Daniel Alves diz perdoar mulher que o acusa de agressão sexual
Preso na Espanha, jogador brasileiro disse que vítima fez denúncia por um "mau conselho"
Na primeira entrevista após ser preso na Espanha acusado de agressão sexual contra uma mulher de 23 anos, em dezembro de 2022, Daniel Alves afirmou que "perdoa" a vítima. O lateral disse acreditar que a jovem tenha feito a denúncia após receber um "mau conselho", e que está com a "consciência tranquila". Segundo o jogador, se soubesse da denúncia na noite, teria se apresentado à delegacia para esclarecer o caso.
Questionado sobre as diferentes versões que deu sobre o caso em depoimentos, Daniel Alves justificou que fez isso por amor à ex-esposa, a espanhola Joana Sanz. Ele afirmou que tentava manter o casamento de pé e pediu desculpas à ex. O atleta chegou a dizer que ainda está casado, mas pouco depois da denúncia, Joana anunciou a separação.
As informações são do jornal espanhol La Vanguardia, e foram colhidas na prisão onde Daniel Alves está aguardando o julgamento do caso.
Veja como foi o depoimento de Daniel Alves
Daniel se defende
"Bem, não importa quantas vezes eu pense sobre isso, eu também não sei. Ocorre-me que há alguém que lhe deu um mau conselho. Que ela se sentiu mal depois de fazer isso, que deu um passo à frente e que não sabe mais como sair da confusão em que se meteu e na qual me meteu. Apelo à sua consciência. Não houve uma única noite em que eu não dormisse em paz. Nem uma única noite. Estou com a consciência tranquila. Eu nunca machuquei ninguém intencionalmente. E nem ela naquela noite. Não sei se ela está com a consciência tranquila, se dorme bem à noite. Mas eu a perdoo."
Imagens mostram a vítima chorando
"Naquela manhã, quando a mulher com quem tenho um problema sai do banheiro atrás de mim, fico um pouco ao lado da mesa [...] Estou com meu amigo Bruno e outras pessoas me abordam antes de eu sair. Quando saio da discoteca pelo corredor de saída, fiquei sabendo pelas imagens que passo perto de onde a mulher está chorando. Eu não a vi. Se eu a tivesse visto chorar, teria parado para perguntar o que estava acontecendo. Se alguém responsável pela discoteca me pedisse para me esperar porque uma jovem alegou que eu a tinha agredido sexualmente, eu não iria para casa. Nessa mesma noite apareço numa delegacia para esclarecer o sucedido."
Relacionamento com a vítima
"Chegamos à Sutton [boate], à mesa que frequentemente nos era atribuída e, como sempre, o responsável pelo VIP abordou-nos a perguntar-nos se queríamos conhecer umas mulheres. Isso sempre acontecia quando eu não estava com minha esposa. Eu disse que sim e duas garotas se aproximaram primeiro. Mas nos incomodou que eles quisessem tirar fotos. Pedimos-lhes para sair. Nesse momento, três jovens passaram por nossa mesa e olharam para nós. Nós também. Elas estavam com alguns mexicanos, que me reconheceram. Elas não paravam de olhar para nós. Pedimos ao garçom que perguntasse se elas queriam vir. E elas vieram. Tomamos champanhe e nos oferecemos para pedir o que quisessem. A senhora com quem tive o problema começou a dançar bem perto de mim. Eu não me afastei."
Banheiro onde aconteceu o estupro
"Lá em cima é um espaço sem privacidade [local da boates onde havia sofás], tudo é aberto e sou casado. Fui primeiro ao banheiro e depois de um tempo pensei que ela teria mudado de ideia e não entraria mais. Estava demorando muito. Eu já estava saindo pela porta quando a vi se aproximar. Dei um passo para o lado, ela passou por mim e entrou no banheiro. Eu entrei atrás. Eu nem tranquei a porta. Ele sabia que Bruno [amigo de Daniel Alves] estava do lado de fora esperando que ninguém entrasse. Meu amigo sabia o que estávamos fazendo."
Forçar a vítima a atos sexuais
"Nada disso é verdade. Mas lá ela com sua consciência. Ela nunca me disse para parar. Ele também não fez nenhum gesto de querer ir embora. A porta ficava aberta o tempo todo, ele poderia ter saído porque eu estava sentada praticamente o tempo todo no vaso sanitário. Não sei quando ela tocou nesses lugares [digitais encontradas]. Mas nenhum desses movimentos que ela disse que eu a forcei a fazer é verdade e o arranhão é por ter permanecido de joelhos. Não há uma única marca em seu corpo que explique a violência com que ela diz que a movi no banheiro."
Versões diferentes nos depoimentos
"Se alguém já amou de verdade, se conheceu o amor verdadeiro como eu, saberá que para manter esse amor, faz-se qualquer coisa. E eu menti. Tive medo de perder a Joana e por isso menti. Lutei desesperadamente para salvar meu casamento da infidelidade, independentemente das consequências que estou pagando."
Desculpas à ex-esposa
"A única pessoa a quem tenho de me desculpar é a minha mulher, Joana Sanz. A mulher com quem me casei há oito anos, com quem ainda sou casado e espero viver com ela por toda a minha vida. Já pedi perdão pessoalmente a ela aqui, na prisão, mas devo fazê-lo publicamente, porque a história é pública, a ofensa é pública e ela merece essas desculpas públicas. Foram, estão sendo e serão dias muito difíceis para ela."
Entenda o caso
Uma mulher de 23 anos denunciou Daniel Alves por ter sido forçada a colocar a mão nas partes íntimas do jogador. Ela também relatou ter sido agredida e abusada por ele. O caso aconteceu em 30 de dezembro de 2022, na casa noturna Sutton, em Barcelona, dentro de um banheiro.
Na Espanha, a Lei de Garantia da Liberdade Sexual na Espanha prevê penas entre 6 e 12 anos para crimes desta natureza.
O julgamento de Daniel Alves foi agendado para entre outubro e novembro de 2023, segundo o jornal espanhol El Periodico.