De maior público a atleta trans: as barreiras que a Copa Feminina 2023 derrubou
Diretor de futebol feminino da Fifa acredita que número de torcedores em estádios pode chegar a 1,9 milhão até a final, neste domingo, 20
A Copa do Mundo Feminina 2023, realizada na Austrália e na Nova Zelândia, não apenas atraiu um grande número de pessoas para os estádios, mas também se destacou por criar um legado de diversidade e provar que o futebol é um terreno fértil para a igualdade de gênero e inclusão.
A seguir, confira os grandes feitos da Copa do Mundo 2023:
Maior público
Um dos destaques do mundial foi a presença massiva de espectadores nos estádios e nas transmissões televisivas. Ainda no início da copa, o torneio já registrava um número de pessoas maior que todo o torneio de 2019, segundo levantamento da Fifa.
Só nos estádios, 1,222 milhão de torcedores foram ver os jogos nas fases de grupos. Na última copa, realizada na França, foi registrado um número de 1,1 milhão de pessoas nos estádios. Ainda sim, é importante lembrar que, em 2019, 24 seleções participaram da copa, totalizando 52 jogos. Este ano, 32 seleções participaram, registrando 48 jogos na primeira fase, até a final do torneio serão 64 jogos.
De acordo com o diretor de futebol feminino da Fifa Sarai Bareman a copa pode registrar um total de 1,9 milhão de torcedores nos estádios até a final. “O torneio foi incrível até o momento, superamos as expectativas em vários aspectos”, contou à AFP.
Primeira pessoa trans em uma Copa do Mundo
A Copa do Mundo de 2023 também marcou um passo significativo em direção à inclusão e à diversidade. Quinn, atleta da seleção do Canadá, é a primeira pessoa trans não-binária a participar de uma Copa do Mundo.
Atleta do OL Reign, Quinn também foi a primeira pessoa trans a ganhar uma medalha de ouro olímpica em 2021, nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Nas redes sociais, usa sua voz a favor da luta trans. "Acontece que foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. A jornada de todos é diferente e, para mim, seguir o caminho da afirmação da cirurgia me deu conforto, confiança e alívio", escreveu Quinn nas redes sociais após fazer cirurgia para retirar os seios.
Beijaço
Além da presença de Quinn, o gesto emocionante de uma jogadora, que celebrou a vitória de seu time com um beijo na namorada, transmitiu para todos uma mensagem poderosa de amor e aceitação. Alba Redondo, da seleção da Espanha, beijou a namorada após o time ganhar de 5 x 0 da Zâmbia.
A atacante Sam Kerr, da seleção australiana, também comemorou a classificação do seu time beijando a namorada, Kristie Mewis, jogadora da seleção dos Estados Unidos, que também participou do torneio.
Hijab
Nouhalia Benzina, da seleção do Marrocos, se tornou a primeira jogadora a usar o hijab na Copa do Mundo Feminina. A peça usada por pessoas da religião islâmica foi proibida de ser utilizada até 2012 pela Fifa.
A atitude de Benzina não apenas levantou a bandeira da inclusão religiosa, mas também destacou a importância de respeitar e valorizar diferentes formas de expressão cultural em um cenário global. Assmaah Heal, co-fundadora da Rede de Esportes das Mulheres Muçulmanas, disse à AP que a ação da jogadora pode inspirar outras meninas.
“As meninas vão olhar para Benzina e pensar: pode ser eu. Os formuladores de políticas, os tomadores de decisões e os administradores vão dizer também: precisamos fazer mais no nosso país para criar espaços abertos e inclusivos para mais meninas jogarem”, afirmou Assmaah Heal.
Árbitra brasileira
Dentre todos os feitos do futebol feminino na Copa do Mundo 2023, não podemos deixar de citar a árbitra brasileira Edina Alves, que foi homenageada pela Fifa nas redes sociais por atuar em sua segunda semifinal de Copa do Mundo.
Edina também tem um outro feito em sua carreira: é a brasileira com o maior número de jogos apitados em Copas do Mundo, com oito partidas em dois mundiais femininos. Ela ultrapassou um técnico homem, Carlos Eugênio Simon, que tem um total de sete jogos.
Técnica campeã?
Por fim, um dos maiores legados que a Copa do Mundo Feminina 2023 também poderia deixar, sem dúvidas, seria a consagração de uma técnica campeã. Apesar dos avanços e da evolução que o futebol feminino tem feito, o número de técnicas mulheres representam menos de 40% nesta Copa do Mundo. Das 32 seleções participantes, as mulheres estão em cargos de técnicas só em 12 delas.
Sarina Wiegman, técnica da seleção da Inglaterra, é a única mulher na final do torneio. Eleita três vezes como melhor técnica do mundo, ela é cotada para comandar a seleção masculina da Inglaterra. A final entre Inglaterra e Espanha acontece neste domingo, 20, às 7h, no Estádio Olímpico de Sydney, na Austrália.