Daniel Alves foi investigado por repartição policial especializada em agressões sexuais
Unidade Central de Agressões Sexuais (Ucas) tem 70% de sua equipe formada por mulheres
Assim que a polícia catalã (Mossos d'Esquadra) tomou ciência da denúncia contra Daniel Alves por agressão sexual, o caso foi encaminhado para investigação de uma repartição criada há poucos anos na Catalunha e cuja equipe é formada majoritariamente por mulheres.
De acordo com o jornal El Periódico, a Unidade Central de Agressões Sexuais (Ucas) é composta por 70% de funcionárias mulheres. A seção foi inaugurada em 2020 e tem 36 integrantes, sendo 22 mulheres.
A repartição investiga todos os tipos de agressões sexuais, aquelas cometidas por desconhecidos - que requerem investigações profundas para descobrir o autor do crime -, em grupo ou de forma seriada.
O local entende que ao receber mulheres vítimas de agressões sexuais o ideal é ter agentes mulheres para ouvi-las. Seria menos complicado para as denunciantes depor diante de policiais mulheres. Outro diferencial da Ucas é que a unidade prioriza o conforto da vítima, colhendo depoimento no local mais adequado e evitando deslocamentos para as etapas burocráticas de uma denúncia.
A imprensa espanhola questiona o que levou Daniel Alves a enviar um vídeo se defendendo das acusações ao programa Y Ahora Sonsoles, da Antena 3, poucos dias após o caso vir à tona. Entende-se que o jogador pode ter calculado que, diante da sua resposta, as investigações não ganhariam tanto vulto.
Entenda o caso Daniel Alves
A juíza Maria Concepción Canton Martín decretou a prisão de Daniel Alves na última sexta-feira. Ele foi detido ao dar depoimento sobre o caso de agressão sexual contra uma mulher na madrugada do dia 30 de dezembro. O Ministério Público pediu a prisão preventiva do atleta de 39 anos, sem direito à fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a detenção. A juíza argumentou na decisão de prender o jogador que existia o risco de fuga, uma vez que o atleta não mora mais na Espanha e tem recursos financeiros para sair do país a qualquer momento. Além disso, o país não tem acordo de extradição com o Brasil.
A acusação se refere a um episódio que teria ocorrido na casa noturna Sutton, em Barcelona. O atleta, que defendeu a seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, teria teria trancado, agredido e estuprado a mulher em um banheiro da sala VIP da boate, segundo o jornal El Periódico. Ela procurou as amigas e os seguranças da balada depois do ocorrido.
A equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia catalã (Mossos d'Esquadra), que colheu depoimento da vítima. Ela também passou por exame médico em um hospital. Daniel Alves foi embora do local antes da chegada dos policiais.
Segundo a imprensa espanhola, a contradição no depoimento do lateral-direito foi determinante para o Ministério Público do país pedir a prisão e a juíza aceitar. No início de janeiro, o jogador deu entrevista ao programa "Y Ahora Sonsoles", da Antena 3, em que confirmou que esteve na mesma boate que a mulher que o acusa, mas negou ter tocado na denunciante sem a anuência dela e disse que nem a conhecia.
No depoimento, porém, de acordo com os meios de comunicação da Espanha, o atleta afirmou ter tido relações consensuais com a mulher, cujo nome não foi revelado. O suposto crime sexual teria ocorrido num banheiro da área VIP da casa noturna. Segundo a rádio Cadena SER, imagens da vigilância interna do local confirmam que Daniel Alves ficou 15 minutos com a mulher no banheiro.
De acordo com o jornal El País, a mulher não quer ser indenizada e abriu mão de ser ressarcida financeiramente pelas lesões e também pelos danos morais por entender que o objetivo principal é fazer com que o atleta seja punido pelo ocorrido.
O Pumas, do México, anunciou na última sexta que o contrato de trabalho de Daniel Alves com o clube será rompido por justa causa.