Conheça a história do time bicampeão mundial de futsal Down
Seleção brasileira existe desde 2011 e treina como os atletas profissionais sob o comando de ex-jogador do Corinthians
Pouco conhecida, a seleção brasileira masculina se tornou bicampeã mundial no campeonato de futsal para atletas com Síndrome de Down no último dia 10 em Lima, no Peru. O time jogou contra a Argentina e saiu vitorioso por 5 x 1, com vários destaques no time, como o artilheiro Júlio Silva, 18 anos, que marcou quatro gols, e o goleiro Rafael Sleiman, eleito o melhor goleiro. E não para por aí: o time conquistou o bi invicto – cinco vitórias em cinco jogos.
A história do futsal para atletas com Down no Brasil começou há 14 anos, com o ex-jogador do Corinthians, Cleiton Monteiro, que, depois de uma lesão, pendurou as chuteiras e passou a treinar atletas com Síndrome de Down. Ele fez uma parceria com a Associação Paradesportiva JR e o Corinthians e sua equipe virou uma referência para o segmento no país.
Em 2011, Monteiro montou a seleção brasileira, que conquistou o primeiro título mundial da categoria em 2019 contra a mesma Argentina. O sucesso da equipe, segundo ele, está muito atrelado ao tratamento que procura dar aos atletas, com treinamento o mais próximo possível do realizado por times profissionais.
Nos atletas com Down, o treinamento acaba trabalhando aspectos como saúde, pressão e responsabilidade, além de inclusão e participação da família. “Mais do que o orgulho e emoção de ver meu filho campeão, é saber e acreditar nas potencialidades e possibilidades que as pessoas com deficiência são capazes. É contribuir para quebrar paradigmas e dar visibilidade à diversidade e aos diferentes”, comemora Shisuka Sameshima, mãe do jogador Érico Haruo Sameshima Eda, de 29 anos, há nove na seleção.
Segundo Shisuka, o filho, que atua na defesa, participa de competições de futsal desde os 12 anos e pratica natação competitiva desde a adolescência. Érico trabalha há 5 anos em uma drogaria, faz curso de teatro e nas horas vagas gosta de ver filmes de terror e jogar videogame. "Ele adora se encontrar com os amigos, que geralmente são Downs tb, mas geralmente isso acontece nas nossas casas, infelizmente. Nem todos os pais sentem segurança em deixá-los se locomoverem sozinhos e, além disso, há uma dificuldade de construir amizades fora do círculo social deles", diz a mãe, que completa que o filho e os colegas de time se reconhecem como diferentes e percebem o estranhamento que causam ainda. "Mas os sentimentos, desejos, sonhos e ambições são iguais aos das outras pessoas. A deficiência é intelectual, somente", pontua.