Conselheira da OAB-SE que denunciou estupro por colega renuncia ao cargo: 'Profundamente decepcionada'
Bruna Hollanda apontou que a presidente da Comissão de Direito e Defesa da Mulher foi instituída como advogada do suposto agressor
Quase um mês depois de denunciar um colega por estupro, a advogada Bruna Hollanda anunciou sua renúncia ao cargo de conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil de Sergipe (OAB-SE), posição que ocupava desde 2022. Em um vídeo nas redes sociais, ela afirmou estar “profundamente decepcionada e indignada” (veja acima).
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O anúncio foi feito no início desta semana. De acordo com a advogada, ela não teria recebido acolhimento da instituição e chegou a sofrer tentativas de intimidação internamente.
"Finalizo minha participação profundamente decepcionada e indignada com a postura desrespeitosa, falaciosa, machista e perigosamente astuta. (...) Sou mulher, sou advogada, sou mãe, fui violentada covardemente, sou vítima de estupro, fui dilacerada no corpo, na alma e socialmente (...) Continuei calada e firme aguardando o acolhimento institucional que não tive até hoje", disse Bruna.
Ela apontou ainda que a presidente da Comissão de Direito e Defesa da Mulher, Flávia Elaine, foi instituída como representante do suposto agressor, o que ela considerou um “absurdo”. “Logo a maior e mais importante comissão, que representa várias mulheres, não pode me representar, logo eu, mulher advogada e conselheira”, destacou a advogada.
“Em nenhum momento foi feita uma campanha de ação institucional de apoio, preservação e acolhimento a mim e à minha família. Mesmo após o avassalador vazamento ilegal do inquérito para a mídia com exposição constrangedora de todas as provas, que incluíam fotos das minhas partes íntimas”, lamentou.
De acordo com a imprensa local, o caso aconteceu no fim do mês de janeiro, após um bloco pré-carnavalesco, em Aracaju. O suposto autor do crime seria um também conselheiro da OAB.
Em uma “carta aberta”, publicada nas redes sociais na terça-feira, 19, o presidente da OAB-SE, Danniel Costa, lamentou a renúncia e disse se solidarizar com a vítima. Ao lado dele, a secretária adjunta da seccional, Clara Alerte, afirmou ter tomado todas as medidas que estavam a seu “alcance”, entre elas, o afastamento do suspeito.
“Dentro da sua esfera de competência, a OAB adotou todas as medidas que estavam ao seu alcance, inclusive com instauração de processo disciplinar e imediato afastamento do conselheiro. No entanto, nada que a ordem fez e ainda fará será capaz de cicatrizar as dores vivenciadas por nossa colega”, disse Arlete.
A secretária afirma ainda que não faltará apoio psicológico e institucional e que permanece à disposição.
Como o nome do suspeito não foi revelado, o Terra não conseguiu localizá-lo para que possa se manifestar.