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Conheça Billy Saga: Rapper paulistano que reivindica representatividade de pessoas com deficiência

'Não queremos ficar só num cercadinho na plateia', diz o artista que lançou nesta quinta-feira 'Da Rua Pra Lua', primeira música de seu quarto álbum

9 mar 2023 - 16h26
(atualizado às 17h34)
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Trecho do novo clipe de Billy Saga
Trecho do novo clipe de Billy Saga
Foto: Reprodução/Youtube

"Ser MC não foi algo que escolhi, mas sim algo que eu não conseguiria deixar de ser". É assim que o rapper paulistano Billy Saga se descreve. O artista de 45 anos lançou nesta quinta-feira, 9, Da Rua Pra Lua, a primeira faixa de seu quarto álbum, com estreia prevista para maio.

A faixa é uma colaboração com a cantora (e também esposa) Ju Caldas e retrata o companheirismo em um relacionamento. Da Rua Pra Lua também ganhou um clipe que espelha o relacionamento dos artistas por meio de filmagens do cotidiano.

"A primeira versão da letra estava muito filosófica. Bem poética e romântica, mas muito filosófica. Revimos e decidimos voltar pro simples. Meu receio de ficar muito no campo etéreo do relacionamento era que isso reforçasse o viés inconsciente de que a pessoa com deficiência não tem um relacionamento romântico, não beija e não transa. Os parceiros de pessoas com deficiência, quando não as tem, estão sempre fadados a serem vistos como cuidadores, amigos e nunca como homens ou mulheres, esposos ou esposas", explicou o músico.

Em entrevista ao Estadão, Billy explicou que, através de sua arte, visa trazer maior representatividade para a realidade de pessoas com deficiência. No que diz respeito a nova canção, ele comenta que decidiu abrir seu novo disco em um discurso sobre amor, pois é isso que "sintetiza toda atmosfera que envolveu a produção".

"Nada mais justo do que lançar uma música que exalta o amor no relacionamento humano. Essa foi a minha escolha. O disco não traz só musicas leves, mas achei que ter esse single como lançamento sintetiza toda atmosfera que envolveu a produção do disco, como o respeito e amor trazido pela Natura Musical ao patrocinar esse trabalho", disse.

Rap e vivências

MC e ativista, Billy Saga já lançou três discos durante sua trajetória na arte: Me Jogue aos Lobos e Eu Volto Comandando a Matilha (2012), As Ruas Estão Olhando (2016) e Corpo Intruso (2022).

Sua relação com a música é ancestral e, ainda que se descreva como eclético, tendo referências desde o rock ao samba, foi no rap que o músico encontrou pertencimento. No segundo ano do ensino médio, um amigo lhe emprestou dois discos de vinil dos Racionais Mc's e "daí em diante, minha vida mudou definitivamente".

Foi em Holocausto Urbano e Escolha o seu caminho que "eu encontrei o estilo musical que abordava todas as minhas indignações contra o sistema". "Eu não estava acreditando que havia alguém que tinha conseguido 'musicar' tudo o que eu sentia e pensava. Alguém que podia racionalizar aquele turbilhão de emoções acumuladas por uma década e meia", revelou.

Em 1998, Saga foi atropelado por uma viatura da Polícia Militar, que passou no semáforo vermelho. No acidente, ele teve sua coluna fraturada em três lugares, ficando paraplégico. Billy explica que, nesse período, as rimas se tornariam sua salvação.

"O rap é estilo musical que deu sentido para minha vida, quando tudo perdeu o sentido. É a arte que seguraria o ritmo do meu coração quando ele quase parou e a poesia que me daria esperança em enxergar a beleza da vida, mesmo quando o mundo desabou e tudo se mostrou trevas", refletiu.

O músico é presidente da ONG Movimento SuperAção e é tricampeão da Batalha Racional de Freestyle. Sua primeira turnê internacional foi setembro de 2016, com a qual percorreu as cidades inglesas Londres, Bristol e Newcastle.

Desde então, o rapper está focado em fincar seu nome na cena musical e trazer novas narrativas que contemplem mais diversidade nas rimas do gênero. "Não quero parecer com ninguém. Quero fincar a minha bandeira e deixar o meu legado musical. É o quarto disco da minha carreira e me vejo na minha melhor fase", alega.

"Sou o que sou e tenho orgulho disso. A deficiência é uma parte importante de mim, que me trouxe uma vivência que me faz estar aqui hoje. Hoje, temos poucos artistas com grande projeção que militam por essa causa. Não queremos ficar só num cercadinho na plateia. É arte de pessoa com deficiência para todos e não o contrário", conclui.

Estadão
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