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Conselho de Ética da Câmara arquiva processo de cassação de Delegado da Cunha por agressão à esposa

Relator argumentou que não havia justa causa e sugeriu censura verbal: 'Nós não podemos apurar neste momento. Quem vai investigar é a polícia. Quem vai decidir é a Justiça'

15 mai 2024 - 13h02
(atualizado às 14h03)
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BRASÍLIA - O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara arquivou nesta quarta-feira, 15, o processo de cassação do deputado federal Delegado da Cunha (PP-SP) por suspeita de agressão à ex-companheira. O caso transcorria em caráter preliminar. Caso tivesse sido dado encaminhamento, o colegiado deveria reunir provas para dar um parecer definitivo sobre a perda do mandato.

O deputado federal delegado da Cunha (PP - SP)
O deputado federal delegado da Cunha (PP - SP)
Foto: PABLO VALADARES/AGENCIA CAMARA / Estadão

Da Cunha é acusado de agredir a nutricionista Betina Raísa Grusiecki Marques, de 28 anos, de acordo com o boletim de ocorrência registrado pela vítima. O relator do caso deputado Albuquerque (Republica-RR) votou pelo arquivamento sob o argumento de ausência justa causa e sugeriu censura verbal do parlamentar.

"Nós não podemos apurar neste momento. Quem vai investigar é a polícia. Quem vai decidir é a Justiça", disse o relator alegando que não poderiam "cometer um ato absurdo".

As agressões teriam ocorrido no dia 14 de outubro do ano passado em um apartamento em Santos (SP). Da Cunha comemorava 46 anos e estava bêbado, segundo a vítima. O deputado federal xingou a mulher, ameaçou matá-la e bateu a cabeça dela na parede por duas vezes. Betina relatou que foi enforcada e chegou a desmaiar devido aos ataques.

O programa Fantástico, da TV Globo, revelou imagens das discussões e do momento em que a agressão teria ocorrido. Da Cunha chega a afirmar durante a gravação que iria matar a companheira. Em outro vídeo, o parlamentar conversa com a mãe de Betina e pede que as filmagens em posse da família não fossem divulgados. "Esse vídeo acaba com a minha vida. Colocar um vídeo desse eu vou perder o mandato", disse o deputado.

Os relatos de Betina constam no boletim de ocorrência feito na Delegacia da Mulher de Santos. O Estadão teve acesso ao documento. Na delegacia, ela pediu que fossem adotadas medidas protetivas para que o deputado fosse mantido afastado dela.

"Hoje o autor, após consumir bebida alcoólica, promoveu uma discussão e atacou a sua honra, dizendo 'putinha, não serve para nada, lixo', passando a bater a sua cabeça na parede, e apertando o seu pescoço, vindo a vítima a desmaiar e, ao recordar, ele veio novamente em sua direção, e a vítima jogou um secador na cabeça dele, neste interregno, ele bate sua cabeça novamente na parede e disse: 'Vou encher de tiros a sua cabeça, vou te matar e vou matar a sua mãe', quebrando seus óculos e jogando cloro nas roupas da vítima", diz o boletim.

Estadão
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