividos por conta da identidade de gênero, ainda passam por episódios de gordofobia. A seguir, gordas e trans relatam sua trajetória de vida e como obtiveram sucesso em suas carreiras.

“Não estou lá para cumprir nenhuma cota, estou lá pelo meu profissionalismo”

Além de todo o preconceito enfrentado por ser uma mulher transgênero, Renata viveu episódios de gordofobia na escola.
Além de todo o preconceito enfrentado por ser uma mulher transgênero, Renata viveu episódios de gordofobia na escola.
Foto: Divulgação

Renata Montezine, 32, modelo plus size, cresceu em um lar simples e amoroso em Francisco Morato, mas repleto de dogmas cristãos. Quando se entendeu como uma menina trans, ainda na adolescência, a mãe deixou todo o fundamentalismo religioso de lado e fez de tudo para que a filha, a quinta de seis filhos, tivesse sua identidade de gênero respeitada na família e no circulo social.

“Lembro de quando eu era criança e minha mãe foi brigar na escola porque insistiam em não me chamar pelo meu nome social. Fez toda a diferença para mim saber que mesmo tão simples meus pais tiveram a sensibilidade de me proteger e lutar pelos meus direitos como mulher trans”, recorda.

Além de todo o preconceito enfrentado por ser uma mulher transgênero, Renata viveu episódios de gordofobia na escola e entre amigos, que prejudicaram sua saúde física e mental.

Já adulta e decidida a não emagrecer para se enquadrar em um padrão, investiu na carreira de modelo plus size. Ela foi a primeira modelo trans e plus size brasileira, tendo estreado na passarela do Fashion Weekend Plus Size aos 24 anos.

“No começo, senti resistência de algumas marcas em me contratar, mas nas edições seguintes, fui uma das modelos mais requisitadas pelos estilistas. Não estou lá para cumprir nenhuma cota, estou lá pelo meu profissionalismo. Muitos nem sabe que sou uma mulher que passou por transição de gênero”, esclarece.

Atualmente, a modelo mora em Porto Alegre, é casada e investe na carreira de digital influencer.

“Quando a empresária está atento às necessidades à sua volta, as oportunidades acontecem”

Para Dória, a transição tardia aconteceu no momento certo.
Para Dória, a transição tardia aconteceu no momento certo.
Foto: Divulgação

“Quando trabalhava como vendedora de lojas, para outras pessoas, me sentia na obrigação de estar magra para me enquadrar no padrão rígido dos empregadores”, declara Dória Miranda, 50, proprietária de loja plus size.

Mas a gordofobia e a pressão estética a que sempre esteve submetida no comércio da moda, não foram os únicos percalços de Dória, que se assumiu gay na adolescência e foi expulsa de casa, vivendo nas ruas e passando por situações de extrema vulnerabilidade. Ela se manteve firme e ingressou no comércio como vendedora, ainda tratada pelo pronome masculino.

Foi só aos 36 anos que ela fez sua transição de gênero, a princípio questionada por seu empregador. “Mas quando ele percebeu que minhas metas de venda não mudaram em nada e que não fazia diferença alguma para nossos clientes, ele me apoiou e até me presenteou com um megahair”, recorda.

Para Dória, a transição tardia aconteceu no momento certo. “Eu confiei em boas pessoas e profissionais, busquei ajuda médica e psiquiátrica de qualidade”, explica. Com o tempo, começou a engordar e desistiu de se encaixar num padrão, assumindo suas curvas generosas.

Foi só em 2019, na véspera da Pandemia de Covid-19, que a veia empreendedora veio à tona e ela criou uma loja plus size que leva seu nome. “A minha loja surgiu da minha própria necessidade. Eu queria usar meia calça e não encontrava. Queria vestidos bonitos, roupas da moda e sentia muita dificuldade. Quando a empresária está atento às necessidades à sua volta, as oportunidades acontecem”.

Hoje sua loja reúne mais de 100 mil seguidores nas redes sociais e a modelo é a própria Dória. “As clientes querem me ver usando as roupas. Sabem que se a roupa vestir bem em mim, também ficará bonita nelas. Sou respeitada e nunca fui julgada por minhas clientes por ser uma mulher trans”.

“Ser travesti é um ato político”

Bruna, reconhecida legalmente como mulher, tem orgulho de se identificar como travesti.
Bruna, reconhecida legalmente como mulher, tem orgulho de se identificar como travesti.
Foto: Divulgação

Hoje, Bruna de Souza, 30, comemora seu primeiro Dia das Mulheres com a retificação de seu nome e gênero na certidão de nascimento.

Na escola, na periferia da zona leste de São Paulo, Bruna era alvo constante de provocações e ofensas por ser uma criança grande, gorda e afeminada. “Tive que cantar inúmera vezes ´gordo, baleia, saco de areia´ com a turma, fingindo que não me importava, desesperada para cessar o bullying”, relembra.

Desde o fim de sua adolescência e início da fase adulta, Bruna se identificava com o pronome feminino, mas para não ser julgada pela família, escondia. Apenas nas baladas, longe do olhar rígido do pai, é que ela se sentia livre para ser ela mesma.

E foi em uma dessas baladas, em um concurso de novos talentos, que ela decidiu investir na carreira de Drag Queen. Desde 2012, ela atua como Brunessa Loppez, se destacando com seu corpo gordo em um ambiente repleto de profissionais que se esforçam para caber em um manequim padrão.

Suas atuações e apresentações despertaram mais ainda a Bruna que estava escondida dentro dela. Foi só na fase adulta e já morando sozinha, que ela decidiu não mais se vestir com roupas consideradas masculinas no dia a dia e assumir para todos a sua identidade de gênero.

Isso lhe causou um distanciamento da família e falta de suporte. “Passei dificuldade, fiquei depressiva, não tinha nem o que comer. Minha avó sentiu que eu estava em perigo e foi me resgatar”, relembra.

Bruna considera que, atualmente, a sua relação com a família esteja ótima, porém seu pai e sua avó ainda continuam a chamá-la pelo antigo nome e pelo pronome masculino. “Eles tiveram pouca instrução, uma educação machista, mas eu os amo, são minha família”, afirma.

Bruna, reconhecida legalmente como mulher, tem orgulho de se identificar como travesti. “Antigamente, eram chamadas de trans ou transgênero, as mulheres que faziam a redesignação de sexo. Travesti sempre será um corpo marginalizado pela sociedade que ao mesmo tempo nos exclui, consome nosso corpo como objeto”.

Ela citou também, “Hoje, não é mais necessária a cirurgia de redesignação sexual para que uma travesti faça a retificação de seu nome, decidi me identificar como travesti pois nós travestis latinas nos empoderamos e resignificamos esse termo, ser travesti é um ato político”.

"Não tem diferença entre mulher cis e mulher trans", diz jovem :
Blog Mulherão
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