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De excluídos à maioria: a história dos jogadores negros brasileiros na Copa

Desde a Copa do Mundo de 1994, nos EUA, jogadores negros são maioria nas convocações da Seleção Brasileira

8 nov 2022 - 12h46
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Imagem mostra jogadores da Seleção celebrando gol em amistoso preparatório para a Copa de 2022, contra Gana.
Imagem mostra jogadores da Seleção celebrando gol em amistoso preparatório para a Copa de 2022, contra Gana.
Foto: Imagem: Lucas Figueiredo/CBF / Alma Preta

A Copa do Mundo de 2022, disputada no Catar, será a 22ª edição com a participação da Seleção Brasileira, única a participar de todas as Copas. A edição atual do torneio será a oitava seguida com maioria negra entre os convocados, a última sem maioria negra foi a Copa de 1990, disputada na Itália.

Na história pentacampeã da Canarinho, como é conhecida, os jogadores negros sempre estiveram em destaque, mas a trajetória nunca foi fácil. Até nomes como Pelé conseguirem destaque internacional, os jogadores negros tiveram que lidar até com uma lei que proibia suas atuações.

No início do Século XX, o grande nome do futebol brasileiro era um jogador negro: Arthur Friedenreich. Ele era filho de uma lavadeira negra brasileira e um comerciante branco alemão, de quem herdou o sobrenome. El Tigre, como também era conhecido, fez história no futebol paulista, mas encerrou a carreira em um clube carioca: o Flamengo, seu time do coração. Extra-oficialmente, ele é o jogador com mais gols na história do futebol, com 1329 gols, 46 a mais que os 1283 marcados por Pelé. Entretanto, considerando apenas partidas oficiais, Friedenreich possui menos de 400 tentos marcados.

Apesar dos ótimos números, Friedenreich teve a carreira marcada por duas barreiras. A primeira, fruto de um ato racista, foi a proibição da convocação de atletas negros pela Seleção Brasileira. Por meio de uma Lei Federal, o presidente Epitácio Pessoa proibiu "negros e mulatos" de representar o país com a Canarinho entre 1919 e 1922. O atacante havia acabado de ser artilheiro do Campeonato Sul-americano de 1919, disputado no Brasil.

Os jogadores negros só puderam atuar pela seleção em 1922, após vexames nos Sul-americanos de 1920 e 1921. Ou seja, a autorização voltou a ser dada apenas por necessidades técnicas, já que vários dos grandes destaques nacionais eram negros.

O outro problema que Arthur Friedenreich enfrentou ocorreu às vésperas da Copa do Mundo de 1930. Ao perceber que a comissão técnica da seleção não tinha nenhum integrante paulista, Elpídio de Paiva Azevedo, presidente da Liga Paulista, impediu a ida de todos os atletas que atuavam no estado, o que fez com que El Tigre não tivesse a chance de disputar o mais importante torneio de seleções de futebol.

Nos dias atuais, os atletas negros seguem sendo destaque na seleção. Das últimas seis copas, contando com a Copa de 2022, o Brasil teve três jogadores negros com a camisa 10 em cinco edições do evento: Rivaldo (2002), Ronaldinho (2006) e Neymar (2014, 2018 e 2022). A exceção foi Kaká, justamente na única Copa disputada no continente africano, na África do Sul, em 2010.

Desde a Copa do Mundo de 1994, realizada nos Estados Unidos, a Seleção tem mais da metade do seus convocados formada por atletas negros. Na última edição onde negros foram minoria, em 1990, eles formavam 41% do elenco.

No período, atletas negros correspondem a 57% dos convocados pela Seleção Brasileira à Copa do Mundo. Entre estas oito edições, o time de 2010 foi o mais negro. Dos 23 convocados, 16 eram negros, o que correspondeu a quase 70% da equipe.

O torneio de 2022, no Catar, será o oitavo seguido com maioria negra. Devido à pandemia de Covid-19, a FIFA expandiu o limite de convocados para 26 jogadores, um aumento de três nomes em relação aos 23 possíveis nas últimas cinco copas.

Entre os 26 nomes, o técnico Tite convocou 15 jogadores negros: Daniel Alves (LAT, Pumas UNAM-MEX), Danilo (LAT, Juventus-ITA), Alex Sandro (LAT, Juventus-ITA), Bremer (ZAG, Juventus-ITA), Éder Militão (ZAG, Real Madrid-ESP), Thiago Silva (ZAG, Chelsea-ING), Casemiro (MEI, Manchester United-ING), Fabinho (MEI, Liverpool-ING), Fred (MEI, Manchester United-ING), Gabriel Jesus (ATA, Arsenal-ING), Neymar (ATA, Paris Saint-Germain-FRA), Raphinha (ATA, Barcelona-ESP), Richarlison (ATA, Tottenham-ING), Rodrygo (ATA, Real Madrid-ESP) e Vinícius Júnior (ATA, Real Madrid-ESP).

Dos 15, oito farão suas estreias em mundiais: os defensores Alex Sandro, Bremer e Éder Militão; o meio-campista Fabinho; e os atacantes Raphinha, Richarlison, Rodrygo e Vinícius Júnior.

O Brasil, que está no Grupo G, estreia na Copa do Mundo contra a Sérvia, no dia 24/11, no Estádio Lusail.

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Alma Preta
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