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Copa do Mundo do Catar veta bandeiras LGBTQIA+ para 'proteger torcedores'

De acordo com o major-general Abdulaziz Abdullah Al Ansari, membro do comitê organizador do Mundial, país irá receber bem os casais homossexuais, apesar das leis os criminalizarem

1 abr 2022 - 12h34
(atualizado em 18/5/2022 às 17h24)
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"Reservem o quarto juntos, durmam juntos... Isso não é da nossa conta. Estamos aqui para gerenciar o torneio"
"Reservem o quarto juntos, durmam juntos... Isso não é da nossa conta. Estamos aqui para gerenciar o torneio"
Foto: iStock

A organização da Copa do Mundo do Catar, que será disputada entre novembro e dezembro deste ano, avisou nesta sexta-feira que não vai tolerar bandeiras de arco-íris, que representam o movimento em defesa dos direitos LGBTQIA+, nas arquibancadas dos oito estádios do Mundial. De acordo com um dos dirigentes do comitê organizador da Copa, a medida será tomada para "proteger" os torcedores.

Em entrevista à agência de notícias The Associated Press, o major-general Abdulaziz Abdullah Al Ansari afirmou que o país e a Copa vão receber bem casais homossexuais, apesar das leis criminalizarem a homossexualidade no Catar, mas não irão aceitar bandeiras que "promovem" o movimento.

"Se um torcedor levantar uma bandeira de arco-íris e eu tirá-la de sua mão, não seria porque eu quero ou porque estou insultando ele. Será para protegê-lo", disse Al Ansari, um dos principais responsáveis pela segurança da Copa do Mundo. "Porque se eu não fizer isso, alguém poderá atacá-lo... Não posso garantir o bom comportamento de todos. E vou dizer ao torcedor: 'Por favor, não é necessário levantar a bandeira neste local'".

O dirigente disse que "atos políticos" não serão permitidos nos estádios da Copa. "Percebemos que este torcedor comprou o ingresso para vir aqui assistir ao jogo, não para fazer uma demonstração ou um ato político ou qualquer coisa que esteja em sua mente", declarou. "Assista ao jogo. Isso é legal. Mas não venha aqui insultar toda a nossa sociedade por isso."

As declarações de Al Ansari contrastam com as palavras recentes do presidente da Fifa. Nesta semana, Gianni Infantino afirmou que "todos vão perceber serão muito bem-vindos aqui no Catar, mesmo nos casos de LGBTQIA+".

Al Ansari reiterou que não está rejeitando integrantes desta comunidade ou anunciando que não serão bem-vindos. "Reservem o quarto juntos, durmam juntos... Isso não é da nossa conta. Estamos aqui para gerenciar o torneio. Não vamos além das coisas pessoais individuais que podem estar acontecendo entre essas pessoas... Essa é a ideia. Aqui não podemos mudar as leis. Você não pode mudar a religião durante os 28 dias da Copa do Mundo."

A forma como torcedores homossexuais serão tratados no Catar é alvo de preocupação por parte de entidades ligadas ao futebol e ao movimento nos últimos meses. A rede FARE, que monitora eventuais casos de discriminação nos jogos, pediu que todos os torcedores sejam respeitados durante a disputa do Mundial.

Nesta sexta-feira, a rede rebateu as declarações de Al Ansari. "A ideia de que a bandeira, que é reconhecida universalmente como símbolo da diversidade e igualdade, será retirada das pessoas para protegê-las não será considerada aceitável. E será encarada apenas como um pretexto (para o preconceito)", afirmou Piara Powar, diretor executivo da FARE.

"Já estive no Catar por diversas vezes e não espero que a torcida local ou a população catariana ataquem alguém apenas por causa da bandeira do arco-íris. O maior perigo vem das ações do Estado", destacou Powar.

Estadão
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