Daniel Alves: jogador completa uma semana preso por suposta agressão sexual; veja cronologia do caso
Jogador brasileiro de 39 anos está na penitenciária Brians 2, em Barcelona, na Espanha, e nega as acusações; caso ocorreu na madrugada do dia 30 para 31 de dezembro
Daniel Alves completa nesta sexta-feira uma semana recluso na penitenciária Brians 2, em Barcelona. O brasileiro foi preso preventivamente, sem direito a fiança, no dia 20 de janeiro por suposta agressão sexual contra uma mulher de 23 anos na casa noturna Sutton, na cidade espanhola, e ganhou ampla repercussão nos últimos dias. O jogador de 39 anos nega as acusações.
A defesa do atleta anos tem até terça-feira, dia 31, para apresentar recurso na 15ª Vara do Barcelona e pedir a soltura provisória do cliente. O prazo foi estendido para dar tempo à nova equipe de advogados para revisar o caso que eles assumiram nesta quarta-feira no tribunal. O recurso é mais uma etapa de um processo complexo em que a nova defesa do brasileiro tentará redesenhar a estratégia.
Veja a cronologia do caso Daniel Alves
Dia 31 de dezembro
O jornal espanhol ABC, também reproduzido pelo Mundo Deportivo, publica que Daniel Alves teria cometido assédio sexual contra uma mulher na Sutton, em Barcelona. Segundo a publicação, o jogador teria colocado a mão entre as roupas íntimas da vítima, que procurou suas amigas e os seguranças da casa. A polícia foi acionada ao local, mas o jogador já havia ido embora.
No dia seguinte, o jogador voltou para o México para se apresentar ao Pumas.
Dia 5 de janeiro
Daniel Alves fala pela primeira vez sobre o episódio. Ao programa "Y Ahora Sonsoles", do canal espanhol Antena 3, o atleta confirmou que estava na Sutton no dia do ocorrido, mas negou a agressão e alegou que não conhecia a mulher.
"Primeiramente, gostaria de desmentir tudo. Eu estive nesse lugar (casa noturna), com mais gente, aproveitando. Todo mundo que me conhece sabe que eu adoro dançar. Eu estava aproveitando, mas sem invadir o espaço dos demais. Sempre respeitando o entorno", disse.
Na ocasião, a imprensa local já havia divulgado que as câmeras de segurança do estabelecimento flagraram ambos indo a um banheiro local. Daniel Alves sai primeiro e deixa a casa noturna. A mulher é vista chorando e é amparada pelas amigas.
"Quando você decide ir ao banheiro não precisa perguntar quem está lá também. Sinto muito mas não sei quem é essa senhorita. Não sei seu nome, não a conheço, nunca a vi antes na vida", alegou o jogador.
Dia 10 de janeiro
A Justiça da Espanha aceita denúncia contra Daniel Alves por suposto assédio sexual. O Juizado de Instrução 15 de Barcelona assume a investigação. Um dia antes, Daniel Alves entrou em campo pelo Pumas pela última vez. Ele foi o responsável por uma assistência na vitória por 2 a 1 sobre Juarez, pelo Campeonato Mexicano.
Dia 20 de janeiro
Daniel Alves se apresenta voluntariamente à polícia, na Espanha, para prestar depoimento sobre o caso. A juíza Maria Concepción Canton Martín, do Juizado de Instrução 15 de Barcelona, acata ao pedido do Ministério Público do país e decreta a prisão preventiva do atleta, sem direito a fiança. O jogador é levado para o Centro Penitenciário Brians 1, nos arredores de Barcelona. A requerente também depôs naquela data. A denúncia foi feita por ela contra o brasileiro dois dias depois após a suposta agressão.
Horas após o anúncio da prisão de Daniel Alves, o jornal El Periodico publica em primeira mão detalhes do depoimento da vítima. Segundo a denunciante, Daniel Alves flertou com ela e outras duas amigas. O brasileiro teria agarrado a mão da vítima e levou-a ao pênis, repetindo o gesto repetidas vezes, apesar de a jovem resistir. Depois, o jogador pediu para ela segui-lo e a levou ao banheiro da área VIP. A vítima denunciou que foi trancada no local pelo atleta, que a obrigou a fazer sexo e, quando ela resistiu, apanhou.
Foi revelado ainda que a mulher foi atendida em uma sala da boate e também foi recebida pelo responsável da casa noturna, que acionou a polícia e uma ambulância. Ela foi transferida para o Hospital Clínic, onde foram feitos exames médicos. Segundo fontes consultadas pelo jornal, o laudo médico afirma que há algumas lesões compatíveis com a agressão.
Daniel Alves, por sua vez, se contradiz e admite ter feito sexo com a denunciante, mas afirma ter sido consensual.
Dia 21 de janeiro
O jornal espanhol El Periódico publica detalhes sobre a primeira noite de estada de Daniel Alves no Brians 1. Segundo o jornal, a notícia da chegada do atleta correu rápido no local. Ele estaria abatido e sem pronunciar uma única palavra, conforme informaram agentes do presídio. Daniel Alves teve de usar as duchas coletivas do local, nas quais nem todas funcionam com água quente.
Na mesma data, o jornal El País informa que a vítima rechaça fazer um acordo com a defesa e ser indenizada por entender que o objetivo principal é a prisão do brasileiro. Ainda de acordo com a publicação, seu depoimento foi classificado como "contundente", "persistente" e sem contradições.
Dia 22 de janeiro
Uma nova publicação do El Periódico informa que as câmeras de vigilância da boate Sutton confirmaram que o jogador brasileiro esteve por 15 minutos no banheiro com a jovem que o denunciou. A rádio Cadena Ser então informa que o jogador solicitou um novo depoimento.
Até aquele momento, Daniel Alves já tinha dado três versões sobre o caso. Na primeira delas, o jogador disse que não conhecia a jovem de 23 anos. Posteriormente, admitiu que esteve com a mulher na boate mas sem relação sexual e depois confirmou que houve sim o ato sexual consentido entre os dois.
Dia 23 de janeiro
Daniel Alves é transferido do presídio Brians 1 para o Brians 2, que fica ao lado, para garantir a sua segurança e "convivência normal", segundo a imprensa espanhola. O local é conhecido por abrigar empresários, políticos e ex-policiais. A unidade ficou marcada palco da morte de John McAfee, criador do antivírus que leva o seu sobrenome, e abrigar o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell por quase dois anos.
Na data em questão, o diário El Mundo revela que a vítima descreveu que o jogador tinha uma tatuagem de meia-lua entre o abdome e as partes íntimas, que só poderia ser vista caso ele estivesse sem roupa. A descrição foi determinante para a prisão preventiva do atleta.
Dia 24 de janeiro
Daniel Alves contrata Cristóbal Martell, um dos advogados de maior prestígio da Espanha, segundo veículos de imprensa do país. Especialista em direito penal, ele já defendeu Barcelona, Lionel Messi e empresários e políticos importantes e representa o jogador brasileiro ao lado da advogada Miraida Puente Wilson, que já estava no caso de suposto abuso sexual a uma mulher de 23 anos.
Segundo o jornal La Vanguardia, uma das amigas que estavam com a vítima na boate Sutton afirma que Daniel Alves também passou a mão em suas partes íntimas, mas conseguiu se afastar do jogador. A declaração vai ao encontro do depoimento da denunciante.
Uma reportagem do El Correo diz que a polícia catalã (Mossos d'Esquadra) preparou uma "armadilha" para prender o jogador. A partir da oitiva de testemunhas e da vítima, além da coleta de provas, como as gravações das câmeras de segurança, foi possível traçar uma estratégia para que o atleta voltasse à Espanha e fosse detido. O plano contou com vazamento proposital de informações e oferta de reunião informal, que se mostrou fictícia e serviu para conduzir o jogador para atrás das grades.
Dia 25 de janeiro
É revelado que o primeiro depoimento da vítima ocorreu por acaso, por meio de uma câmera na farda de um policial que a atendeu na boate. A gravação acabou ajudando na sustentação da denúncia, uma vez que as falas da mulher de 23 anos se repetiram nos demais momentos em que foi ouvida pela Justiça catalã.
Na gravação, aparece a vítima chorando desesperadamente e repetindo que Daniel Alves a agrediu física e sexualmente. A mulher também se dizia envergonhada com a situação e se sentindo culpada por ter ido ao banheiro com o jogador.
A favor da vítima também estão oitivas de testemunhas que reafirmaram de forma convicta a agressão sexual sofrida pela mulher. Gravações das câmeras de segurança e materiais colhidos na cena do crime, como por exemplo sêmen, auxiliam na investigação de maneira contundente.
Na mesma data, Ester García López, advogada da mulher de 23 anos, afirma em entrevista ao Uol que a sua cliente está tomando um coquetel antiviral para evitar contaminação por infecções sexualmente transmissíveis. Ela aponta que a mulher foi agredida sexualmente pelo jogador sem uso de preservativo.
Dia 26 de janeiro
Lúcia Alves, mãe do jogador Daniel Alves, se reúne com advogados em Barcelona. Visivelmente abalada, ela não fala com a imprensa, mas balança a cabeça positivamente por mais de uma vez ao ser questionada se acreditava na inocência do filho. As informações são do jornal espanhol La Vanguardia.
O irmão do jogador, Ney Alves, também foi à Espanha. Em entrevista ao programa "Espejo Público", do canal Antena 3, ele afirma que Daniel Alves foi vítima de uma armadilha e que a família "não vai desistir" de tirar o atleta de 39 anos da prisão.
Dia 27 de janeiro
O canal espanhol Antena 3 noticia que a defesa de Daniel Alves sugere o uso de tornozeleira eletrônica para liberar o atleta da prisão preventiva. Outra alternativa seria a entrega do seu passaporte. O El Periodico, por sua vez, conta que o jogador mudou de versão diversas vezes para que a sua mulher, a modelo espanhola Joana Sanz, não soubesse da sua infidelidade.